A conjuntura política e internacional atual revela um cenário de grande preocupação e fragilidade, na visão de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO). Para ele, o governo Lula está seguindo “coordenadas erradas” tanto na política externa quanto na interna, o que pode levar a um “desastre monumental do ponto de vista político”.
A Ofensiva Imperialista e a Reação do Irã
Pimenta classifica o ataque de Israel ao Irã como um “crime criminoso” e uma ação do imperialismo, liderada por países como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos, e não apenas pelo sionismo. Ele acredita que o Irã tem “capacidade de resposta militar” e que o conflito pode evoluir para uma “guerra regional de grandes proporções”, envolvendo também Iêmen e as organizações de resistência iraquiana. Essa busca por guerra em todos os lugares é vista como um sinal de “fraqueza” do imperialismo, uma “jogada desesperada”.
Apesar de ser uma jogada desesperada, o imperialismo é “muito poderoso”, diz Pimenta, ressaltando que esse “animal acuado é muito perigoso”. Ele destaca que o ataque israelense ocorreu durante negociações entre Irã e EUA, configurando uma ação “traiçoeira” que também atingiu o governo Trump, que, segundo Pimenta, estaria sendo “engolido pelo imperialismo”.
Aliança com organizações criminosas
A postura do Brasil diante da crise internacional também é alvo de críticas. Pimenta questiona a proximidade do presidente Lula com líderes como o francês Macron, que apoia o ataque de Israel ao Irã e o genocídio em Gaza. Para ele, considerar esses países como “democracia no mundo” é um “erro grave”, pois são, na verdade, “organizações criminosas”.
A falta de ações concretas do governo Lula contra Israel, mesmo chamando os eventos em Gaza de genocídio, o torna “avalista desses crimes”. A não exigência da soltura do ativista Thiago Ávila, detido ilegalmente por “Israel”, demonstra uma “política de cumplicidade” do Itamaraty.
No cenário político interno, a “fritura” do governo
Internamente, o dirigente aponta que o julgamento de Bolsonaro é um “fiasco político”, pois não houve prova de crime, apenas discussões que não configuram ato. Ele considera que as ações do STF e de Alexandre de Moraes estão “caindo na conta do Lula de maneira muito pesada”. A burguesia estaria ativamente preparando a eleição, com o “Plano T” (com Tarcísio Freitas) para “tirar o Bolsonaro” e organizar uma candidatura competitiva.
Pimenta vai além e levanta a hipótese de que a burguesia queira “tirar o Lula da eleição”, fazendo sua popularidade cair para que o PT apoie um candidato de consenso da burguesia. Essa seria uma “manipulação judicial da eleição”, que visa afastar os candidatos populares e “obrigar” o eleitor a aceitar um nome sem voto.
Crise de popularidade e desastre na política econômica
A queda na popularidade do governo Lula, evidenciada por pesquisas como o Datafolha, é vista por Pimenta como resultado de “erros gravíssimos” e não de “mentiras” espalhadas. A política de ajuste fiscal, exemplificada pela taxação de compras internacionais de baixo valor (as “blusas”), é destacada como um “tiro no pé”. Essa medida “afetou a vida de milhões de pessoas”, representando um “balde de água fria na expectativa de que o Lula ia melhorar a vida da população”. A política, segundo ele, foi “totalmente sem pé nem cabeça” e não conquistou o apoio esperado da burguesia, que se mostra “ingrata”.
Para o presidente do PCO, o governo Lula está vivendo uma “ilusão de que a burguesia vai apoiar a próxima candidatura do Lula”. No entanto, a realidade é que a burguesia está “fritando o Lula”, e o movimento do presidente da Câmara, Arthur Lira, seria um sinal claro de que “a burguesia tá procurando aí fritar o governo do PT”.
O futuro e a necessidade de mudança
A sensação de “enxugar gelo” proclamada por Lula para caracterizar o próprio governo é real, pois ele “tá fazendo coisas que não dão resultado”, segundo Pimenta. A equipe do governo é vista como “muito direitista”, o que impede uma guinada na política econômica e uma mobilização em torno de reivindicações populares. O líder do PCO expressa a preocupação de que o governo esteja em um “ponto de não retorno” e duvida que o PT tenha “condições” de mudar sua política a tempo.
Pimenta enfatiza que o que vem “vai ser ruim”, e mesmo que Lula vença em 2026, seu governo não seria melhor do que o atual, podendo até ser derrubado. Para ele, a “via eleitoral para o povo brasileiro, com a crise do governo Lula, ela tá fechada”.
A solução está em “preparar o povo” e as organizações populares para “lutar em outro terreno”, pois “a eleição não vai salvar ninguém”. A “polarização política” que deve existir é entre a “classe operária e a burguesia, a polarização entre duas classes sociais antagônicas”.