A recente pesquisa Datafolha revelou uma queda acentuada na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acendendo um alerta dentro do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT). Em apenas dois meses, a aprovação do presidente despencou de 35% para 24%, marcando o pior índice de satisfação com Lula desde o início de seus mandatos presidenciais. O mais alarmante é que essa queda ocorreu exatamente entre aqueles que foram cruciais para sua vitória eleitoral em 2022: a classe trabalhadora, destacadamente, as mulheres e os nordestinos.
O impacto negativo desses números tem causado tensões dentro do PT, onde uma parcela significativa do partido agora defende uma guinada à esquerda para recuperar a confiança da base popular. Até mesmo setores da Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente majoritária do partido e base de sustentação do governo, manifestam descontentamento com a condução da política econômica e alertam para os riscos de permanecer atrelado à política de ajuste fiscal ditada pelo mercado financeiro.
Internamente, cresce a percepção de que o governo tem ignorado as dificuldades materiais da população e se distanciado das demandas concretas dos trabalhadores. A resolução do PT no final de 2023, que classificou o arcabouço fiscal como “austericídio”, já apontava o desconforto de setores do partido com a direção que o Ministério da Fazenda tem adotado. A recusa de Lula em autorizar novos cortes de gastos não é suficiente para conter a insatisfação, pois a permanência do ajuste fiscal já compromete o poder de compra da população e a capacidade do governo de atuar na melhoria das condições de vida.
No centro das críticas está o ministro da Fazenda Fernando Haddad, que tem conduzido uma política econômica voltada para atender aos interesses dos banqueiros e atacado duramente os setores mais pobres da população. Como destacou a colunista Vera Magalhães, essa linha adotada por Haddad já é contestada dentro do governo e por setores mais esquerdistas do partido. A insistência no compromisso com o “equilíbrio fiscal” e o atendimento das exigências do mercado tem impedido investimentos públicos essenciais para dinamizar a economia e gerar empregos.
A política econômica de Haddad reflete uma subserviência do governo à máfia do sistema financeiro, com foco em metas fiscais e contenção de gastos sociais, enquanto o povo enfrenta a escalada da carestia e toda sorte de pressões causadas pelo desemprego elevado. Esse modelo tem levado à estagnação econômica e aprofundado o descontentamento da classe trabalhadora, que vê sua condição material piorar sem perspectivas concretas de mudança.
Não por acaso, os setores do PT que defendem uma guinada à esquerda cobram medidas urgentes para reverter o quadro. O crescimento do emprego informal e a queda do poder de compra demonstram que a atual gestão econômica falhou em promover melhorias reais para a população. Se o governo Lula deseja recuperar sua popularidade, é necessário abandonar a ilusão de que é possível conciliar os interesses do mercado com as demandas dos trabalhadores.
A sobrevivência do governo demanda o rompimento com Haddad e os banqueiros, e a adoção de uma política econômica voltada para o crescimento da economia e para a melhoria dos padrões de vida dos trabalhadores. Isso significa, antes de tudo, substituir a atual equipe econômica. Haddad deve ser o primeiro a sair, seguido por Simone Tebet e todos os infiltrados dos banqueiros no governo Lula.
O governo precisa fortalecer seu compromisso real com o desenvolvimento econômico, necessário para a superação da crise de estagnação que já dura mais de uma década. Isso significa também aumentar a oferta de empregos formais, garantindo condições de trabalho melhores e assegurando salários compatíveis com a inflação real que os trabalhadores experimentam, em especial a alta nos preços dos alimentos, moradia e transporte. O Brasil não aguenta continuar refém de uma política que prioriza o “ajuste fiscal” enquanto a população passa fome e lida com condições de vida cada vez mais precárias.
O recado das pesquisas é claro: o governo Lula precisa mudar de rumo. Persistir na mesma linha que levou à atual crise de popularidade é um erro que pode custar caro em 2026, ou talvez antes. A solução não está em concessões ao mercado, mas sim em recuperar a confiança daqueles que elegeram Lula esperando uma transformação real.
Se o governo deseja evitar o desastre político, precisa agir imediatamente. E a primeira medida é demitir Haddad e sua equipe, abrindo caminho para um programa econômico voltado para os interesses da maioria do povo brasileiro.