Criado em 2003, no primeiro mandato de Lula, o Bolsa Família é apresentado pelo governo como “o maior programa de transferência de renda do Brasil, reconhecido internacionalmente por já ter tirado milhões de famílias da fome”. No entanto, seu valor atual de R$600 se tornou insuficiente diante da inflação e da alta dos preços dos alimentos.
Os dados oficiais de 2024 apontam que mais de 20,86 milhões de famílias, cerca de 54 milhões de pessoas, receberam o benefício. No total, o governo desembolsou R$168 bilhões para o programa. No entanto, a divisão desse montante revela uma dura realidade: a média por pessoa é de apenas R$259 mensais. Enquanto isso, os banqueiros e especuladores financeiros receberam cerca de R$2 trilhões no mesmo período – um valor 12 vezes maior –, mostrando quem realmente se beneficia das políticas de “transferência de renda” do governo.
O valor atual do Bolsa Família foi fixado ainda no governo Bolsonaro, em 2022, quando já era insuficiente para cobrir as necessidades básicas de uma família. De lá para cá, o preço dos principais alimentos subiu cerca de 30%, tornando a situação ainda mais grave. Atualmente, cada família beneficiada recebe cerca de R$20 por dia, valor claramente insuficiente para garantir alimentação adequada.
Para efeito de comparação, o salário-mínimo foi reajustado em 25,2% desde 2022, passando de R$1.212 para R$1.518. Se o mesmo critério fosse aplicado ao Bolsa Família, o valor já deveria estar em R$751,48, o que, ainda assim, continuaria abaixo do necessário para assegurar condições dignas de vida aos mais pobres.
Na última semana, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, declarou que existe um estudo para o reajuste do Bolsa Família. No entanto, a simples menção à possibilidade de aumento do benefício gerou uma crise dentro do governo. Imediatamente, os defensores da política de “ajuste fiscal” e “corte de gastos” se mobilizaram para desmentir Dias e acalmar o mercado. Entre os primeiros a rechaçar qualquer reajuste estavam os ministros Rui Costa e Fernando Haddad, que correram para garantir aos banqueiros que não haverá qualquer desvio na política de arrocho contra os mais pobres.
Essa situação escancara a submissão do governo a interesses financeiros, enquanto a população que mais precisa continua a enfrentar dificuldades extremas. A fome e a miséria não podem ser tratadas como números em uma planilha de economistas comprometidos com os banqueiros.
A única solução real para essa situação é um reajuste emergencial e imediato do Bolsa Família. O benefício deve, no mínimo, acompanhar o salário-mínimo, garantindo R$1.518 para cada família cadastrada no programa. A fonte desse dinheiro é evidente: basta cortar os privilégios dos banqueiros e redirecionar os recursos que hoje sustentam a especulação financeira.
O Brasil não pode continuar sendo um paraíso para bilionários enquanto milhões passam fome. O governo precisa agir agora, garantindo a sobrevivência da população mais pobre e enfrentando os interesses dos especuladores que drenam os recursos nacionais. Bolsa Família de um salário-mínimo já!