Ricardo Rabelo

Ricardo Rabelo é economista e militante pelo socialismo. Graduado em Ciência Econômicas pela UFMG (1975), também possui especialização em Informática na Educação pela PUC – MINAS (1996). Além disso, possui mestrado em sociologia pela FAFICH UFMG (1983) e doutorado em Comunicação pela UFRJ (2002). Entre 1986 e 2019, foi professor titular de Economia da PUC – MINAS. Foi membro de Corpo Editorial da Revista Economia & Gestão PUC – MINAS.

Coluna

Por que vocês não sabem do lixo ocidental?

O imperialismo ocidental, por alguns chamado de ‘mundo livre” é uma ditadura implacável

O imperialismo ocidental, por alguns chamado de ‘mundo livre” é uma ditadura implacável. Massacra a oposição, cancela e manipula eleições, produz guerras e genocídios em todos os lugares. A chamada elite ocidental é composta por ladrões (lembrem-se das reservas internacionais russas roubadas), assassinos (a lista é enorme) e censores de toda e qualquer manifestação do pensamento contra os mais torpes crimes contra humanidade e a roubalheira universal que faz das riquezas naturais dos outros países.

Nesse aspecto, nada ficam a dever as piores ditaduras nazistas que parecem ser uma fonte inesgotável de inspiração para os atuais trogloditas  ocidentais.  Vejamos algumas provas disto.

Recentemente, mais de 100 jornalistas da BBC escreveram uma carta ao editor Tim Davie, denunciando que a emissora, a maior defensora do tal “mundo livre”, se tornou o porta-voz dos genocidas de Israel. Ela também foi assinada por 300 outros jornalistas e profissionais da mídia, bem como pelos atores Juliet Stevenson, Jlaid Abdalla, Zawe Ashton e Miriam Margoyles. Detalhe: os jornalistas da BBC permaneceram anônimos, caso contrário, seriam certamente demitidos pelos “democratas” editores da BBC. Diz a carta:

“Estamos escrevendo para expressar nossa preocupação com as decisões editoriais opacas da BBC e a censura de suas reportagens sobre Israel / Palestina. Acreditamos que a recusa em transmitir o documentário ‘Gaza: Médicos sob fogo’ é apenas uma das muitas decisões tomadas por critérios políticos”. Isso prova, mais uma vez, que a BBC é adepta do método Parabólica, ou seja: quando se trata de Israel, o que é bom a gente divulga, o que é ruim a gente proíbe.  

A carta enfatiza que a cobertura da BBC sobre Israel e Palestina “não atende aos nossos próprios padrões editoriais”, com “uma lacuna entre a cobertura da BBC sobre o que está acontecendo em Gaza e na Cisjordânia e o que nosso público pode ver de várias fontes confiáveis, incluindo organizações de direitos humanos, funcionários da ONU e jornalistas no terreno”. É por isso que a carta faz uma denúncia incendiária: “Muitas vezes, acredita-se que a BBC está fazendo relações públicas para o governo e os militares israelenses”.

A emissora britânica concentrou repetidamente suas reportagens nas falsas declarações e alegações do Estado israelense, considerando-as críveis, apesar das evidências esmagadoras de que Israel constantemente mente e comete todos os crimes de guerra e crimes contra a humanidade imagináveis.

Candidatura de Marine Le Pen é cassada e investigadores invadem a sede do seu partido

Outra grande demonstração da “democracia ocidental” ocorre na França, onde a burguesia realizou uma revolução defendendo “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”. Recentemente o judiciário francês promoveu mais uma tramoia chamada de “lawfare”, ou seja, o uso da lei para perseguir inimigos políticos. 

Um tribunal francês considerou 20 membros importantes do Reunião Nacional, incluindo Le Pen, culpados de desviar fundos da União Europeia para o partido na França. A líder da ultradireita da França se tornou inelegível a cargos públicos por cinco anos. O veredito a impede de concorrer na disputa presidencial de 2027. Além disso, Le Pen foi condenada a quatro anos de prisão e a pagar uma multa de 100 mil euros. Metade da pena foi suspensa e  ela deve passar “apenas” dois anos em prisão domiciliar. O partido Reunião Nacional (RN) também foi multado em dois milhões de euros (US$ 2,16 milhões), metade dos quais foi suspensa. 

A acusação a Le Pen é uma “pedalada”, pois os partidos franceses têm representação parlamentar no Parlamento Europeu e podem, portanto, usar recursos destinados ao Partido pela UE para pagar assessores parlamentares. Não há como distinguir se esse trabalho de assessoria é feito para o Partido na França ou no Parlamento europeu. Está claro que se trata de uma operação política para impedir a candidatura a presidente em 2027. É a democracia, estúpido!

Os promotores pediram aos juízes que impusessem uma proibição imediata de cinco anos a Le Pen, independentemente de qualquer apelação, por meio de uma medida chamada de “execução provisória”. Normalmente, na maioria dos casos na França, as sentenças não são aplicadas até que um recurso tenha seguido seu curso. No entanto, se os juízes aplicarem uma execução provisória — como fizeram agora — a sentença começa imediatamente. É a mesma coisa feita no Brasil a Lula, quando foi preso antes do devido processo transitado em julgado, ou seja, antes que ele fosse oficialmente declarado culpado dos crimes que lhe eram imputados. A diferença é que Le Pen cumprirá até o fim seu mandato no Parlamento francês. E que poderá apelar da pena de prisão. O que não adianta muito, pois a justiça francesa também demora até anos para julgar os recursos.

Como se não bastasse, outro fato inédito aconteceu. Investigadores financeiros franceses invadiram a sede do partido de direita Reunião Nacional (RN) em Paris em 9 de julho. Seu líder acusou o governo de conduzir uma campanha de assédio. A busca teve como alvo documentos e comunicações relacionadas à campanha política do partido. De acordo com o presidente do RN, Jordan Bardella, a operação foi uma demonstração de força e  um golpe aos princípios democráticos. “Nada a ver com justiça, tudo a ver com política.”

O Ministério Público de Paris disse que a busca fazia parte de uma investigação sobre empréstimos que o RN recebeu de particulares. O partido teria se voltado para empréstimos privados depois de ter sido negado o financiamento bancário tradicional. As leis francesas de financiamento de campanha impõem limites rígidos aos empréstimos partidários, incluindo valores máximos e condições de pagamento. Os investigadores estão procurando por possíveis violações, mas não apresentaram nenhuma acusação. 

Imperialistas planejam deportação em massa de palestinos de Gaza

O maior espetáculo de “democracia” é, no entanto, mostrado pelo “povo escolhido” provavelmente pelo diabo com o genocídio em Gaza. É um genocídio democrático, pois todos os palestinos têm tratamento igual: negação de alimentos, remédios, água e destruição total de imóveis residenciais, hospitais, escolas, etc.

Mas há novidades no front. De acordo com o Financial Times, o projeto “Aurora” visa “realocar”, isto é expulsar de suas terras, mais de meio milhão de palestinos da Faixa de Gaza, oferecendo “pacotes de realocação” financiados por entidades estrangeiras. O BCG (Boston Consulting Group) é uma consultoria financiada e apoiada por empresas privadas de segurança dos EUA. Ela foi originalmente contratada pela Orbis, uma empresa de segurança da área de Washington, para participar de um estudo de viabilidade para uma nova operação de “ajuda humanitária”. A Orbis está preparando o estudo em nome do Instituto Tachlith, um think tank israelense.

O Governo de Gaza, eleito em 2006, é o Hamas. Depois de não aceitar esse resultado eleitoral, os países imperialistas, juntamente com o governo fantoche israelense impediram que houvesse eleições na Palestina. Muito democrático, para que eleições livres se se pode impor uma ditadura cruel e assassina com requintes de sadismo e cinismo para esse povo “maravilhoso” de Gaza?

O Governo de Gaza afirmou que “apesar de todos os crimes de guerra, fome, genocídio e deslocamento, nosso grande povo permanece enraizado em sua terra e não abrirá mão de seus direitos inalienáveis até que a ocupação israelense de todas as terras palestinas termine.”

A GHF é cúmplice de crimes de guerra

Criada em fevereiro com o apoio dos Estados Unidos e de Israel, a GHF(Gaza Humanitarian Foundation) é o braço executivo da Operação Aurora. Aparece como um mecanismo de distribuição de “ajuda” que começou a operar em Gaza em 27 de maio, após cerca de três meses de bloqueio israelense à entrada de “ajuda humanitária” na Faixa de Gaza. Aparentemente o único problema era a distribuição insuficiente de alimentos para a população de Gaza. Mas, como em um filme de terror, a população descobriu que junto com a comida o exército israelense comparecia para dar um tiroteio na população faminta. Somente o monstro norte-americano seria capaz de imaginar e executar algo tão sórdido e violento. Lembra as operações do exército norte-americano na guerra do Vietnã, que brindavam os vietnamitas com bombas como napalm e agente laranja e incendiavam aldeias inteiras de vietnamitas para que morressem queimados vivos. Os Estados Unidos, ou seja, o imperialismo norte-americano, foi o único, até agora, a usar bombas atômicas para aniquilar a população civil de duas cidades, com centenas de milhares de habitantes.

Respeitando sua índole capitalista de bárbaros, os estadunidenses criaram a GHF que é apoiada por empresas militares privadas que operam em centros de distribuição, como Safe Reach Solutions e UG Solutions. O modelo é de uma milícia nazista que, combinado com sua estreita colaboração com o exército israelense, a torna cúmplice do genocídio.

Forçar palestinos famintos a viajar longas distâncias através de zonas militarizadas para obter alimentos e arriscarem serem mortas pela IDFs é algo que só poderia ser projetado pelas mentes doentias dos militares norte-americanos e israelenses. 

Há um clamor mundial, debilmente divulgado pela ONU, contra esses espetáculos sangrentos de civis que não participam de atividades militares. A organização, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, é cúmplice dos crimes de guerra cometidos por ambos.

Desde 27 de maio, suas atividades criminosas resultaram na morte de perto de mil civis palestinos, ferimentos em 7000  outros e no desaparecimento de um número desconhecido de palestinos. Mais de 130 organizações humanitárias internacionais se recusaram a cooperar com o GHF, acusando-o de servir de cobertura para alvos militares israelenses.

O imperialismo tem um plano de guerra para o mundo e está executando-o de forma implacável, não vai ser impedido por apelos de instituições internacionais. Somente a confrontação de Israel com uma força militar importante é capaz de impor uma derrota essencial a este país minúsculo, de população menor que grandes cidades brasileiras, mas que tem uma capacidade militar ilimitada, pois além das armas fornecidas pelos Estados Unidos, Israel possui várias ogivas nucleares e que não terão escrúpulos de usá-la caso se sinta próximo de uma destruição total. A ação do Irã contra Israel mostrou que a possibilidade de destruição integral do país não é difícil. Uma coalizão militar internacional é a única ação que poderá finalmente derrotar Israel. Para a Humanidade, e não só para os palestinos, a possibilidade de sobrevivência depende, infelizmente, de uma guerra que pode resultar na destruição de todo o planeta. Mas é inevitável que ela vai ocorrer e o motivo disso são os países “democratas”. É preciso criar as condições para que as nações não imperialistas possam superar suas grandes diferenças e ponham em movimento um movimento internacional capaz de impor a derrota do imperialismo e seus lacaios. Estamos atrasados, pois os países imperialistas estão se armando, destinando recursos imensos para a produção de armas. É natural, pois, que quem quer a guerra se prepare para a guerra. Mas é preciso que quem quer a paz e um futuro para a Humanidade também se dedique à guerra. Se não, seremos derrotados e escravizados mais do que já somos.

Várias ações estão sendo desenvolvidas neste sentido e o maior exemplo é a inquebrantável decisão dos Houtis de enfrentar militarmente Israel. É importante, também, que as manifestações populares estão crescendo, atingindo até países árabes e orientais. Na França, O sindicato SUD Aérien Solidaires pediu aos trabalhadores do aeroporto Roissy-Charles-de-Gaulle, em Paris, que recusem a carga de equipamento militar com destino a Israel no voo AF966 da Air France. Em seu comunicado à imprensa, a SUD Aérien afirma que o carregamento era destinado ao exército israelense e pediu aos trabalhadores que não participassem “de forma alguma, em operações logísticas que possam contribuir para os crimes que estão sendo cometidos atualmente em Gaza”.

O SUD Aérien chama a situação na Faixa de Gaza de genocídio e considera que carregar equipamento militar em Israel equivale a contribuir para crimes. O sindicato também denuncia a atitude do governo francês, que acusa de negar a realidade dos carregamentos de armas para Israel. A CGT expressou seu apoio à iniciativa, declarando em uma mensagem que “um único trabalhador de Roissy nunca deve ser cúmplice, contra sua vontade, de um crime de guerra ou da transferência de armas para um Estado que viole o direito internacional”.

Na medida em que a classe operária em todo mundo adote ações semelhantes, em um movimento internacional, Israel ficará sem condições de manter a sua odiosa matança de palestinos em Gaza. No Brasil é preciso que se aumente a pressão sobre o governo brasileiro para que rompa relações com o Estado genocida. Lula tentou falar manso para o imperialismo, penalizar a Venezuela e fazendo acordos com a Europa, achando que ia fazer parte do clube. O super tarifaço de Trump, inclusive defendendo Bolsonaro, mostra que o imperialismo não quer aliados de dupla face, mas vassalos completos. Não é possível que sejamos obrigados pelo governo Lula de sermos cumplices das ações criminosas do imperialismo contra o mundo. É hora de romper com Israel no genocídio em Gaza. É hora de buscarmos os Brics, em especial a China, para exportarmos para lá os manufaturados que exportamos para os EUA Será o governo Lula ainda acredita no espírito “democrático” dos EUA e da Europa?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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