Imprensa brasileira

Para PIG, se é anti-imperialista, é ditadura; senão, é democracia

Tradicional inimigo dos trabalhadores, jornal Estado de São Paulo classifica ditaduras como democracia e regimes populares como autoritários

O jornal O Estado de S. Paulo frequentemente se posiciona como se fosse um bastião da defesa da “democracia e da liberdade”. Em seus editoriais, sempre vomitam palavras ao vento em defesa da santa democracia. No entanto, qualquer análise brevemente feita consegue identificar um padrão claro: regimes que entram em conflito os interesses dos Estados Unidos e de seus aliados são tratados como “ditaduras” ou ameaças à ordem mundial, enquanto governos submetidos à ditadura imperialista são exaltados como “democracias”, mesmo quando são totalmente autoritários e repressivos.

Essa dualidade não apenas expõe uma parcialidade ideológica, que a esse ponto já deveria ser sabida, mas também reforça o papel do Estadão como um veículo de propaganda da burguesia contra o Brasil. Em uma matéria veiculada na última terça (4), o jornal apresenta um mapa que classifica os países do mundo em termos de sistemas políticos, ideologias e graus de “democracia”.

Embora o autor comece dizendo que há uma complexidade de categorizar governos e a subjetividade das definições, no parágrafo seguinte ele esquece qualquer informação dita e se pauta no seguinte sistema binário: democracias liberais ocidentais são o modelo ideal, enquanto regimes que adotam posturas anti-imperialistas ou hostis ao neoliberalismo são rotulados como autocracias. Essa visão reflete diretamente a linha editorial do Estadão e de todos os jornais da burguesia, que usam “democracia” e “autocracia” de forma instrumental para legitimar ou deslegitimar governos com base em sua relação com o bloco imperialista.

Quando um país se opõe aos EUA, ele pertence ao “Eixo do Mal”, caso de Cuba. Apesar de avanços sociais em saúde e educação, Cuba é tratada como uma ditadura opressora. Há o caso emblemático em que, em certo programa da Globo, o apresentador, no intuito de criticar o regime cubano, defendeu que tal modelo político era um absurdo pois apenas “a saúde, a educação e a segurança funcionam, mais nada”.

Para a burguesia, isso de fato é irrelevante, pois lá não há um paraíso para os banqueiros e especuladores nadarem. O embargo econômico imposto pelos EUA raramente é mencionado como fator central para as dificuldades econômicas da Ilha.

No caso da Venezuela, o governo venezuelano é tratado ainda mais como símbolo do autoritarismo na América Latina. O Estadão ignora ou minimiza o impacto das sanções econômicas impostas pelos EUA e aliados, preferindo culpar exclusivamente o chavismo pelas crises internas.

Não há um debate sobre os direitos democráticos também. Um terceiro caso, também explorado pelo tabloide da burguesia, é o Irã, retratado como uma teocracia repressiva, raramente tendo suas complexidades políticas ou resistências ao imperialismo analisadas com profundidade.

Não há uma palavra sobre a revolução de 1979. O foco está sempre em sua oposição aos interesses do imperialismo no Oriente Médio. Esses países compartilham uma característica comum: resistem à submissão e à política de achaque imposta pela opressão dos monopólios. Para o Estadão, isso basta para serem classificados como “ditaduras”.

Na África, os recentes golpes militares em países como Mali e Burkina Faso têm sido tratados pelo Estadão como retrocessos democráticos, quando esses movimentos são fruto de um claro e crescente sentimento anti-imperialista e a rejeição à influência colonialista francesa na região. É uma expressão do nacionalismo popular causado por décadas da mais vil exploração.

A galinha dos ovos de ouro da vez para o imperialismo, porém, é a América Latina. Aqui está talvez o exemplo mais claro da parcialidade do Estadão. Governos progressistas ou de esquerda na região são associados a instabilidade ou autoritarismo, como o governo sandinista da Nicarágua, o governo popular de Evo Morales na Bolívia, onde o jornal imperialista apoiou o golpe de 2019 e a golpista interina Jeanine Añez, e o próprio Brasil, em que sob Lula e Dilma Rousseff, o jornal não poupou esforços para associar políticas progressistas e públicas como “riscos à democracia”. Vale lembrar que, para o periódico, Sérgio Mouro ainda é herói nacional.

Na Ásia, países que mantêm posturas mais independentes também são alvos fáceis: China e Coreia do Norte. Não há uma linha sobre o desenvolvimento econômico e humanitário do grande país asiático, enquanto os ataques e a história da Coreia sequer são lembrados. Já Arábia Saudita, uma monarquia absolutista, e “Israel”, que deixaria Adolf Hitler com inveja de suas práticas e faria o líder de bigode da Alemanha parecer humanitário, recebem críticas tímidas ou são tratados com indulgência.

Vale destacar que o Estadão não é apenas um observador passivo; ele desempenha um papel ativo na construção dessas histórias contra os regimes populares ou anti-imperialistas. Como veículo tradicional da burguesia brasileira, ao lado do O Globo e Folha de S. Paulo, por exemplo, está historicamente alinhado aos interesses econômicos da alta casta do imperialismo.

O jornal não só reforça as intervenções norte-americanas no Brasil, como transveste suas ações coloniais como democráticas, como se falassem em nome de soberania ou qualquer outra balela que estão longe de defender. O Estado de São Paulo, diuturnamente, ataca projetos nacionais independentes, ataca empresas nacionais produtivas, ataca políticas nacionalistas, ataca direitos democráticos, representando o que há de pior e mais vil em solo nacional. É preciso que fique claro: são porta-vozes do imperialismo e nada mais.

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