Brasil

Oito em cada 10 famílias estão endividadas

Enquanto banqueiros enriquecem, mais de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes

O Brasil acaba de atingir um marco histórico e devastador: mais de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes, com o nome sujo nos cadastros de proteção ao crédito. Isso equivale a 42,36% da população adulta — quase a metade do país está excluída do sistema financeiro formal e condenada à marginalização econômica. Se fosse uma nação, esse exército de endividados seria maior que a França ou o Reino Unido.

Divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, os dados revelam um aumento constante da inadimplência: 4,59% em comparação a abril de 2024, e 1,09% apenas no último mês. A crise atinge todas as regiões do país, com destaque para o Centro-Oeste, onde 46,12% da população adulta está negativada.

A inadimplência, porém, é apenas a ponta do iceberg. Segundo a Confederação Nacional do Comércio, quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas — seja com boletos, financiamentos, cartões ou crediários. Mais de 28% dessas famílias já estão inadimplentes, e mais da metade tem entre 11% e 50% da renda comprometida com dívidas. O comprometimento médio da renda familiar chegou a 30% em abril.

O valor médio devido por cada inadimplente é de R$4.689,54. As dívidas se concentram principalmente nos bancos, que respondem por 66,95% do total. Contas básicas, como água e luz, representam 9,78%; o comércio, 9,64%. Três em cada dez inadimplentes devem até R$500, mas quase metade já está endividada em até R$1.000. A faixa mais atingida é a de 30 a 39 anos, com 51,21% de negativados, e as mulheres são maioria entre os devedores (51,11%).

Apesar do discurso oficial sobre crescimento econômico, aumento da renda e redução do desemprego, a realidade é outra: o povo não sente nenhuma melhora. O “aquecimento do mercado de trabalho” não foi suficiente para conter a explosão do endividamento. Ao contrário: os altos juros, os preços nas alturas e os salários corroídos pela inflação compõem um cenário de desastre social. Basta um imprevisto — como uma doença, uma demissão ou o aumento do aluguel — para mergulhar milhões em uma bola de neve de dívidas impagáveis.

Esse colapso não é acidental. É fruto direto de uma política econômica neoliberal imposta há décadas, mantida por todos os governos e contra a qual, o presidente Lula nada consegue fazer para mudar. A chamada “inclusão pelo consumo”, promovida desde os anos 2000 com o incentivo ao crédito pessoal, foi vendida como solução mágica, mas resultou na financeirização da vida e no empobrecimento generalizado da classe trabalhadora. Entre 2003 e 2010, a oferta de crédito cresceu 306%, e a inadimplência explodiu.

No terceiro mandato de Lula, a dependência do Brasil ao sistema financeiro se aprofundou, embora não da forma brutal como feita pelos golpistas de Jair Bolsonaro e especialmente de Michel Temer. Preso ao arcabouço neoliberal e sem conseguir enfrentar a burguesia, o governo limita-se a medidas pontuais, sem romper com a política que favorece banqueiros e destrói a vida dos trabalhadores.

A dívida pública permanece sugando recursos dos serviços públicos e garantindo lucros astronômicos aos especuladores. Enquanto isso, o povo vê seu salário desaparecer e suas dívidas se acumularem.

O recorde de inadimplência é o retrato da falência da frente ampla e da completa submissão do país ao capital financeiro. O povo paga a conta da farra dos bancos, da austeridade e do livre mercado. Sem uma ruptura com essa política, o futuro reserva apenas mais miséria, mais exclusão e mais sofrimento para a maioria da população.

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