HISTÓRIA DA PALESTINA

O professor que apresentou a luta do povo palestino aos EUA

Intelectual palestino atuou na resistência durante a Nakba, formou-se nos Estados Unidos e colaborou com a OLP

Ibrahim Abu-Lughod nasceu em 15 de fevereiro de 1929, no bairro de al-Manshiyya, na cidade portuária de Jafa, que foi uma das primeiras a cair nas mãos das forças sionistas em 1948. Filho de um fabricante de metais que produzia armas para os combatentes palestinos da Revolta de 1936–39, foi exposto desde cedo à repressão do Mandato Britânico e à luta nacional. Seu pai chegou a ser preso diversas vezes, e sua fundição foi fechada mais de uma vez pelas autoridades coloniais.

Formado pela escola Amiriyya, Abu-Lughod atuou ainda adolescente na construção da primeira união estudantil palestina de caráter nacional, percorrendo diversas cidades para organizar os estudantes. Com a intensificação dos combates, passou a integrar o Comitê Nacional de Defesa de Jafa, ao lado de nomes como Shafiq al-Hout, armado apenas com uma espingarda de caça produzida na fundição de sua família. Com a queda de Jafa, fugiu da Palestina no início de maio de 1948, embarcando no último navio a sair do porto da cidade, rumo ao Líbano.

Após breves passagens por Beirute, Damasco e Amã, onde trabalhou como funcionário alfandegário e deu aulas particulares de inglês, obteve um visto para estudar nos Estados Unidos. Em 1949, viajou para Nova Iorque, estabelecendo-se depois em Chicago. Antes de se estabilizar na vida acadêmica, trabalhou em diversos empregos temporários: vendedor, operário metalúrgico, balconista e intérprete no serviço de imigração.

Estudou na Universidade de Illinois e mais tarde concluiu o doutorado em Estudos do Oriente Médio na Universidade de Princeton. No início dos anos 1960, foi contratado pela UNESCO no Egito, onde atuou na formação de funcionários públicos de países árabes em pesquisa social. Viajou por todo o mundo árabe e esteve regularmente na Cisjordânia ocupada.

De volta aos EUA em 1962, lecionou em faculdades como Smith College e, mais tarde, foi professor visitante na Universidade McGill, no Canadá. Em 1967, assumiu um posto permanente na Northwestern University, onde participou do programa de Estudos Africanos e organizou publicações acadêmicas sobre movimentos de libertação. No mesmo período, fundou e presidiu a Association of Arab-American University Graduates, que reuniu acadêmicos árabes radicados nos EUA em defesa da causa palestina.

Durante os anos 1970, passou a frequentar Beirute e os campos de refugiados palestinos no Líbano. Com apoio da UNESCO, propôs a criação de uma universidade aberta para palestinos, projeto interrompido com a invasão do Líbano por ‘Israel’ em 1982. Durante o cerco a Beirute, Abu-Lughod permaneceu na cidade até a evacuação das forças da OLP.

Nos EUA, realizou uma série de palestras sobre o cerco e, em 1988, participou de uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, George Shultz, ao lado de Edward Said, para discutir uma possível participação palestina nas negociações propostas pelo imperialismo após a eclosão da Primeira Intifada.

Com problemas de saúde no início dos anos 1990, decidiu considerar um retorno permanente à Palestina. Em 1991, visitou diversas cidades palestinas, incluindo Gaza, Nablus, Ramala e Jerusalém.

Estabeleceu-se definitivamente na Palestina em 1992, assumindo um posto na Universidade de Birzeit, onde foi vice-presidente acadêmico e coordenador da criação de um currículo escolar nacional, com apoio da UNESCO e do governo italiano. Entre 1995 e 1997, dirigiu o centro responsável por esse trabalho.

Em 1998, foi criado o Instituto de Estudos Internacionais de Birzeit, que recebeu seu nome. O centro oferece um mestrado interdisciplinar em ciência política e relações internacionais voltado para a formação de quadros com compreensão estratégica da luta palestina.

Abu-Lughod faleceu em Ramala em 23 de maio de 2001, durante a Segunda Intifada. Apesar dos bloqueios, seu corpo foi levado a Jafa, onde foi enterrado ao lado de seu pai e de seu irmão. Ao longo de mais de cinco décadas, dividiu-se entre o trabalho acadêmico e a atuação política em defesa dos direitos do povo palestino, tanto no mundo árabe quanto nos Estados Unidos.

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