O governo do criminoso e sionista primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é um instrumento direto do imperialismo trumpista, que finge de pacifista para implantar uma nova fase imensamente cruel do genocídio em Gaza. É significativo que foi pouco tempo depois da posse de Trump no governo norte-americano que o pretenso cessar-fogo se transformou no atual rito macabro de fome, doença e morte por desnutrição em Gaza. O bloqueio total de alimentos, água, remédios e combustíveis começou em 2 de março. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 50 crianças morreram de fome desde então. A agência de defesa civil de Gaza relatou que as mortes de crianças por fome estão aumentando, com três bebês morrendo de desnutrição somente na última semana. “Esses casos devastadores não foram causados por bombardeios diretos, mas pela fome, pela falta de leite em pó e pela falta de assistência médica básica”, disse Mahmoud Bassal, porta-voz da agência, à Agence France-Presse.
A mãe de um menino de quatro meses em Deir el-Balah foi vista “tocando seu corpo e dizendo: ‘Sinto muito por não poder alimentá-lo'”, após a morte do bebê por desnutrição no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa. Uma menina de quatro anos, Razan Abu Zaher, também estava entre os palestinos que morreram de fome, sucumbindo a complicações da desnutrição em um hospital no centro de Gaza. Sua mãe, Tahrir Abu Daher, disse que não tinha dinheiro para comprar leite, cujo custo disparou em Gaza devido ao bloqueio, quando disponível.
Antes de Israel iniciar o violento e intenso bombardeio por aviões de caça F-35 fornecidos pelos EUA, Gaza recebia, em média, cerca de 500 caminhões de ajuda humanitária para alimentar a população de mais de dois milhões de pessoas. Tal volume já não era suficiente para fornecer o número mínimo de calorias necessárias para a sobrevivência normal da população. Desde maio, Israel deixa entrar cerca de 50 caminhões por dia. Desde então, assiste-se em todo o mundo às imagens de multidões de crianças e adultos andrajosos e famintos, correndo desesperados para conseguir comida, geralmente farinha, numa crise de total e única responsabilidade do governo sionista de Israel. Segundo a UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos, há alimentos suficientes para toda a população de Gaza. Eles estão armazenados há mais de três meses, totalmente disponíveis e operacionais.
O Programa Mundial de Alimentos declarou que as pessoas estão completamente transtornadas, em altíssimos graus de desespero. Segundo a agência da ONU, “a desnutrição está aumentando e 90.000 mulheres e crianças precisam de tratamento urgente. Quase uma em cada três pessoas está sem comida há dias.” Não é somente necessário que haja alimentos, mas que eles sejam distribuídos de forma maciça e regular, todos os dias, para que a fome ceda e as pessoas possam acreditar que mais alimentos chegarão sempre.
Sangue, tiros e lágrimas
É sabido internacionalmente que o governo Netanyahu, com cumplicidade direta e total do governo Trump, criou uma forma violenta e sádica para distribuir os alimentos. Toda vez que há a distribuição, as forças armadas israelenses abrem fogo contra a multidão faminta, provocando a morte de muitos palestinos que foram para ali atraídos pela oferta de alimentos.
Tudo isto é resultado da atuação da Fundação Humanitária de Gaza, uma empresa capitalista patrocinada por Israel e pelos Estados Unidos e cujos agentes são guardas de segurança americanos. Ela impede que os antigos grupos pacíficos de distribuição de ajuda continuem funcionando e viabiliza a morte de centenas de palestinos pelas forças israelenses enquanto tentavam acessar alimentos nos postos de assistência e postos de fronteira da organização.
Em geral, a rotina é a mesma: pouco depois de passar pelo último posto de controle, o comboio encontra uma grande multidão de palestinos aguardando ansiosamente para obter os alimentos de que precisavam com urgência. À medida que o comboio se aproximava, a multidão ao redor é atacada por tanques israelenses, atiradores de elite e outros disparos de arma de fogo. Ramy Abdul, presidente do Observatório Euro-Mediterrânico para os Direitos Humanos, também relatou que Israel atacou um refeitório comunitário próximo ao jardim de infância Al-Janane Al-Haditha e que inúmeras vítimas foram relatadas no centro de educação infantil.
Imagens ao vivo de meninas e meninos morrendo de desnutrição em Gaza são mostradas na internet. Há 100.000 palestinos em risco iminente de perder a vida por fome. Centenas de bebês estão prestes a morrer por falta de leite, cujas mães não podem amamentar devido à desnutrição. Milhares de homens e mulheres com a angústia da fome estampada no rosto, idosos que mal conseguem andar, avançam por estradas abertas em meio aos escombros em uma busca dolorosa por comida.
É isso que ocorre agora em Gaza, todos os dias. Aqueles que não morreram devastados ontem podem morrer hoje, mortos de fome e sede, ou baleados enquanto procuravam comida, atraídos para as armadilhas mortais criadas por Israel e pelos Estados Unidos. O genocídio se transformou em fomecídio. E tudo isso é um negócio lucrativo para muitos.
Como matar de fome e ganhar dinheiro
Esta é uma parceria nojenta entre oficiais militares e políticos israelenses e veteranos empresários, financistas e mercenários da Agência Central de Inteligência (CIA) e do Pentágono. É a fórmula mágica para ganhar dinheiro e aumentar o poder matando palestinos de fome, sob o disfarce de ajuda humanitária. Uma credencial formidável para os negócios imobiliários e turísticos que Donald Trump e Benjamin Netanyahu querem estabelecer na Gaza do pós-guerra.
Sabe-se agora, embora poucos ousem investigar, que as caixas de rações com o nome e o logotipo da Fundação Humanitária de Gaza (FGH) escondem um suculento banquete que é usufruído pelo capital norte-americano. A grande indignação resultante do bloqueio de Netanyahu de qualquer tipo de ajuda humanitária a Gaza obrigou o governo de Israel a liberar pequenas quantidades de comida. Ele colocou o único distribuidor de alimentos nas mãos de uma entidade desconhecida, administrada pelos militares israelenses e empresários americanos, chamada de Fundação Humanitária para Gaza (GHF). As origens e operações do GHF são secretas. A fundação afirma ter recebido cerca de US$ 100 milhões em financiamento inicial de um governo que se recusou a identificar. No final de junho, o governo Trump anunciou que alocaria US$ 30 milhões para as operações do GHF.
Por trás da fundação, existe uma rede de empresas privadas americanas, incluindo aquelas que esperam lucrar com contribuições humanitárias, de acordo com documentos públicos e privados divulgados pelo The Washington Post. Entre estes patrocinadores da Fundação GHF estão a McNally Capital, uma empresa de private equity sediada em Chicago, cuja subsidiária Orbis Operations ajudou a estabelecer a fundação; e a Safe Reach Solutions (SRS), a principal contratada que supervisiona as operações da Fundação GHF em Gaza, criada no final do ano passado para esse fim. Esses são três nomes importantes. A SRS é de propriedade de um fundo com sede em Wyoming, cujo beneficiário é a McNally Capital. Outro grupo com fins lucrativos é o Boston Consulting Group, claramente uma fachada para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA).
Em janeiro, foi feita a apresentação de um plano da GHF para reassentar os moradores de Gaza, com cerca de 19 páginas e distribuída pela Embaixada dos EUA em Tel Aviv. Além da distribuição de alimentos, os slides incluíam planos para que a GHF construa complexos residenciais de grande porte dentro e possivelmente fora de Gaza, mas não se sabe se seriam para palestinos ou judeus.
A GHF não surgiu agora, pois o grupo de oficiais militares israelenses e empresários norte-americanos começou a se reunir imediatamente após outubro de 2023 “para planejar o futuro de Gaza”, revelou o Post. Em janeiro de 2024, a poderosa força-tarefa começou a ser liderada por Michael Vickers, ex-Boina Verde, veterano da CIA e subsecretário de defesa para inteligência durante o governo Obama. Vickers atuou no conselho de administração da Orbis Operations, uma empresa de consultoria com sede em McLean, Virgínia, fundada por ex-especialistas em segurança nacional, forças armadas e inteligência, que a McNally adquiriu em 2021.
Vickers sugeriu que o homem certo para liderar a operação era o então vice-presidente da Orbis, Philip Reilly, ex-oficial de operações da CIA com vasta experiência em empresas de segurança privada. De acordo com a investigação do Post, Reilly rapidamente conquistou a confiança das forças israelenses e do grupo de planejamento de Gaza.
No outono, segundo o relatório, foi apresentado um estudo de viabilidade preparado pela Silat Technologies, subsidiária da Orbis, propondo a criação da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) “para entregar ajuda humanitária a Gaza com segurança”. O BCG, onde Reilly e Vickers eram consultores seniores, projetou custos operacionais iniciais de US$ 2 bilhões para a GHF.
A GHF é criação de Trump
Em uma coletiva de imprensa em 9 de maio em Tel Aviv, o embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, afirmou que a GHF era uma “iniciativa” de Trump. Representantes dos EUA, incluindo Aryeh Lightstone, uma autoridade que agora trabalha com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e que anteriormente serviu como assessor de David Friedman quando este era embaixador dos EUA em Israel, cortejaram a ONU e parceiros humanitários para aderir ao plano, de acordo com a matéria do The Washington Post. As Nações Unidas e a maioria dos parceiros de ajuda se recusaram a participar.
Em 21 de novembro, uma nova empresa de responsabilidade limitada, a Safe Reach Solutions, foi registrada em Jackson, Wyoming, e incorporada a um fundo administrado por uma empresa local, a Two Ocean Trust. A beneficiária do fundo e de quaisquer receitas geradas por ele, de acordo com três pessoas familiarizadas com o acordo, era a McNally Capital, a empresa de private equity proprietária da Orbis. A SRS, com Reilly como CEO, posteriormente se tornaria a principal contratada da GHF.
O que é a McNally Capital?
Fundada em 2008 por Ward McNally, da família de editores Rand McNally, a empresa é especializada na aquisição de empresas aeroespaciais, de defesa e tecnologia. Reilly subcontratou a UG Solutions, uma pequena empresa administrada pelo ex-Boina Verde Jameson Govoni. Ela fornece os seguranças americanos que, segundo a Associated Press, dispararam gás lacrimogêneo, granadas e até metralhadoras contra a multidão de palestinos que se aglomerava nos armazéns do GHF em busca de comida. Os contratos do GHF expiram no final de agosto, a menos que um cessar-fogo seja assinado primeiro. Se os combates cessarem, ainda não está claro quanta ajuda será permitida em Gaza ou quem a distribuirá.
O Genocídio de Gaza ultrapassa o “Holocausto”
Mais de dois milhões de palestinos, metade deles crianças por serem uma população jovem, parecem condenados à morte por inanição em um campo de concentração que supera em maldade aqueles projetados pelo nazismo. A máscara caiu totalmente. A matança em Gaza não é obra de um louco maníaco ou apenas de um punhado de sionistas. É um empreendimento capitalista em todos os sentidos, comandado pelo imperialismo e que possui uma enorme coleção de empresas capitalistas que encontraram um meio de ter lucros com o genocídio. Começa no chamado complexo industrial militar nos EUA, passa pelas grandes empresas capitalistas apontadas no famoso relatório de Francesa Albanese, da ONU, e finaliza numa dantesca operação de assassinato em massa através da fome e da falta de assistência médica. Todas gerando enormes lucros para as mais diferentes formas de capital: grande, médio e até pequeno, tudo financiado por bilhões de dólares do governo norte-americano.
O imperialismo empreende uma falsa “solução Pacífica” para Gaza
A “Declaração de Nova Iorque” sobre a Solução Pacífica da Questão da Palestina pede o fim imediato da “guerra” em Gaza, propondo a adoção da fórmula de dois Estados. A reunião patrocinada por França e Arábia Saudita propôs ainda uma Conferência de Reconstrução de Gaza, no Cairo, Egito, o compromisso com a criação de um fundo internacional para a região e ressaltou o papel importante da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, UNRWA, que até pouco tempo era considerada pelos países imperialistas e por Israel como “um ninho de agentes do Hamas”.
A Declaração da Conferência, além de propor uma solução de dois Estados que sempre foi uma farsa e agora é obviamente inviável, exige o desarmamento do Hamas, o principal núcleo da resistência armada dos palestinos frente a Israel, e seu compromisso em não participar das futuras eleições palestinas. Trata-se de um estratagema para tentar livrar os governos imperialistas da memória dos seus crimes em Gaza e do seu incondicional apoio ao Genocídio por Israel.
O governo Lula endossa essa farsa criminosa
O Governo Lula do Brasil, único país da América Latina no evento, não só endossou a Declaração na sua qualidade de parceiro internacional como participou como líder de um dos oito grupos de trabalho na conferência. A Declaração final “condena os ataques do movimento Hamas contra civis israelenses em 7 de outubro de 2023, bem como operações militares israelenses pelas baixas civis e a destruição de infraestrutura.” Ela também apela à reunificação de Gaza e da Cisjordânia sob o controle da Autoridade Palestina, que todos sabem que é um instrumento do Governo Israelense.
O governo Lula deu mais um passo na direção de uma adesão completa às posições do imperialismo sobre Gaza, lembrando que o governo não participou da recente reunião do Grupo de Haia. Ao contrário dessa reunião da ONU, o Grupo de Haia somente contou com 2 países imperialistas, Espanha e Portugal, de menor expressão, sendo que a Espanha adotou várias medidas de restrição de compra de material militar de Israel e reconheceu formalmente o Estado palestino, tendo pressionado a União Europeia pela suspensão do Acordo de Associação entre a UE e Israel. A reunião do Grupo de Haia contou com a participação de mais de 30 países, incluindo os oito membros fundadores do Grupo de Haia: Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras, Malásia, Namíbia, Senegal e África do Sul, copresidido pela Colômbia e África do Sul. Eles se juntaram a mais de 20 estados da América Latina, África, Ásia e até da Europa.
O Grupo de Haia publicou um catálogo detalhado de crimes de guerra: o assassinato de mais de 57.000 civis, ataques a hospitais e escolas, a instrumentalização da fome e do cerco e o uso deliberado de deslocamento forçado. O estado de apartheid na Cisjordânia ocupada, imposto por meio de segregação racial, sistemas jurídicos paralelos e confiscos de terras para assentamentos, foi citado como uma violação clássica da Quarta Convenção de Genebra e, de acordo com a opinião consultiva de 2024 da Corte Internacional de Justiça (CIJ), uma violação das proibições internacionais contra aquisição territorial forçada e apartheid. Dos 30 países, Bolívia, Colômbia, Cuba, Indonésia, Iraque, Líbia, Malásia, Namíbia, Nicarágua, Omã, São Vicente e Granadinas e África do Sul – anunciaram seis medidas vinculativas. Isso incluiu um embargo total de armas ao estado ocupante, proibições portuárias de navios militares israelenses, revisões de contratos para acabar com a cumplicidade comercial com a ocupação e forte apoio à condenação criminal das autoridades israelenses.
Fica então a pergunta que não quer calar: por que o governo Lula está se direcionando na política externa em sentido contrário às suas posições de política externa altiva e ativa dos seus primeiros mandatos e dos dois primeiros anos desse 3º mandato?




