Autoridade Palestina

No Líbano, chefe da AP declara que quer desarmar a resistência

Em reunião com presidente libanês, Joseph Aoun, o cachorro de “Israel” Mahmoud Abbas reiterou que está comprometido em desarmar resistência palestina no Líbano e o Hesbolá

Nesta quarta-feira (21), o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, um notório cachorro de “Israel”, repressor dos palestinos, chegou ao Líbano para uma visita de três dias.

No mesmo dia, o chefe da AP se reuniu com o presidente libanês, o militar Joseph Aoun, um lacaio do imperialismo, eleito recentemente com apoio dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Durante a reunião, ambos “confirmaram seu compromisso com o princípio de que as armas devem permanecer exclusivamente nas mãos do Estado libanês e com o fim de todas as manifestações que estejam fora da estrutura do Estado”.

O que significa o desarmamento do Hesbolá, o partido mais popular do país, cuja ala militar foi a organização do Eixo da Resistência que mais auxiliou a Resistência Palestina entre outubro de 2023 e novembro de 2024, quando um cessar-fogo foi firmado com “Israel” (o qual a entidade sionsita vem, diariamente, violando de forma unilateral). 

As incontáveis ações militares do Hesbolá contra o território “de Israel” (isto é, os territórios palestinos ilegalmente ocupados pela entidade sionista), principalmente contra o norte, resultaram na fuga de cerca de 200 mil colonos ilegais, gerando crise social e econômica sem precedentes na história de “Israel”.

Desde o cessar-fogo, o Estado libanês e seu atual governo, sob o comando dos Estados Unidos e demais países imperialistas, e com o apoio de “Israel” e seus ataques diários contra o Líbano, vêm realizando um cerco contra o Hesbolá, tentando destruir o partido revolucionário xiita.

Não é a primeira vez que Joseph Aoun e o atual governo libanês afirmam que as forças armadas e o aparato de repressão do Estado deve deter os monopólios das armas, isto é, que eles têm o objetivo de desarmar o Hesbolá. 

Essa tentativa segue os ditames do imperialismo, conforme afirmado diversas vezes por seus representantes. Em declaração mais recente, feita nesta terça-feira (20), Morgan Ortagus, a vice do enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, declarou que as autoridades libanesas “fizeram mais nos últimos seis meses do que provavelmente fizeram nos últimos 15 anos” referindo-se aos esforços para desarmar o Hesbolá.

No entanto, ela frisou que “ainda há muito mais a fazer”, acrescentando que “nós, nos Estados Unidos, pedimos o desarmamento total do Hesbolá. E isso não significa apenas ao sul de Litani. Significa em todo o país”, disse Ortagus durante o Fórum Econômico do Catar. Na ocasião, ela conclamou os políticos libaneses “a tomarem uma decisão”.

A tentativa de desarmar o Hesbolá está estreitamente vinculada à tentativa do imperialismo de desarmar o Hamas e demais organizações da resistência palestina, algo que o imperialismo já admite abertamente.

Em artigo publicado nesta quarta-feira (21), o think tank The Washington Institute for Near East Policy afirmou que “desarmar as facções palestinas no Líbano significa desarmar o Hesbolá”.

A publicação informa que “na semana passada, o Conselho Supremo de Defesa em Beirute  alertou o Hamas e outras facções militantes palestinas contra a realização de quaisquer atividades no Líbano que possam colocar em risco a segurança do país”, acrescentando que “o alerta foi emitido após uma reunião em que membros do conselho e o presidente Joseph Aoun decidiram buscar o desarmamento total dentro dos campos de refugiados palestinos”.

Comentando sobre a reunião entre Abbas e Aoun, o think tank destaca que ambos prometeram “que os campos palestinos locais não seriam mais ‘refúgios seguros para grupos extremistas’“.

Informa também que “o Hamas é particularmente proeminente nos campos, com 1.500 combatentes armados que cooperam estreitamente com membros da Jiade Islâmica Palestina e com o braço local da Irmandade Muçulmana, a al-Jamaa al-Islamiyah, que criou seu próprio grupo armado, as Forças do Fajr (Amanhecer)” e acrescenta que o partido revolucionário palestino “não deu nenhuma indicação de que entregaria qualquer uma de suas armas, levantando questões sobre a disposição e a capacidade do governo de cumprir essa parte crucial do acordo de cessar-fogo”.

O plano de desarmar a resistência palestina no Líbano é justamente o trabalho sujo que Mahmoud Abbas quer pôr em prática no país. Utilizando-se de seu controle sobre a burocracia e o aparato de repressão da Autoridade Palestina, da qual ele é presidente, o cachorro dos sionistas busca desarmar os militantes da resistência palestina que estão no Líbano. 

Em coordenação com o governo libanês, pretendem realizar uma ofensiva contra os campos de refugiados palestinos no Líbano, até mesmo utilizando-se do exército libanês se a resistência palestina no país se recusar a se desarmar.

Nesse sentido, a publicação imperialista segue elogiando seu lacaio, Abbas, como um “fator potencialmente significativo […] como chefe da Autoridade Palestina”, e que ele “poderá oferecer aos comandantes do Fatá nos campos posições alternativas e benefícios generosos em troca do desarmamento”. Contudo, o think tank informa que “seu poder de convencê-los é limitado, visto que muitos comandantes proeminentes (por exemplo, os irmãos Miqdad em Ain al-Hilweh) transferiram sua lealdade de fato para o Hesbolá e a Força Quds do Irã”, ambas forças revolucionárias xiitas.

Destaca ainda que “mesmo que Abbas consiga persuadir os afiliados do Fatá, o Hamas continua sendo a facção mais perigosa e certamente não seguirá suas ordens” e que “se as facções do Fatá realmente entregarem suas armas sem que o Hamas faça o mesmo, elas apenas darão mais poder aos seus rivais”. 

Expressando a dificuldade do imperialismo nesta ofensiva contras as forças revolucionárias da resistência palestina e do Eixo da Resistência, o think tank afirma que “qualquer campanha de desarmamento, portanto, terá que ser conduzida com cautela”.

Há cerca de um mês, em outra publicação, o Washington Institute afirmou que “não há melhor momento para desarmar o Hesbolá“, mas que a janela de oportunidade estaria se fechando para o imperialismo.

A política de desarmar a resistência, que está sendo levada a cabo pelo chefe da Autoridade Palestina e o governo libanês, não parte apenas do governo Trump, mas também dos governos representantes do setor principal do imperialismo. Isto foi expresso nesta quarta-feira pelo órgão de imprensa Bloomberg, um dos porta-vozes do imperialismo.

Segundo Bloomberg, citando fontes anônimas, França e Arábia Saudita estão elaborando uma proposta para “desarmar” o movimento de resistência palestino e “preparar o caminho para sua desmobilização”

Conforme as fontes, “o objetivo é transformar o grupo em uma entidade puramente política que ainda possa desempenhar algum papel na futura governança palestina”, e que a Arábia Saudita, cuja monarquia está a serviço do imperialismo, teria entrado em contato com o Hamas com essa proposta.

No entanto, o Hamas já reiterou inúmeras vezes que seus combatentes não entregarão as armas, pois elas são uma “linha vermelha”. Falando sobre a política contrarrevolucionária de Abbas, Mahmoud Mardawi, uma liderança do Hamas, deu a seguinte declaração à emissora Al Jazeera no último dia 17:

“Rejeitamos o apelo do Presidente Abbas para entregar as armas da resistência enquanto a ocupação permanecer em terras palestinas.

Apelamos ao Presidente Abbas para que se una à escolha do nosso povo e participe da resistência à ocupação.

Não retornaremos a acordos parciais depois que a ocupação os explorou para continuar sua agressão contra o nosso povo.”

Igualmente, o Hesbolá frequentemente reitera que não irá se desarmar. Em sua mais recente declaração, em 18 de maio, o líder do partido xiita, Naim Qassem, afirmou que “‘Israel’ busca despojar o Líbano de seu poder clamando pelo desarmamento da resistência — você espera que fiquemos impotentes para que ‘Israel’ possa invadir livremente? Isso jamais acontecerá”.

A tentativa de desarmar a resistência palestina no Líbano, bem como o Hesbolá, levada a cabo localmente pela Autoridade Palestina e pelo governo libanês, faz parte da ofensiva geral do imperialismo contra o Hamas, demais organizações da resistência palestina e, finalmente, do Eixo da Resistência, cuja política de enfrentamento com o imperialismo e o sionismo tem uma natureza revolucionária.

Ofensiva que se estende ao Brasil, como se viu recentemente com a oferta de recompensa de US$10 milhões feita pelos Estados Unidos a quem fizer denúncias de supostas atividades ilegais do Hesbolá na Tríplice Fronteira, caluniosamente associando o partido libanês com o tráfico de drogas e outros tipos de crime.

Na medida que “Israel” intensifica o genocídio em Gaza, assassinando palestinos de fome e através de bombardeios e ataques militares das forças terrestres, e na medida que intensifica suas ações criminosas contra a Cisjordânia, destruindo centenas de casas e terra palestinas; aumentam as dificuldades dos países imperialistas de continuarem sustentando a política do governo israelense. 

Não podendo simplesmente abrir mão de “Israel”, país artificial que é base militar do imperialismo na região, e igualmente tentando evitar que o fim da guerra pareça como uma vitória esmagadora da resistência, o imperialismo tenta desarmá-la, para retirar seu poder e continuar dominando a região.

É nessa conjuntura que ocorrem as negociações entre EUA e Irã, no âmbito das quais o governo Trump tenta acabar com o programa de mísseis balísticos do país persa, bem como acabar com seu programa nuclear para impedir eventualmente desenvolvimento de uma bomba atômica, arma que serve aos países oprimidos como mecanismo de dissuasão contra ataques militares do imperialismo.

No âmbito dessa contraofensiva, “Israel” estaria se preparando para atacar as instalações nucleares iranianas, conforme vem sendo noticiado pela imprensa israelense.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores do Irã, país que lidera o Eixo da Resistência, declarou que “diante de qualquer ameaça ou ação ilegal, a República Islâmica do Irã responderá com determinação. O Irã tomará todas as medidas necessárias para defender seu povo, interesses e infraestrutura de atividades terroristas ou de sabotagem, em conformidade com o direito internacional”.

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