Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Coluna

Never Say Die: um passado e dois futuros para Black Sabbath

Se “Never say die” é um anúncio do Ozzy futuro, o mesmo se pode dizer de "Junior’s eyes", uma canção inclusive autobiográfica do cantor

A despedida do Black Sabbath de sua formação original não ocorreu às escuras, como foi com Shaman, em 2006, quando os fãs simplesmente souberam, num certo outubro, que as atividades da banda não prosseguiriam devido a divergências entre os integrantes. No distante ano de 1979, todos sabiam que a banda terminaria, restava saber como, graças ao péssimo relacionamento entre seus dois ícones: o técnico e preciso Tommy Iommi e o louco e genial Ozzy Osbourne.

O que terminaria com a magistral fase do Black Sabbath com Ronnie James Dio, com o clássico “Heaven and hell” (1980) e o icônico “Mob rules” (1983), e com a inesquecível carreira solo de Ozzy, teria início, porém, antes da primeira formação acabar. Algo das duas consequências estaria como premissa em “Never say die” (1979): um disco do Black Sabbath que é um pouco rebuscado como seriam seus anos 1980, um pouco rebelde como seria o hard oitentista de Ozzy Osbourne.

Randy Rhoads ou Richie Blackmore?

A pergunta é curiosa, porque as guitarras de “Never say die” poderiam estar em quaisquer desses guitarristas, mas são Tommy Iommi. O álbum começa com uma faixa-título bem ao estilo de Ozzy solo, prenunciando qual seria a tocada do vocalista sem sua banda original.

Ali, já estava oficializado ao público que o disco seria o último com a clássico formação: Ozzy Osbourne (vocal), Tommy Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo), Bill Ward (bateria). Apesar das oscilações, o disco vai bem nessas indicações para o futuro, com os compositores cravando sua autoralidade de forma descompromissada.

Se “Never say die” é um anúncio do Ozzy futuro, o mesmo se pode dizer de “Junior’s eyes”, uma canção inclusive autobiográfica do cantor, mas ainda sem as guitarras fritadas do hard oitentista em que mergulharia nos anos seguintes. Contudo, “Hard road”, “Shock wave” e outras, na verdade, mostram mais do mesmo de um Black Sabbath já decadente, pedindo para ser renovado pela chagada de Dio.

Pois eis que, no final e melhor momento do disco, “Air dance” mostra um rock progressivo até então inédito para uma banda direta e sombria como o Black Sabbath, com um longo e delicado solo de guitarra, que demonstrou as bases do que seria com Dio: Tommy Iommi sendo o ponto de contato entre a fase anterior e o novo vocalista, o qual deixaria o Rainbow de Richie Blackmore, mas não exatamente suas guitarras, que viriam a assemelhar-se às de Rainbow, vide “The man of the silver mountain”, desta última, e “Neon Knights”, do Sabbath.

Vale a pena?

Vale. É um grande disco, apesar dos altos e baixos decorrentes de uma banda em troca de identidade. Ozzy puxando para a cena hard americana, que já ia longe com Van Halen, Tommy buscando situar-se no progressivo e no erudito, que se aperfeiçoava àquela altura dos maneirismos exagerados para um prog-pop acessível. Portanto, “Never say die” é um pouco “Fair warning” (1981), de Van Halen, um pouco “Misplaced Childhood” (1985), de Marillion. Daí se extraem boas músicas, embora não o melhor álbum

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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