Muin Tawfiq Bseiso nasceu na cidade de Gaza, na Palestina, em uma família tradicional. Seu pai, Tawfiq Bseiso, e sua mãe, Huda Ali al-Shawwa, eram membros respeitados da comunidade local. Teve quatro irmãos: Abidin, Suhayb, Sa‘d e Usama. Com sua esposa, Sahba al-Barbari, teve três filhos: Tawfiq, Dalia e Malika.
Desde muito jovem, Bseiso destacou-se por sua inteligência e vocação política. Estudou na Escola Shuja‘iyya e concluiu o ensino médio no Colégio de Gaza, onde se formou em 1948, mesmo ano da Nakba, a catástrofe palestina provocada pela fundação de “Israel”. Um ano antes, já havia entrado em contato com militantes comunistas da Liga de Libertação Nacional na Palestina, uma organização de orientação marxista que atuava na resistência ao projeto sionista e à colonização britânica.
No Cairo, para onde se mudou em outubro de 1948, ingressou na Universidade Americana e formou-se em jornalismo em 1952. A capital egípcia também foi palco de sua estreia literária, com a publicação da obra A Batalha (Al-Ma‘raka) em janeiro daquele ano. Durante o período universitário, publicou artigos e poemas em periódicos comunistas árabes, como a revista egípcia Al-Malayin e o jornal palestino Al-Ittihad, órgão do Partido Comunista.
Influenciado por Abd al-Karim al-Karmi (Abu Salma), seu estilo poético destacou-se pelo tom popular, simples e direto, repleto de símbolos da luta palestina e voltado à mobilização das massas. Desde 1944, publicava poemas em revistas como a jaffense Al-Hurriyya, e tornou-se um dos principais nomes da chamada literatura da resistência, ao lado de Mahmoud Darwish e Samih al-Qasim.
Após se formar, retornou a Gaza e trabalhou como professor de inglês na escola do bairro Shuja‘iyya e, mais tarde, no campo de refugiados de Bureij, sob administração da UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos). Em 1953, foi demitido sob acusação de instigar um protesto estudantil contra uma incursão sionista que matou 26 civis. Rebaixado a servente de garagem da mesma agência, continuou atuando politicamente.
No final de 1953, participou da conferência de fundação do Partido Comunista da Palestina na Faixa de Gaza, sendo eleito secretário-geral. Foi também editor do jornal clandestino A Centelha (Al-Sharara), difundido em condições de perseguição severa. A repressão não tardou: em março de 1955, o regime egípcio – que então administrava Gaza – o prendeu por liderar manifestações contra o plano de reinstalar refugiados palestinos no deserto do Sinai. Libertado em 1957, voltou à educação, mas foi novamente preso em 1959, permanecendo encarcerado até 1963, em meio ao conflito entre nasseristas e comunistas.
Mesmo após anos de cárcere, seguiu trabalhando como professor em escolas da UNRWA em Jabaliya e Khan Yunis. Com a fundação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964, Bseiso participou da criação da Rádio Palestina, braço de propaganda da organização.
A ocupação de Gaza por ‘Israel’, em 1967, forçou seu exílio. Estabeleceu-se em Damasco, onde trabalhou no jornal Al-Thawra e em programas da rádio síria. Após breve passagem por Moscou, mudou-se para o Cairo, onde integrou o setor literário do prestigiado jornal Al-Ahram. Em 1972, transferiu-se para Beirute, colaborando com a revista Al-Usbu‘ al-‘Arabi até 1974, quando passou a escrever regularmente para a revista Filastin al-Thawra, porta-voz da OLP.
Foi eleito para a secretaria-geral da União Geral dos Escritores e Jornalistas Palestinos e também da União de Escritores Afro-Asiáticos, editando a versão árabe da revista Lotus. Suas obras, traduzidas para diversas línguas (do russo ao vietnamita), circularam amplamente no movimento anticolonial e de solidariedade internacional.
Em 1981, foi nomeado conselheiro cultural do presidente da OLP, Yasser Arafat, além de integrar o Conselho Nacional Palestino. Durante a invasão sionista do Líbano, em 1982, permaneceu em Beirute, editando o jornal Al-Ma‘raka ao lado de intelectuais palestinos e árabes. Após a retirada da OLP, exilou-se em Túnis, onde continuou sua militância.
A importância de Muin Bseiso ultrapassava a literatura. Sua poesia e suas peças teatrais – ao todo, escreveu seis – fundiam denúncia política, identidade nacional e uma estética voltada à ação. Por sua contribuição, foi homenageado com o Escudo da Revolução da OLP (1979) e com o Prêmio Lotus de Literatura (1980).
Faleceu em Londres, em 23 de janeiro de 1984, vítima de ataque cardíaco. A entidade sionista impediu que fosse enterrado em sua terra natal. Seu corpo foi levado a Túnis e depois ao Cairo, sendo sepultado no cemitério Arba‘inat. Até mesmo morto, sofreu a violência do colonialismo.
Trinta anos após sua morte, em 2014, uma exposição em Beirute intitulada Muin Bseiso: o Homem e o Poeta homenageou sua trajetória. Em 2015, a editora Dar al-Farabi publicou suas obras completas em 27 volumes, com introdução do amigo Samih al-Qasim, que o definiu como “um gigante feito de espigas de trigo, um gigante da revolução e da poesia”.