Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Coluna

Mestres do Ar, bombardeiros e os lados esquecidos da guerra

Mestres do Ar é mais do que uma série de guerra: é uma homenagem aos heróis esquecidos da aviação, que sempre foram ofuscados pelos caças e pelos dogfights

Mestres do Ar, da Apple TV+, chega com a responsabilidade de revisitar uma parte frequentemente esquecida da Segunda Guerra Mundial: os bombardeiros pesados e suas tripulações. Produzida por Tom Hanks, Steven Spielberg e Gary Goetzman — a mesma equipe responsável por Band of Brothers e The Pacific — a minissérie consegue fazer o que poucos dramas de guerra alcançam: dar rosto, coragem e humanidade aos homens que pilotavam as imponentes B-17 Flying Fortress. Aqui, o foco não são os caças ágeis ou os dogfights cinematográficos, mas sim o trabalho silencioso e brutalmente perigoso dos bombardeiros, que carregavam toneladas de bombas e enfrentavam fogo antiaéreo praticamente sem proteção.

O elenco ajuda a dar vida a essa história esquecida. Austin Butler interpreta o Major Gale “Buck” Cleven, um piloto determinado e cauteloso; Callum Turner é o Major John “Bucky” Egan, um líder capaz de equilibrar estratégia e coragem; e Barry Keoghan vive Ken Lemmons, mecânico e elo humano que conecta a tripulação à vida fora da cabine. É nesse equilíbrio entre ação, tensão e humanidade que a série brilha. Vemos bombardeiros atingidos por centenas de tiros, mas ainda assim conseguindo pousar miraculosamente na África do Norte; pilotos que precisam ejetar e saltar de paraquedas em território inimigo; tripulantes sobrevivendo a tempestades, ferimentos e a perseguições de soldados nazistas em solo. Cada episódio constrói um respeito profundo por esses homens e suas máquinas, que sempre foram subestimados na narrativa clássica da guerra.

Histórias Esquecidas e Lacunas da Memória

A série, no entanto, também nos lembra das lacunas históricas que permanecem por questões políticas. Por exemplo, a União Soviética foi decisiva para a vitória aliada: lutou no próprio território, derrotou a Alemanha na Europa Oriental, conquistou Berlim e libertou Auschwitz. Ainda assim, suas contribuições raramente ganham destaque em produções ocidentais. Outro exemplo emblemático são as Night Witches, o esquadrão feminino de bombardeiras soviético que realizava operações noturnas extremamente arriscadas — sua história nunca virou filme porque desafia a narrativa tradicional da guerra que é mais “vendável” no Ocidente.

Mestres do Ar não aborda todas essas lacunas, mas, ao recuperar a história do 100º Grupo de Bombardeios, cumpre um papel importante ao lembrar que a Segunda Guerra não se limita aos combates mais glamourosos ou às figuras mais conhecidas. A série combina precisão histórica, cenas de tirar o fôlego e retratos humanos convincentes. A direção de Cary Joji Fukunaga, a cinematografia de Adam Arkapaw e o design meticuloso das aeronaves e cenários fazem com que cada missão pareça viva — sentimos o peso do avião, o frio cortante da cabine e a tensão antes de cada ataque.

Vale a Pena?

Sim. Mestres do Ar é mais do que uma série de guerra: é uma homenagem aos heróis esquecidos da aviação, que sempre foram ofuscados pelos caças e pelos dogfights. Com produção de alto nível, elenco consistente e cenas que combinam suspense, drama humano e heroísmo silencioso, a minissérie cumpre seu papel de resgatar histórias que merecem ser contadas. Para quem se interessa por aviação, história militar ou simplesmente boas narrativas humanas, a série é uma experiência intensa e recompensadora. Além disso, conecta-se com o legado de Band of Brothers, oferecendo o mesmo respeito à memória, mas agora de uma perspectiva nova e necessária.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.