Porto Seguro/BA

Juiz manda despejar família pataxó para beneficiar grileiro

Em mais uma decisão suspeita, judiciário da região de Porto Seguro decide expulsar índios em beneficio do maior grileiro do extremo Sul da Bahia

Juiz federal titular de Eunápolis (BA), Pablo Valdivieso determinou a reintegração de posse imediata de uma área ocupada pelos índios Pataxó da família Braz, localizada em Itaquena, região nobre do distrito de Trancoso, no município de Porto Seguro, Bahia.

A decisão autoriza o uso de força policial para expulsar famílias que ocupam, há anos, uma área grilada pelos latifundiários da empresa Itaquena S/A, pertencente a um dos maiores grileiros de terras públicas do Extremo Sul da Bahia: o ex-cônsul de Portugal, Moacyr Andrade.

A área em disputa sofre intensa pressão da especulação imobiliária de luxo da região. Os 179 hectares onde está situada a Aldeia Lagoa Doce, ocupada por índios Pataxó há mais de 70 anos, são reivindicados para demarcação.

A aldeia fica em região de praia, cercada por residências e condomínios de alto padrão, incluindo uma propriedade cujos donos são herdeiros da Rede Globo. É nessa região que os Marinho possuem latifúndios transformados em reservas particulares — como a RPPN Rio do Brasil — e uma pousada de luxo na praia de Itapororoca: a Tutabel, vizinha da área dos índios.

A decisão do juiz federal vem sendo acobertada pelo envolvimento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que também figura no processo ao lado da empresa Itaquena S/A de Moacyr Andrade, sob o pretexto de defender uma unidade de conservação. Na prática, essa atuação serve para mascarar a descarada grilagem de terras promovida pelo ex-cônsul português.

Envolvimento do ICMBio no processo de grilagem

A família Braz, formada por índios Pataxó, enfrenta os desmandos do maior latifundiário da região com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio), que, em conluio com o grileiro português, promoveu uma série de ataques por meio de despejos, ameaças e até da criação de uma unidade de conservação — o Refúgio de Vida Silvestre do Rio dos Frades — para expulsar os índios.

Para os mais ingênuos, essa unidade de conservação pareceria uma ferramenta para preservar o local. Na prática, porém, foi usada para reprimir ainda mais os índios Pataxó e esconder a grilagem de Moacyr Andrade, impedindo que os milionários da região convivam com a presença dos Pataxó. A manobra também busca forjar a imagem do grileiro como alguém responsável e defensor do meio ambiente.

Em 2007, uma ação conjunta de Moacyr Andrade e do ICMBio expulsou os índios que viviam entre a foz dos rios Doce e dos Frades. A operação contou com ameaças, violência, destruição e queima dos pertences dos índios, com o objetivo de criar essa falsa unidade de conservação, consolidar a grilagem e proteger o patrimônio da família Marinho e do ex-cônsul português, ampliando a especulação imobiliária.

Agora, o ICMBio mais uma vez se presta a encobrir os crimes de grilagem na região, atacando os índios Pataxó e seu direito à terra que sempre ocuparam.

ICMBio como instrumento de arrecadação e legalização da grilagem

Em abril do ano passado, a mesma Justiça Federal de Eunápolis autorizou o leilão de uma área de 60 mil m² pertencente à família Braz Pataxó, grilada por Moacyr Andrade com apoio do ICMBio. O valor mínimo avaliado foi de 90 milhões de reais.

A área foi levada a leilão sob o pretexto de responsabilização por infrações ambientais. As multas atribuídas ao grileiro somam cerca de R$ 36 milhões, mas a área em questão está em disputa por pertencer tradicionalmente aos índios Pataxó da família Braz.

Além de servir como fonte de arrecadação, o leilão é uma tentativa de “legalizar” a área em nome de Moacyr Andrade, que possui diversas outras propriedades vizinhas, incluindo empresas e imóveis comprovadamente de sua posse.

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