A imprensa israelense avalia que o retorno de palestinos ao norte de Gaza “destrói a ilusão de uma vitória absoluta”. A marcha dos refugiados de volta ao que restou de suas residências, principalmente pela rota Netzarim, atesta o fim da guerra entre “Israel” e o Hamas.
Uma imagem de força
A imagem dos palestinos retornando às suas casas foi amplamente repercutida pela imprensa israelense como uma prova de que “destrói a ilusão de uma vitória absoluta”. O veículo de comunicação se referia à promessa do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu de uma vitória total em Gaza e toda a campanha sionista de vitória no território.
A campanha da máquina de propaganda sionista não se sustenta nem mesmo entre seu próprio povo; sua narrativa é desmoralizada pela ação revolucionária da resistência palestina. O Hamas obteve uma vitória incontestável sobre o sionismo, perdurando e mantendo a soberania de seu território.
Fim da “guerra” entre Israel e o Hamas
Segundo o analista militar Amos Harel, do Haaretz, o retorno dos palestinos ao norte de Gaza marca, em grande parte, o fim da guerra entre “Israel” e o Hamas. Principalmente por ter ocorrido pela rota Netzarim, criada para “estabelecer uma posição operacional na área” e permitir “a passagem de forças, bem como de equipamento logístico”, a barreira foi finalmente rompida.
“Netanyahu, durante a maior parte da guerra, recusou-se a discutir arranjos para o dia seguinte em Gaza. Ele não concordou em permitir uma janela para a participação da Autoridade Palestina em Gaza e continuou a empurrar um cenário delirante de derrotar completamente o Hamas”, acrescentou o analista israelense, apontando uma drástica redução nas expectativas do primeiro-ministro.
Troca de prisioneiros
Para o entrevistado, a política do Hamas de priorizar a libertação dos prisioneiros, especialmente com relação à prisioneira Arbel Yehud, é uma concessão tática em favor de um ganho estratégico: o retorno dos moradores ao norte de Gaza e a prevenção da retomada dos combates.
“Isso é algo para o qual a decisão final pode estar nas mãos do presidente dos EUA, Donald Trump. O encontro planejado entre ele e Netaniahu parece ser de importância crítica”, declarou Harel, colocando que a decisão cabe a Trump e não a Netanyahu.
O analista também avaliou que o retorno dos palestinos ao norte de Gaza dificultaria um novo processo de evacuação de civis da região, o que tornaria mais complicado para os militares israelenses realizarem novas invasões ao distrito.
Independentemente da queda do acordo de cessar-fogo, ou do término do seu prazo na primeira fase, o retorno dos palestinos, entre outras restrições operacionais, dificulta novas invasões.
Harel observou que “Trump adora ambiguidade e falta de clareza até decidir”, o que torna difícil prever qual será seu comportamento. Contudo, suas ações nas últimas semanas indicam que “sua principal preocupação não é retomar a guerra, mas acabar com ela”.
No sábado (25), Trump sugeriu “simplesmente limpar” Gaza como um passo em direção à “paz no Oriente Médio”. “Gostaria que o Egito recebesse as pessoas. E gostaria que a Jordânia recebesse as pessoas”, declarou Trump a repórteres.
Uma declaração claramente teatral, considerando as condições objetivas do enclave e sua política anterior. Mas que coloca em questão qual política o novo governo norte-americano conseguirá implementar.