O colunista da Folha de S.Paulo Marcelo Leite, em artigo publicado neste domingo (13), voltou a atacar os esforços de uma ala do governo Lula para explorar o petróleo da Margem Equatorial.
Intitulada Guerra do petróleo usa palavras como munição, a coluna descreve o conflito entre o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva — a quem o Ibama está subordinado —, e o Ministério de Minas e Energia, chefiado por Alexandre Silveira, sobre a exploração do petróleo na extensa faixa de águas profundas que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá. Leite ainda acusa o governo Lula de ser “ambíguo” em relação às “mudanças climáticas”.
O colunista destaca que os “rótulos têm peso estratégico no debate público” e que há, no Brasil, uma verdadeira “guerra do petróleo, travada em palavras”. O Ibama fala em “decisões técnicas”, enquanto o ministro Silveira chama a postura do órgão de “crise de lesa-pátria”. Os ambientalistas chamam a região de “foz do Amazonas”, enquanto os defensores da exploração preferem termos como “margem equatorial” ou “Amapá águas profundas”.
Segundo Leite, essa “guerra de palavras” esconde a falta de um plano do governo Lula para a questão climática. Ele afirma:
“Se o governo tivesse resposta convincente, não apelaria para jogos de palavras nem jogos de guerra. Apresentaria números, metas, cronogramas e propostas concretas sobre como fará sua parte para o mundo desembarcar dos combustíveis fósseis. Mas o Plano Nacional de Transição Energética (Plante, sigla engraçadinha) está parado no MME, ora veja.”
Mirando Lula, que já demonstrou apoio à exploração do petróleo na região, Leite questiona suas “convicções ambientais”:
“Lula deve achar que basta reduzir desmatamento na Amazônia para desfilar em Belém como estadista verde. Silveira não enxerga que insistir na anuência do Ibama antes da COP30 arrisca empanar o brilhareco do chefe desenvolvimentista. Ao menos por conveniência, poderia aguardar sete meses por seu troféu — que virá, pode anotar, porque Lula já demonstrou, com pré-sal e Belo Monte, até onde vão suas convicções ambientais.”
Contra a exploração do petróleo, Leite recorre à farsa da chamada “transição energética”. Essa proposta é hoje uma das principais bandeiras dos ambientalistas e costuma ser usada, de forma oportunista, como arma contra a exploração dos recursos naturais do Brasil e contra seu desenvolvimento industrial e econômico.
O petróleo continua sendo a fonte de energia mais importante da economia mundial, e qualquer tentativa do Brasil de usá-lo para desenvolver sua indústria e economia esbarra diretamente nos interesses do capital imperialista. Falar em transição energética e, ao mesmo tempo, impedir a exploração do petróleo, é expressão do fato de que o único objetivo dessa política é travar o desenvolvimento nacional.
Leite também apela para a teoria do “aquecimento global” ao criticar a exploração de petróleo na costa brasileira:
“A ciência do clima não deixa margem para dúvida: sem zerar até 2050 emissões de carbono pela queima de combustíveis fósseis, a temperatura média da atmosfera ultrapassará 1,5 ºC de aquecimento, limiar de segurança estipulado no Acordo de Paris dez anos atrás”, pontifica.
Essa tal “ciência do clima” tem tanta base científica quanto a alquimia. Trata-se de uma ideologia criada e espalhada pelo imperialismo para impedir que países atrasados se desenvolvam sob o pretexto da proteção ambiental. O IPCC, ligado à ONU, é seu principal porta-voz — e está longe de ser uma instituição neutra. É um organismo político, montado para servir aos interesses das potências imperialistas e das grandes corporações.
O colunista também menciona supostos riscos ambientais da exploração de petróleo na região. Ele admite que a Margem Equatorial “fica a 500 km da foz propriamente dita”, mas alerta que está “a meros 160 km de Oiapoque (AP), no litoral sensível do estado, pontilhado de manguezais”.
O argumento é frágil. Leite ignora que a Petrobrás tem décadas de experiência em exploração em águas profundas, com quase três mil poços perfurados sem acidentes ambientais relevantes. A empresa domina a tecnologia offshore e está mais do que preparada para explorar a Margem Equatorial com segurança. Estudos apontam que possíveis vazamentos não atingiriam a costa e que não há corais vivos na região em questão. Além disso, há protocolos rigorosos para evitar riscos ambientais.
O imperialismo, para barrar o crescimento dos países atrasados, se esconde atrás do discurso ambiental. Historicamente, as potências estrangeiras sempre sabotaram o desenvolvimento nacional. Quando o Brasil começou a falar em extrair petróleo, ainda no século XX, os “especialistas” e a imprensa pró-imperialista diziam que o País não tinha reservas. A campanha contra a Margem Equatorial repete esse roteiro. É uma guerra real — e não só de palavras. E Marcelo Leite é um dos seus soldados: um escriba do imperialismo dentro do Brasil, dando continuidade à tradição dos que sabotam a economia nacional e as condições de vida do povo brasileiro.