O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quinta-feira (13), um novo plano de tarifas para equilibrar, segundo ele, a balança comercial dos EUA. A medida impactará diversos países, incluindo o Brasil, atingindo setores estratégicos como o de carne e etanol. Além do etanol, Trump citou outros setores, como o de automóveis e laticínios.
A justificativa de Trump é a necessidade de “reciprocidade” nas relações comerciais. Segundo a Casa Branca, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro, o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o combustível norte-americano. O presidente republicano afirmou que as novas tarifas buscarão corrigir essa “disparidade”, encerrando a política de baixos impostos de importação adotada pelos EUA nas últimas décadas.
Trump não está preocupado em atacar o Brasil especificamente. Sua política tarifária visa a proteção do mercado interno dos EUA e a reindustrialização do país. Não é novidade que ele defende a produção de aço e manufaturas dentro dos EUA, reforçando o protecionismo de um país imperialista.
Isso não pode ser confundido com a necessidade de defesa da indústria em países como o Brasil. Enquanto nos EUA o protecionismo favorece monopólios imperialistas, no Brasil, ele é essencial para impedir a destruição de setores produtivos estratégicos.
O problema maior não está na imposição de tarifas pelos EUA, mas na política econômica que fez do Brasil um exportador de matérias-primas em detrimento da produção industrial. O país sempre foi uma economia voltada à exportação, desde o período colonial, mas houve momentos em que a indústria nacional teve um peso maior. No entanto, com a ofensiva neoliberal iniciada no governo FHC e aprofundada posteriormente, o Brasil voltou a ser um fornecedor de commodities e produtos semielaborados, como o aço.
Com a nova escalada protecionista dos EUA, a dependência do Brasil em relação ao mercado externo se torna um problema ainda mais grave. Os setores que hoje estão à espera de esclarecimentos sobre as tarifas de Trump deveriam estar debatendo uma questão mais profunda: a necessidade de uma política industrial nacional que não esteja subordinada aos interesses do imperialismo.
A política de “globalização econômica” destruiu a indústria brasileira. O Brasil foi forçado a reduzir tarifas, desmontar suas políticas de incentivo e abrir seu mercado para o capital estrangeiro. O resultado disso foi o aprofundamento da desindustrialização e a dependência cada vez maior da exportação de produtos primários.
A resposta para essa situação não está em pedir que Trump seja “mais justo” com o Brasil. O problema não é apenas que os EUA aumentaram tarifas, mas sim que o Brasil não tem uma política econômica voltada ao fortalecimento da sua própria indústria.
A única saída real para essa crise é a adoção de uma estratégia de proteção à produção nacional, investindo na reindustrialização e garantindo que o mercado interno seja ocupado por empresas nacionais.
O governo brasileiro deveria encarar essa mudança como um alerta para a necessidade de fortalecer a indústria nacional. Enquanto esse problema não for enfrentado, o Brasil seguirá vulnerável às decisões arbitrárias do imperialismo, como as novas tarifas de Trump.