O artigo É preciso derrotar a direita em São Paulo, de Emir Sader, é uma das mais grotescas expressões da degeneração política da chamada esquerda de frente ampla. Sob o pretexto de combater a direita, o artigo faz uma defesa descarada da pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSB), histórico inimigo dos trabalhadores paulistas, e apresenta essa aliança como o “caminho para consolidar a democracia”.
O texto é, na realidade, uma tentativa mal disfarçada de justificar a capitulação total diante da burguesia. O autor não quer derrotar a direita — quer encontrar uma desculpa para se ajoelhar diante dela.
A retórica é sempre a mesma: “é preciso derrotar a direita”, “é preciso salvar a democracia”, “é preciso unir forças”. Por trás dessas frases solenes se esconde uma política covarde e reacionária.
Em vez de propor uma mobilização popular contra o regime golpista que governa o país desde 2016, o autor apela à figura mais acabada do velho tucanato — Geraldo Alckmin, o mesmo que reprimiu violentamente greves, criminalizou professores, mandou a tropa de choque contra estudantes, privatizou o patrimônio público e defendeu o arrocho salarial.
Chamar isso de “derrotar a direita” é um insulto à inteligência do povo. É uma manobra para transformar uma suposta luta contra o fascismo em palanque eleitoral de um político burguês, que sempre esteve do outro lado da barricada.
Não há esquerda possível sob a sombra de Alckmin. O homem que governou São Paulo por quatro mandatos foi o rosto da repressão policial, da privatização e da miséria. Foi sob seus governos que o estado se transformou em uma máquina de moer pobres, com chacinas cometidas pela Polícia Militar, ataques a movimentos de moradia e perseguição a grevistas.
Foi também o governador preferido do imperialismo e do grande empresariado paulista — um inimigo de classe dos trabalhadores. O próprio Alckmin foi a favor do golpe de 2016 e da prisão de Lula.
Afirmar que a candidatura de Alckmin representa a “melhor perspectiva” para derrotar a direita é afirmar que a direita deve ser derrotada com seus próprios líderes. É a negação completa da luta política e a confissão explícita da impotência da esquerda pequeno-burguesa.
O artigo de Sader não é uma análise política — é um ato de covardia. O autor está se borrando de medo da extrema direita. A incapacidade de enfrentar o bolsonarismo leva essa camada a buscar refúgio justamente nos setores que alimentaram o fascismo brasileiro durante décadas.





