Futebol

Carlo Ancelotti: CBF assassina a Seleção Brasileira

O dia 12 de maio de 2025 ficará marcado na história como o dia da vergonha e do vira-latismo do futebol brasileiro

O dia 12 de maio de 2025 ficará marcado na história como o dia da vergonha e do vira-latismo do futebol brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a contratação do italiano e ex-técnico do Real Madrid Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira.

Ednaldo Pereira, cuja direção não deixa nada a desejar aos dirigentes prepostos da Ditadura Militar (um dos momentos mais sombrios para o futebol nacional), não para de humilhar os brasileiros. Está empenhado em jogar um dos nossos maiores patrimônios culturais na lama.

Não basta destruir nossas competições nacionais, o dirigente-ditador quer uma completa terra-arrasada do futebol nacional. O anúncio de Ancelotti para comandar a Canarinho, algo que ele tenta desde 2022 mas não teve condições de fazê-lo pela disputa política interna na CBF, é uma verdadeira ofensa ao nosso futebol.

Agora, depois da sua reeleição, possível graças à manipulação de absolutamente todas as federações estaduais e dos principais clubes do País, esfacelando completamente a oposição interna, Ednaldo finalmente conseguiu o que queria.

O presidente da CBF, dessa forma, atuou como um verdadeiro político neoliberal, que jogou completamente a Seleção Brasileira no buraco e tratou de entregar para os gringos um símbolo de orgulho nacional do nosso povo oprimido.

Desde a saída de Tite, que já era anunciada mesmo antes da Copa do Mundo no Catar, Ednaldo não se preocupou em comandar um processo vencedor para o próximo torneio mundial. Passamos por técnico interino, técnico divido entre clube e Seleção até chegar em Dorival Júnior — que, infelizmente, não deu conta do recado.

Nesse meio tempo, fomos humilhados por Marrocos e Senegal, fizemos uma Copa América pífia; nas Eliminatórias, viemos de uma humilhação histórica para a Argentina, nossa maior rival, derrotas para Paraguai, Colômbia, entre outros; não conseguimos ganhar da Venezuela, do Uruguai, da Argentina e, a depender da Data Fifa de junho, podemos passar em branco também contra o Paraguai.

É um verdadeiro vexame. Mas tudo isso foi planejado por Ednaldo: jogar a Seleção Brasileira no buraco para fazer-nos acreditar que não somos mais o País do Futebol e, assim, entregar nosso patrimônio aos europeus.

O fato, em si, é um atestado de incompetência da própria CBF, que tem seu curso de formação de treinadores, que, de tão ruim, nem sequer passa confiança para seus organizadores. Mas, mais do que isso, é um abuso contra nosso povo.

Para os mais velhos, fica a lembrança da derrota para a Itália na Copa de 1982, uma das maiores tristezas da nossa Seleção — que, talvez, só perca para o fatídico “Maracanaço” de 1950 e a derrota para a França em 1998. Um time repleto de craques, com o jogo bonito de Telê Santana, foi eliminado pelo futebol retranqueiro e atrasado dos italianos, jogando milhões de brasileiros em absoluta desolação.

Essa derrota, junto com a eliminação do time de Telê na Copa seguinte, foi o que fez o Brasil considerar que não era mais possível apresentar o jogo bonito, o futebol de dribles e gingas criado por nossos trabalhadores, principalmente os negros e mulatos. Dizia-se, como se diz hoje, que deveríamos imitar o futebol burocrático dos europeus e o resultado foi a Seleção engessada de Lazaroni em 1990.

Conseguimos superar essa política — não completamente, de fato — em 1994, conquistando um título improvável, apostando nos nossos craques Romário e Bebeto. Depois, seguiram-se Seleções que retomaram o jogo bonito: em 1998 e 2002, principalmente, trazendo o pentacampeonato.

Tal feito inédito, que apenas o Brasil conquistou, foi resultado do trabalho de técnicos brasileiros. E isso tem que ficar claro: apenas o Brasil conquistou cinco Copas do Mundo e o fez com técnicos brasileiros, que revolucionaram o futebol, com João Saldanha, Zagallo, entre outros. Vicente Feola, Aymoré Moreira, Carlos Alberto Parreira e Felipão estão, ao lado desses dois, entre os melhores técnicos que o mundo já produziu — e poderíamos acrescentar nessa lista diversos outros, como Flávio Ramos, Zezé Moreira, Lula, Telê Santana, Osvaldo Brandão e Vanderlei Luxemburgo.

Esses são os homens que mudaram, com nossos negros, mulatos e brancos e suas características brasileiras, o futebol mundial e conquistaram a alcunha de País do Futebol para o Brasil. São eles, técnicos e jogadores brasileiros, que transformaram o futebol numa arte que conquistou o mundo, transformando o burocrático esporte bretão na coisa (sim, entre as infinitas coisas do mundo, em sua definição mais ampla) mais popular do mundo.

Mas, pasmem, agora temos de renegar nossa História, abaixar a cabeça e aceitar. Digamos, em voz alta, o que pedem os dirigentes da CBF: “naquilo em que somos os melhores do mundo, nas poucas coisas que conseguimos superar, de longe, os imperialistas, devemos aprender com os europeus”.

O problema, no entanto, piora. Entregamos não só nossa Seleção para os europeus, mas para os italianos! Os tradicionais inimigos do futebol-arte que, pegando o histórico recente, nem sequer consegue se classificar para a Copa do Mundo, na verdadeira marmelada que são as Eliminatórias europeias, onde os “craques” marcam cinco, seis, sete gols contra pescadores e padres da Seleção do Vaticano, de Malta, entre outros países inexistentes.

Sobre o treinador estrangeiro, pouco se pode falar. Pecando em não termos bola de cristal para saber qual será o futuro da Seleção, podemos apenas fazer algumas suposições.

Claro, na Europa, é o treinador mais vencedor — talvez da história europeia. Sendo o único a conquistar cinco títulos continentais da principal competição europeia, a Liga dos Campeões.

Sendo justo, também o fez contando com elencos verdadeiramente estrelados. Em 2003, com Dida e uma dos melhores zagas (Nesta e Maldini) e meio-campos europeus deste século: Gattuso, Seedorf, Pirlo e Rui Costa. Contava, ainda, com Rivaldo, Serginho, Inzaghi, Shevchenko, Roque Júnior, entre outros. Mesmo assim, perdeu o Mundial para o Boca Juniors.

Em 2007, com um time parecido, mas agora com o brasileiro Kaká, completamente soberano, e Cafu, ganhou o Mundial.

Depois, veio a fase Real Madrid, mas agora numa realidade diferente do futebol mundial, sendo o time merengue o clube mais rico do mundo, o único com um faturamento bilionário da História, e, portanto, completamente superior (pelo menos na questão financeira) a qualquer clube do mundo, inclusive os europeus.

O que se viu, porém, nessa última passagem pelo Real Madrid, foi um time que, apesar de estar repleto de craques internacionais (principalmente brasileiros), jogava um futebol absurdamente retranqueiro, o que, inclusive, prejudicou a atuação do clube espanhol em diversas ocasiões.

O Real, para conquistar seus dois últimos torneios, muito mais do que o treinador, apelou para o peso de sua camisa e a qualidade individual dos seus jogadores. Rodrygo foi o herói improvável na semifinal de 2022, enquanto Vinícius Júnior carregou o clube em 2024.

Feitas essas ponderações, nos resta supor como poderá ser o trabalho de Ancelotti na Seleção Brasileira, tendo em vista seu histórico. Existe uma tendência clara a não chamar os jogadores que atuam no Brasil — que, como vimos no ano passado, com Gerson, Luiz Henrique, Igor Jesus, entre outros, foram os craques salvadores da Canarinho.

Sendo um completo ignorante do futebol brasileiro, Ancelotti provavelmente insistirá na panelinha de jogadores que atuam na Europa e são, por isso, inflados pela imprensa e os empresários.

Claro, tendo em Vinícius Júnior, Militão, Rodrygo e Endrick jogadores de confiança, com quem atuou no Real Madrid, deve insistir neles, o que é normal. O problema será lhes dar a condição de titulares absolutos, sendo que, com exceção do jovem de 18 anos, nenhum deles está rendendo na Seleção.

Sobre esse ponto, podemos afirmar com relativa tranquilidade que, ao colocar um treinador que não conhece minimamente o futebol brasileiro — isto é, o que se joga em território nacional, sua história e a forma como se organiza —, as estrelinhas apagadas da Europa devem ser chamadas em detrimento dos craques dos nossos clubes.

Jogadores que estão acostumados com a moleza europeia — viagens curtas, muita estrutura, campos bons, times medíocres — contra jogadores que disputam o Campeonato Brasileiro, o mais difícil e competitivo do mundo, e estão acostumados a viagens longas e cansativas, a jogar na altitude pela Libertadores etc.

Nesse sentido, se um dos problemas da Seleção é a falta de capacidade de superar adversidades,  não são as “estrelas” de clubes médios da Europa que vão resolver, mas jogadores de clubes campeões e competitivos do Brasil, que devem ser a espinha dorsal da Canarinho, sendo os craques dos maiores clubes europeus (Raphinha e Vini, por exemplo) complementos para dar mais qualidade ao escrete nacional.

A Seleção Brasileira não precisa das dondocas europeias para voltar ao topo, mas sim de homens valentes, guerreiros brasileiros, ao estilo dos bandeirantes e dos tupiniquins, como diriam os românticos — ou, como diria Nelson Rodrigues, de Feras de João Saldanha.

Para não haver dúvidas sobre a atual situação, numa crítica aos setores ultra-esquerdistas, dizemos: como brasileiros, apoiaremos a Seleção Brasileira em qualquer situação, com ou sem técnico estrangeiro. Torceremos por vitórias e temos ciência de que o dia da vergonha e do vira-latismo é culpa integral da CBF. Não torceremos contra nossa cultura disfarçando tal posição de “nacionalismo”. Com a Seleção Brasileira, iremos até o fim.

Por outro lado, diante do anúncio de Ancelotti e das crises promovidas recentemente por Ednaldo e sua corja, urge uma mobilização contra a CBF em defesa dos interesses do povo brasileiro e de seu futebol. Pela volta das gerais, pelo barateamento dos ingressos dos estádios, contra a perseguição às torcidas organizadas, pelo controle dos clubes pelos seus torcedores, contra o êxodo dos nossos craques para o estrangeiro e por eleições diretas para a CBF. Chega de cartolas inimigos do Brasil, o futebol é do povo, um patrimônio da classe operária brasileira, e precisa ser recuperado!

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