Nesse domingo (9), o presidenciável mais popular da Romênia, Calin Georgescu, teve seus direitos eleitorais cancelados pelo Birô Eleitoral Central (BEC) de seu país. Georgescu, que se opõe à União Europeia, à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e ao regime ucraniano de Vladimir Zelensqui, liderava as pesquisas de intenção de voto.
Ao saber da decisão tomada pelo BEC, Georgescu classificou a União Europeia como uma “ditadura” e afirmou que seu país está “sob tirania”. O BEC descartou a candidatura de Georgescu alegando sua suposta postura “antidemocrática” e “extremista”. De acordo com a decisão publicada, ele teria “descumprido as regras do procedimento eleitoral, violando a própria obrigação… de defender a democracia”.
“Um golpe direto no coração da democracia mundial! Tenho apenas uma mensagem! Se a democracia na Romênia cair, todo o mundo democrático cairá! Isso é apenas o começo. É simples assim! A Europa agora é uma ditadura; a Romênia está sob tirania!”, escreveu o líder romeno no X, em momento em que tinha entre 40% e 45% das intenções de voto.
A decisão do BEC gerou confrontos entre apoiadores de Georgescu e a polícia em frente ao prédio do órgão eleitoral. Manifestantes tentaram romper as barreiras erguidas pelas forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Georgescu havia ganhado destaque em novembro de 2024 ao vencer surpreendentemente o primeiro turno das eleições presidenciais, obtendo 23% dos votos. No entanto, o resultado foi anulado pelo Tribunal Constitucional da Romênia, que alegou “irregularidades” na campanha e apontou suposta “interferência russa”.
Investigações preliminares indicaram que as “irregularidades” teriam sido causadas por uma consultoria ligada ao Partido Nacional Liberal (PNL), do atual presidente, que buscava prejudicar outro candidato, mas acabou impulsionando Georgescu por acidente. A imprensa romena também relatou que Georgescu era suspeito de violar leis de financiamento de campanha ao não declarar doações de empresários ricos.
A Rússia negou qualquer tentativa de influenciar as eleições na Romênia. “Já refutamos repetidamente essas especulações infundadas e reiteramos: a Rússia não tem o hábito de interferir nos assuntos alheios”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, a jornalistas nessa semana.
No mês passado, Georgescu foi preso e acusado de “promover ideologias fascistas, racistas ou xenófobas” e de planejar “atos anticonstitucionais”. Em resposta, o candidato alegou que estava sendo alvo de uma ofensiva do “Estado profundo” romeno e chegou a pedir ajuda ao hoje presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O caso romeno chama muito atenção porque revela duas tendências importantes na situação política mundial. A primeira é a de que o imperialismo quer a guerra. Para não perder a sua dominação sobre o Leste Europeu, ele está disposto a aumentar as provocações contra a Rússia e, portanto, perseguir os opositores dessa política. A segunda tendência é a de utilizar a farsa da “defesa da democracia” para levar adiante regimes cada vez mais abertamente antidemocráticos.
Se proibir um candidato de participar de uma eleição já é, em si, algo antidemocrático, mais ainda é fazê-lo por suas opiniões. O imperialismo, assim, põe as claras o seu real motivo de impedir a candidatura de Georgescu: o líder romeno não pode concorrer porque não é um aliado do imperialismo.