A esquerda, embriagada pelas ações ilusoriamente favoráveis à democracia por parte do STF, agora aplaude quando seus ministros aplicam uma pena violenta e draconiana a uma mulher que escreveu “perdeu mané” em um monumento em Brasília. Ao fazer isso, exaltam um dos pilares da ideologia da extrema direita: o punitivismo, que sustenta a jurisdição americana e sua defesa da pena capital, e até mesmo os seus ídolos mais recentes, como Nayib Bukele. Com isso, aumentam exponencialmente a população carcerária, usando como substrato ideológico uma perspectiva moral, sem levar em consideração os fatores que estão na gênese da criminalidade: a sociedade de classes e o capitalismo concentrador de renda.
A única ação desta bolsonarista foi o batom na estátua. Ninguém pode ser condenado por organizar um acampamento, escrever suas ideias no Facebook ou querer o fim de um governo. Quem pode fazer a conexão entre um batom na estátua e a derrubada de um governo? Não existe justificativa jurídica para essa sentença absurda. Olhem os autos!!! Na sentença não se lê nada sobre acampamentos ou suas ideias. Ela foi mesmo condenada pelo “crime hediondo” de passar batom numa estátua. Essa sentença é criminosa e a esquerda cirandeira, que hoje bate palma para os golpistas do STF, em breve vai lamentar. Haverá choro e ranger de dentes.
Que isso tenha sido escrito pelo Zeca Dirceu, cujo pai foi condenado (e posteriormente perdoado) pelo mesmo STF lacaio dos interesses imperialistas – usando para isso a famosa frase “não tenho provas, mas a jurisprudência internacional me permite” – é absolutamente surreal. Esse tipo de apoio a uma instituição burguesa venal, que foi responsável pelo golpe em Dilma e pela prisão ilegal de Lula é inaceitável.
Pior, colocar na prisão uma mãe cujo único crime factual foi riscar de batom uma estátua (o resto não passa de conjecturas), recebe o apoio da esquerda, que será a próxima vítima do poder absoluto da suprema corte. Enquanto essa esquerda identitária não entender que o bolsonarismo é apenas a ponta incomoda e boquirrota do poder burguês, continuaremos a apostar nesse punitivismo cafona e cruel.