Em reportagem intitulada From Betar to Shomrim, re-emergence of Zionist private militias in the West, “Do Betar ao Shomrim, a reemergência de milícias sionistas privadas no Ocidente”, publicada no último dia 25 no sítio do jornal iraniano PressTV, David Miller, apoiando-se no judeu anti-sionista Alon Mizrahi, traça um panorama alarmante, demonstrando o ressurgimento e o fortalecimento de milicias sionistas dentro de diversos países imperialistas, com o foco nos EUA e no Reino Unido, e a anuência dos governos para a sua atuação. Podemos pensar, por exemplo, na repressão ao movimento estudantil na UCLA, a Universidade da Califórnia em Los Angeles, realizada por elementos ligados à Magen Am, uma milicia sionista privada, enquanto eram protegidos pela polícia.
Dentre os grupos fascistas-sionistas anteriores ao estabelecimento de “Israel”, o Betar, ligado ao sionismo revisionista de Jabotinsky, é um dos mais importantes. O pai do atual primeiro-ministro Benjamin Netaniahu (Benzion Netaniahu), por exemplo, trabalhava para Jabotinsky.
David Miller começa contando brevemente a história do Betar, fundado em 1923, e sua profunda associação com os principais movimentos fascistas europeus:
“O Betar estava tão alinhado com os nazistas e os fascistas de Mussolini que era considerado colaboracionista. Até 1934, Jabotinsky e seu movimento juvenil Betar supostamente haviam ‘se aliado a Il Duce’, estabelecendo uma base naval ao norte de Roma.
No final daquele ano, Mussolini teria expressado apoio ao sionismo, especialmente a Jabotinsky, declarando: ‘Para o sionismo ter sucesso, vocês precisam de um Estado Judeu, com uma bandeira judaica e um idioma judaico. Quem compreende isso é o seu fascista, Jabotinsky.’
Essa afirmação foi feita ‘durante uma conversa privada com Nahum Goldman, fundador do Congresso Judaico Mundial, em novembro de 1934’, conforme relatado por Lenni Brenner em Sionismo na Era dos Ditadores.
Muitos membros importantes do Betar serviram na polícia colaboracionista que supervisionava o Gueto de Vilna, na Lituânia, e participaram da delação de judeus escondidos aos nazistas.
Um desses membros, Lotek Salzwasser, foi executado por partisans judeus em 1943 por colaboração, de acordo com reportagens da imprensa israelense.”
A história do Betar não é restrita ao passado: a organização ainda existe, inclusive enquanto milícia armada, tendo ameaçado de morte em março a relatora especialista da ONU na questão palestina, Francesca Albanese. No resto da matéria, o autor se dedica a descrever duas organizações sionistas “modernas”: a Magen Am, citada anteriormente, e a Shomrim. Sobre a primeira, fundada em 2017, Miller escreve:
“A Magen Am desempenhou um papel notoriamente violento nas tentativas de desmontar o acampamento estudantil na UCLA. O grupo frequentemente se gaba de seus laços estreitos com a LAPD (Polícia de Los Angeles), compartilhando inúmeras fotos de interações amigáveis com policiais.
Relatos indicam que a Magen Am colaborou diretamente com as forças da lei, incluindo trabalhar em conjunto com a LAPD para intimidar e atacar manifestantes estudantis no campus da UCLA.
A Magen Am, é claro, recruta veteranos do programa Lone Soldier das forças de ocupação, e alguns depois retornam para ‘servir’ no genocídio, como eles próprios orgulhosamente afirmam.”
A segunda se trata de uma organização um pouco diferente, a Shomrim se comporta como uma espécie de polícia de patrulha judaica, que opera em partes dos EUA, do Reino Unido, da Austrália e da Bélgica. O autor escreve sobre a relação entre a organização e a polícia britânica:
“Inicialmente, a polícia britânica resistiu às atividades do Shomrim. Em 2008, o superintendente-chefe Steve Bending, então comandante do distrito de Hackney, declarou: ‘Não apoio o conceito de qualquer comunidade ter seu próprio serviço de patrulha. Há o risco de outras comunidades se sentirem intimidadas por essa iniciativa.’
[…]
Mas a penetração na polícia agora está muito mais avançada, e a cooperação é a regra do jogo. Há inúmeros exemplos de relações aparentemente cordiais entre os dois na internet.”
Miller termina a reportagem com uma citação muito oportuna de Alon Mizrahi acerca de um braço da Shomrim nos EUA:
“Eles fingem estar se defendendo no país mais amigável aos judeus da história. Enquanto cometem genocídio. Em um país que odeia tanto os judeus que precisamos de uma força policial privada somente para judeus nos EUA.
E não tenho dúvidas de que, se conseguirem normalizar isso — com o status que os judeus sionistas conseguiram criar para si nos EUA —, se essa polícia judaica usar violência contra negros, organizadores negros em comunidades que se opõem ao genocídio, ou outros grupos migrantes, ou qualquer outro grupo… a polícia americana será capaz de processá-los?
De usar a lei contra eles? Acho que não. Se você faz parte do sistema americano, se tem algum papel em qualquer esfera do governo dos EUA, na polícia ou em qualquer outra agência, acho que, neste ponto, está claro para você que judeus sionistas estão acima da lei.
A lei não se aplica a eles. Então, não há meios filosóficos ou legais para lidar com isso. E os sionistas sabem disso.”
Se a atuação vergonhosa da PF em contrabandear um soldado sionista, que cometeu crimes de guerra na Faixa de Gaza, antes de ser intimado serve de parâmetro, o comentário de Mizrahi também é apropriado para a situação brasileira.