História

Ditaduras construídas pelo imperialismo ‘democrático’ – Parte 1

Após Segunda Guerra Mundial, imperialismo, com Estados Unidos no timão, decide exportar o fascismo para os cinco continentes

Nos dias de hoje, a palavra “democracia” foi elevada a uma condição divina. A “democracia”, dizem, é como uma santa. Pura, imaculada. Deve-se venerá-la e adorá-la.

Curiosamente, ao mesmo tempo em que a propaganda em torno da “democracia” se intensifica, o fascismo se propaga. É o caso da Faixa de Gaza, onde “Israel” cria, a cada dia, um novo crime contra a humanidade. É o caso da Ucrânia, onde o país foi entregue a batalhões nazistas, desde que eles cumprissem a tarefa de liquidar a população russófila da região. É o caso da França, que prendeu o dono do Telegram para tentar forçá-lo a um acordo em torno das diretrizes do aplicativo de mensagens.

Uma rápida análise em cada caso mostrará que, na verdade, não há contradição entre a propaganda em defesa da “democracia” e o estabelecimento destes regimes. Afinal, os grandes responsáveis pelo seu estabelecimento são os que mais fazem propaganda da “democracia”, a fim de encobrir os seus crimes. A começar pelos Estados Unidos, que se autointitulam “a maior democracia do mundo”, mas que estão por trás de todos os golpes de Estado contrarrevolucionários dos últimos 80 anos.

Se cresce a propaganda em torno da “democracia”, é porque há a necessidade de aumentar a repressão em escala mundial. O imperialismo está em uma contra-ofensiva, buscando disciplinar o mundo inteiro, que está cada dia mais revoltado com sua dominação. É por causa desta contra-ofensiva que surge a necessidade de colocar a “democracia” no altar.

Esta política, no entanto, não é nova. Ela é, no final das contas, a reprodução da mesma política levada adiante pelo imperialismo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Depois de a humanidade experimentar o conflito mais destrutivo de sua história, o mundo estava à beira de uma grande explosão. O fim da Segunda Guerra inaugurou uma etapa de muitas revoluções, como nunca havia acontecido na história do capitalismo.

Estas revoluções colocaram a própria existência do capitalismo em xeque. Após a derrota do fascismo na Itália e na França, criaram-se as condições para que a classe operária destes países tomassem o poder. Não fosse a traição da burocracia stalinista que controlava a União Soviética, uma revolução proletária poderia ter ocorrido no centro do imperialismo europeu. Em países de terceira linha, como Albânia e Checoslováquia, a expropriação da burguesia efetivamente aconteceu.

A maior derrota do imperialismo, no entanto, ocorreria quatro anos após a Segunda Guerra. O país mais populoso do mundo, a China, passou por uma grande revolução comandada pelo Partido Comunista Chinês.

Era necessário reagir a essa onda revolucionária. Se o imperialismo não reagisse energicamente, acabaria permitindo que todos os países do mundo se rebelassem contra ele. Era necessário organizar uma contra-ofensiva.

E ela logo veio. Conhecido como período da Guerra Fria, os anos após a Segunda Guerra Mundial foram um período no qual o imperialismo partiu para uma política extremamente agressiva, visando sufocar toda e qualquer dissidência. Vieram, então, incontáveis golpes de Estado e ditaduras brutais – todas elas, não por acaso, com vários elementos incorporados do fascismo.

A Segunda Guerra Mundial é apresentada por um setor da esquerda pequeno-burguesa mundial – em especial, pelos saudosos do stalinismo – como uma vitória da “democracia” contra o fascismo. Mas, na verdade, é a vitória do fascismo sobre todos os países do mundo, a expansão do fascismo.

Todos os países da América Latina, com raríssimas exceções, vão sucumbir à política do imperialismo de golpes de Estado e de implantação de ditaduras militares das mais perversas possíveis. O Brasil, por exemplo, sofreu golpes em 1945, 1954 e em 1964.

Nos países imperialistas, também aconteceu um processo semelhante. A maioria dos países depois da guerra ingressa numa ditadura, mesmo que velada. Nos Estados Unidos, o macartismo estabeleceu um regime de duríssima perseguição. Na Europa, houve uma evolução à direita dos regimes que só não se transformaram em ditaduras porque houve uma reação popular muito grande, como na Alemanha e Itália, onde o movimento estudantil e depois as organizações armadas denunciaram o perigo da tomada do poder pelos fascistas.

A partir desta edição de número 7.805, iniciaremos uma série exclusiva do Diário Causa Operária sobre as centenas de ditaduras instauradas após a Segunda Guerra Mundial. Acompanhe por aqui e saiba como a “democracia” serviu de fachada para uma operação que tornou o mundo inteiro refém do fascismo.

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