História da Palestina

Al-Qadir Husseini, comandante revolucionário, mártir de al-Qastal

Filho do pai do nacionalismo palestina, Musa Cazin, Al-Qadir liderou a luta armada palestina de 1936 até o seu martírio em 1948, ano da criação do Estado de “Israel”

Abd al-Qadir al-Husseini foi um importante líder palestino da família dos Husseinis, que governava Jerusalém desde o século XVIII. No início da luta contra o sionismo, na década de 1910, muitos Husseinis aparecem como figuras de destaque. Ele nasceu em 1908 em Istambul e era filho de Musa Cazim al-Husseini, uma especie de pai do nacionalismo palestina. Sendo um jovem na década de 1930, uma período revolucionário, ele se transformou em um grande líder da luta armada pela libertação da Palestina.

Estudou na Escola Raudat al-Marif al-Uatania e na Escola Bishop Gobat (Zion College) em Jerusalém. Então se matriculou na faculdade de Ciências da Universidade Americana do Cairo para estudar matemática. Frequentava regularmente os escritórios do jornal Shura, publicado por Muhammad Ali al-Tahir, e contribuiu com alguns artigos.

Durante sua cerimônia de formatura em 1932 há um dos mais antigos registros de sua luta contra o sionismo. Ele levantou-se e acusou a universidade de ser um instrumento do imperialismo, sendo imediatamente expulso do Egito.

No início de 1933, Husseini retornou a Jerusalém para trabalhar como funcionário no Escritório de Assentamento de Terras; também contribuiu com artigos para o jornal al-Jami‘a al-Islamiyya em Jafa, centro economico da Palestina que seria destruído pelos sionistas que transformaram a cidade em Telavive. Quando o Partido Árabe Palestino, ao qual ele havia se juntado, lançou o jornal Liwa’, ele integrou o conselho editorial.

Dois anos depois, renunciou ao seu cargo oficial para se dedicar à luta nacionalista. Assumiu o escritório do Partido Árabe Palestino em Jerusalém e, junto com outros jovens nacionalistas, começou a formar um grupo armado para lutar contra os britânicos. Eles haviam tomado controle da Palestina em 1917 quando Al-Qadir ainda era criança, foi depois dessa data que a migração em massa dos sionistas europeus começou.

O ano de 1936 é o marco da luta do povo palestino pois foi quando se iniciou uma gigantesca revolução. Os britânicos precisaram de 3 anos para esmagar as milícias armadas de palestinos que se formaram em todo o país.

Husseini foi um dos fundadores da Organização da Guerra Sagrada (al-Jihad al-muqaddas) no distrito de Jerusalém. Quando o famoso combatente sírio, Said al-As, chegou à Palestina com um grupo armado, Al-Qadir lutou ao lado dele em várias batalhas.

No início de outubro de 1936, o exército britânico prendeu Husseini, que havia sido ferido na batalha de al-Khudr, no distrito de Belém (onde Said al-As foi morto). Algemado, ele foi levado ao Hospital Militar de Jerusalém, mas conseguiu escapar para Damasco, onde continuou seu tratamento médico.

Husseini retornou secretamente à Palestina em 1938 para continuar a luta, num momento em que a revolução armada se intensificava. Em outubro de 1938, ele foi gravemente ferido em uma grande batalha entre combatentes palestinos e as forças britânicas na região de Bani Naim (entre Belém e Hebrom) e foi levado secretamente a um hospital em Hebrom para tratamento.

Com a derrota da revolução Husseini se exilou no Líbano e depois no Iraque, onde se juntou a um curso especial de treinamento para oficiais da reserva em Bagdá, formando-se como oficial seis meses depois. Ele então lecionou matemática na Academia Militar (Campo al-Rashid) e na Escola Secundária Tafaiud em Bagdá.

Em abril de 1941, participou da revolta dos oficiais nacionalistas iraquianos liderada pelo primeiro-ministro Rashid Ali al-Cailani contra as forças britânicas. Após a derrota da revolta, em julho daquele ano, foi preso e exilado na cidade de Zakhu, na fronteira com a Turquia.

Depois disso o rei da Arábia Saudita Abdulaziz Ibn Saud convidou Husseini para seu país devido à amizade entre o rei e seu pai, Musa Cazim. Ele permaneceu lá por dois anos como hóspede do rei, período durante o qual viajou secretamente para a Alemanha, onde passou seis semanas em uma instituição militar aprendendo sobre a fabricação e o uso de explosivos e minas.

No início de 1946, Husseini e sua família se mudaram de volta ao Cairo. O governo egípcio, controlado pelos britânicos, começou a articular mais uma vez sua expulsão, mas cedeu à pressão dos nacionalistas egípcios.

No Egito, Husseini organizou operações para comprar armas abandonadas no deserto ocidental, onde ocorreram grandes batalhas durante a guerra, e trabalhou para contrabandeá-las para o sul da Palestina via al-Arish e para o norte da Palestina através do porto libanês de Sidon.

Em dezembro de 1947, Husseini retornou clandestinamente à Palestina pela fronteira egípcia. Quando o Comitê Superior Árabe anunciou a guerra após a Resolução da Partilha da ONU, a entrega de mais da metade do território palestino para os sionistas.

Husseini reformou o Exército da Guerra Sagrada (Jaysh al-jihad al-muqaddas) e foi escolhido como seu comandante. Sob seu comando, essas forças conquistaram várias vitórias significativas contra as forças sionistas em Jerusalém, nos assentamentos próximos e nas linhas de comunicação que levavam à cidade. A unidade de explosivos dessas forças realizou uma série de operações importantes, sendo a mais famosa a explosão do prédio da Agência Judaica em Jerusalém, o centro da atividade sionista na cidade.

No final de março de 1948, Husseini viajou para Damasco para entrar em contato com o Comitê Militar da Liga Árabe, responsável pelos combates na Palestina. Ele queria que o comitê lhe fornecesse armas equivalentes às dos sionistas para defender Jerusalém. Enquanto estava na capital síria, recebeu a notícia de que um grande ataque sionista havia sido lançado contra Jerusalém; os atacantes conseguiram ocupar a vila de al-Qastal, uma posição estratégica que dominava a estrada principal entre Jerusalém e Jafa.

Husseini voltou de Damasco profundamente desapontado por ter falhado em sua missão junto ao Comitê Militar e foi diretamente ao campo de batalha, onde liderou um contra-ataque desesperado para recuperar a vila de al-Qastal; ele foi morto em combate em 8 de abril de 1948.

Em sua homenagem Comitê Superior Árabe referiu-se a ele como “um grande e heroico comandante que liderou bravamente as batalhas de jiad em defesa da Palestina desde 1936”. Jornais de todo o mundo árabe o homenagearam. Seu velório foi um ato público gigantesco. Ele foi enterrado próximo ao Santuário Nobre (Haram al-Sharif) em Jerusalém, ao lado de seu pai, Musa Cazim.

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