História da Palestina

Musa Husseini, prefeito de Jerusalém assassinado pelos britânicos

Nascido em 1853 ele se tornou um dos primeiros líderes palestinos na luta contra o sionismo já em 1917, quando os britânicos tomaram a Palestina

A luta contra o sionismo na Palestina começou antes mesmo da invasão britânica em 1917. A família mais influente do país, que governava Jerusalém, era a dos Husseinis, que desempenharam um papel central na resistência ao imperialismo. Uma das figuras mais importantes foi Musa Cazim Husseini, prefeito de Jerusalém e líder do Comitê Executivo Árabe, a principal organização que representava os palestinos diante do império britânico.

Musa Cazim Husseini nasceu em Jerusalém em 1853 e recebeu sua educação inicial na cidade. Posteriormente, mudou-se para Istambul, então capital do Império Otomano, onde estudou no Maktab Sultani, instituição que preparava seus alunos para cargos de destaque no governo otomano, que à época administrava a Palestina.

Em 1880, iniciou sua carreira pública como escrivão sênior no Ministério da Saúde e, no ano seguinte, foi promovido. Atuou em diversas cidades da Palestina e da Síria, como Jafa, Safad, Harem (província de Alepo), Acre e Ajlun. Em 1896, foi nomeado mutasarrif e designado para diversas regiões, incluindo Asir, Najd e Su‘ud (na Arábia), Bitlis e Arjmidan (na Anatólia), além de Hauran (na Síria) e al-Muntafiq (no Iraque). Eventualmente, retornou à Síria, onde recebeu do sultanato otomano o título de Paxá. Após se aposentar em 1913, voltou a Jerusalém e permaneceu na cidade durante os quatro anos da Primeira Guerra Mundial.

A luta contra o sionismo

Após a invasão britânica em 1917, assumiu a prefeitura de Jerusalém em 1918, sucedendo seu irmão Hussein Salim. Durante seu mandato, recusou a adoção do hebraico como língua oficial do município.

Na primavera de 1919, participou de uma reunião de nacionalistas palestinos em Jerusalém, realizada antes da chegada da Comissão King-Crane dos Estados Unidos à Palestina. O encontro definiu a reivindicação pela independência total da Síria e pela autonomia interna da Palestina, além da rejeição ao sionismo e à Declaração Balfour, que estabelecia a criação de um “lar nacional judaico”. Naquele momento, a ideia de Bilad al-Sham, a Grande Síria, era amplamente defendida no mundo árabe.

As autoridades britânicas o acusaram de incitar confrontos entre árabes e sionistas em abril de 1920. Como retaliação, o Alto Comissário Britânico o destituiu do cargo e nomeou Raghib al-Nashashibi como interventor em seu lugar.

No Terceiro Congresso Nacional Palestino, realizado em Haifa em dezembro de 1920, foi eleito presidente do Comitê Executivo Árabe, cargo que ocupou até sua morte. Sob sua liderança, o congresso declarou a Declaração Balfour nula e sem efeito, exigiu o fim da imigração sionista e propôs a formação de um governo nacional responsável perante um parlamento eleito pelo povo palestino, garantindo os direitos da minoria judaica.

Em 1921, Husseini liderou uma delegação enviada pelo Quarto Congresso Nacional Palestino a Londres, com o objetivo de pressionar o governo britânico a abandonar a política da Declaração Balfour e apresentar a questão palestina à opinião pública britânica. Como resultado, a Câmara dos Lordes rejeitou, em 20 de junho de 1922, o Instrumento do Mandato para a Palestina, que incluía a Declaração Balfour. No entanto, a Câmara dos Comuns aprovou, em 4 de julho de 1922, uma resolução apoiando a criação de um “lar nacional judaico” na Palestina. Durante a década de 1920, Husseini continuou liderando delegações palestinas em negociações com as autoridades britânicas.

Após a revolta palestina de al-Buraq, em agosto de 1929, voltou a chefiar uma delegação a Londres em março de 1930, tentando convencer o governo britânico a moderar sua política colonialista. Diante do fracasso das negociações, declarou em telegrama enviado ao Comitê Executivo Árabe em Jerusalém: “a causa árabe na Palestina não encontrará uma solução justa nas mãos do governo britânico, que está sob influência sionista”.

A luta de Husseini na década de 1930

Em setembro de 1932, supervisionou a criação do Fundo Nacional (ou Projeto do Piaster), destinado a preservar as terras árabes e impedir sua aquisição por colonos sionistas. Esse fundo tornou-se a base da Companhia Árabe para Salvar as Terras da Palestina, fundada em outubro do mesmo ano.

Mesmo aos 80 anos, liderou duas grandes manifestações: uma em Jerusalém, em 13 de outubro de 1933, e outra em Jafa, em 27 de outubro. Ambos os protestos condenavam as políticas do Mandato Britânico e exigiam o fim da imigração sionista e da expropriação de terras árabes. Durante a manifestação em Jafa, Husseini foi atingido na testa por um golpe de cassetete desferido por um policial britânico montado, sendo hospitalizado.

Morreu em 26 de março de 1934, sem jamais se recuperar totalmente dos ferimentos sofridos na repressão em Jafa. Seu funeral reuniu milhares de palestinos, e ele foi sepultado na Madrasa Khatunia, perto de Bab al-Hadid, a oeste do Haram. Mais tarde, seu filho Abd al-Qadir, herói da batalha de al-Qastal em 1948, também foi enterrado no mesmo local.

Musa Cazim Husseini foi um líder nacionalista e é considerado o pai do movimento nacional palestino. Durante todos os anos em que presidiu o Comitê Executivo Árabe, opôs-se à Declaração Balfour e ao sionismo. Apesar de não pertencer à ala mais combativa da resistência, desempenhou um papel crucial nos primeiros anos da luta contra o projeto colonial sionista na Palestina.

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