Desde o Acordo de Oslo de 1993, o campo de refugiados de Jenin e a região em seu entorno estão no que é considerado como Área A do Acordo. A Área A, que compreende aproximadamente 18% da Cisjordânia, deve estar, segundo o acordo, sob o controle total da Autoridade Palestina (AP). Isso significa que a AP administra os assuntos civis e a segurança nessa área.
No entanto, nas últimas décadas, “Israel” vem realizando repetidos ataques no campo de refugiados. Mais recentemente, no final de maio, o exército israelense invadiu o local assassinando vários palestinos antes de trazer escavadeiras fabricadas nos Estados Unidos que cavavam estradas de asfalto, instalações de infraestrutura e demoliam casas.
Ignorando completamente a responsabilidade da Autoridade Palestina na Área A sob o Acordo de Oslo, as forças sionistas operam livremente no território, invadindo e prendendo palestinos em qualquer cidade, vila ou campo de refugiados em toda a Cisjordânia. Em agosto passado, o exército israelense lançou incursões em grande escala em cidades e vilas designadas como Área A, matando dezenas de palestinos.
No campo de Jenin, os militares israelenses isolaram completamente a área do mundo exterior – bloqueando as comunicações, barrando jornalistas externos e restringindo o acesso a comida e água. Após pelo menos uma semana de ataques, mais de 30 palestinos foram assassinados e dezenas foram presos sem acusação. De acordo com um relatório da ONU, no ano passado, mais de 630 palestinos foram assassinados por “Israel” na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
Além disso, os ataques de colonos judeus israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental aumentaram significativamente desde a formação do novo governo de Benjamin Netaniahu. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, pelo menos 1.423 ataques de colonos foram documentados no ano passado, uma média de quatro por dia. Esses ataques contam com a conivência e, muitas vezes, com a participação do exército israelense.
Enquanto isso, os palestinos que tentam defender suas propriedades são presos ou mortos. Esse sistema legal duplo – onde os colonos agem com impunidade enquanto os palestinos sofrem um regime militar severo – resume as condições do apartheid que impera nos territórios invadidos por “Israel”.
Desde dezembro, o exército israelense travou uma ampla campanha militar no campo de refugiados de Balata, em Nablus, Tubas, cidades fora de Ramalá e Qalqilia, na Cisjordânia. Em Hebrom, as forças israelenses começaram a demolir uma nova estrada colonial ao sul de Hebron, arrancando árvores, arrasando e confiscando terras palestinas em benefício de novas colônias exclusivas para judeus.
Não bastasse todo o sofrimento causado pelos monstros sionistas, a Autoridade Palestina decidiu lançar, em dezembro de 2024, uma operação traíra, criminosa e de nome cínico. A “Operação Proteger a Pátria” visa proteger… os soldados sionistas que estão sendo enfrentados pela Resistência Palestina!
Proteger a pátria para a Autoridade Palestina deveria significar defender as cidades palestinas do exército invasor de ocupação, proteger os agricultores palestinos dos ataques dos colonos e resistir à construção de estradas coloniais e à expropriação de terras palestinas – não desarmar as únicas forças que desafiam a ocupação israelense e suas políticas racistas. No entanto, a preocupação da Autoridade Palestina, uma vez que se trata de uma burocracia extremamente corrupta a serviço da ocupação, é reprimir a Resistência para impedir que ela se torne uma unanimidade na Cisjordânia.
Com o sucesso do Hamas na Faixa de Gaza, surgem, a cada dia, grupos guerrilheiros pegando em armas contra “Israel”. Esses grupos, inevitavelmente, acabarão se insurgindo contra a Autoridade Palestina, na medida em que nunca teve a mesma postura, de enfrentar os invasores. A “Operação Proteger a Pátria”, portanto, segue tão-somente a esse propósito: colaborar com o sionismo para o combate à heroica Resistência Palestina.
Lançar uma operação como essa, ainda mais no momento em que o Hamas está conquistando um acordo histórico de cessar-fogo, é uma traição sem tamanho. É preciso pôr abaixo a operação criminosa de Mahmoud Abbas, presidente ilegítimo da Autoridade Palestina.