O governo fascista de Nayib Bukele é apresentado pela direita internacional como um modelo de sucesso, supostamente responsável por “pacificar” El Salvador. Nesta edição do Diário Causa Operária, denunciamos o caráter fascista dessa ditadura, trazendo a realidade chocantes de trabalhadores e jovens que tiveram suas vidas destruídas pela repressão estatal. Com uma taxa de encarceramento sem precedentes e um sistema prisional superlotado, Bukele governa à margem da legalidade, atropelando todas as garantias básicas e submetendo dezenas de milhares de pessoas a condições desumanas.
El Salvador se tornou, sob o governo de Bukele, o país com a maior taxa de encarceramento do planeta. Em março de 2024, a população carcerária chegou a 109.519 pessoas, resultando em uma taxa de 1.659 presos para cada 100.000 habitantes.
Para efeito de comparação, os Estados Unidos, que historicamente lideram as estatísticas de encarceramento, possuem uma taxa de aproximadamente 600 presos por 100.000 habitantes. Esse número exorbitante é reflexo direto da política de repressão imposta pelo regime de Bukele, que governa com mão de ferro desde que instaurou o estado de exceção em 2022.
O sistema prisional salvadorenho é composto por 25 estabelecimentos penitenciários, sendo 24 prisões e um hospital seguro. No entanto, a capacidade oficial dessas instalações é de apenas 67.289 vagas, o que significa que o sistema opera com uma superlotação de 162,8%. O governo de Bukele se vangloria da construção de megaprisões, como a “Centro de Confinamento do Terrorismo” (CECOT), para tentar absorver uma enorme massa de 40 mil detentos, mas a realidade dentro dos presídios é alarmante.
As condições carcerárias são desumanas. A superlotação, aliada à falta de saneamento adequado, água potável e ventilação, transforma as prisões em verdadeiros campos de concentração modernos. Presos amontoados, sem acesso a atendimento médico digno e sob constante violência das forças de segurança, são o retrato do inferno penitenciário imposto pelo governo salvadorenho. A situação beira a calamidade pública e tem sido denunciada por organizações internacionais, mas Bukele continua promovendo sua política de horror.
Em 2021, 23,1% da população carcerária ainda aguardava julgamento. Com o endurecimento das medidas repressivas, esse percentual deve ter aumentado drasticamente, dado que o estado de exceção elimina garantias legais mínimas para os detidos. Qualquer pessoa pode ser presa sem necessidade de mandado judicial, bastando ser suspeita de ligação com gangues. Não há distinção entre culpados e inocentes; milhares de trabalhadores e jovens foram arbitrariamente encarcerados. O governo sequer disponibiliza dados sobre a população jovem encarcerada, ocultando informações do Instituto Salvadorenho da Infância e Adolescência (ISNA).
As mulheres compõem 7,4% dos presos no país, enquanto estrangeiros representam 1,3%. O governo aprovou recentemente uma lei que permite a detenção de adolescentes em prisões para adultos, ampliando ainda mais a repressão. O horror do regime não tem limites: criminaliza toda uma geração, reforça o aparato repressivo e transforma o país em uma grande prisão a céu aberto.
Desde 2022, Bukele ordenou a detenção de cerca de 83 mil pessoas. O argumento oficial é que isso contribuiu para reduzir os índices de homicídio no país. Ao mesmo tempo, a ausência de qualquer transparência e a repressão sistemática impedem que se avalie a real situação da criminalidade.
Enquanto isso, Bukele exporta seu modelo de repressão. O governo salvadorenho ofereceu seus megapresídios para receber presos norte-americanos. A proposta visa lucrar politicamente e financeiramente, consolidando o país como um laboratório de políticas autoritárias.
A direita internacional está empenhada em apresentar El Salvador como um caso de sucesso e pode até ser, se por “sucesso” compreende-se um regime acabadamente fascista. Para os trabalhadores, porém, a realidade é que, com Bukele, o imperialismo organizou um Estado policial no país centro-americano, onde qualquer um pode ser preso à revelia de qualquer conquista civilizatória como os ritos jurídicos normais para o mundo pós-Idade Média.
A transformação de El Salvador em um grande presídio não pode ser vista como modelo para nenhum país que se pretenda minimamente civilizado.