Editorial

A crise e a política da crise

Cercado por todos os lados, Lula insiste na política que resultou na atual crise

Nos últimos meses, a burguesia intensificou sua ofensiva contra o governo Lula.

O Banco Central (BC) de Galípolo mantém a mesma política do bolsonarista Campos Neto, elevando a taxa de juros a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia. O Legislativo, por sua vez, continua barrando as propostas do governo, que se desmoraliza cada vez mais diante da população por meio da política neoliberal de Fernando Haddad, da Economia.

Enquanto isso, três ministros foram demitidos por escândalos criados pela imprensa burguesa, que utilizou fofocas e informações privilegiadas da Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e afins para aprofundar a crise no Executivo. O caso mais grave é também o mais recente, do INSS: devido a uma matéria do Metrópoles, Lula pode ser alvo de uma nova operação Lava Jato.

Agora, a imprensa criou uma nova crise no interior do governo. O G1 publicou, afirmando ter informações privilegiadas da comitiva de ministros que acompanhou o presidente à China, que a primeira-ministra brasileira Janja “criou constrangimento em encontro de Lula com Xi Jinping ao falar de TikTok”. Questionado sobre o caso em coletiva de imprensa, o petista foi obrigado a se explicar:

“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança para a gente discutir a questão digital –sobretudo o TikTok. E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças. Não é possível a gente continuar com as redes sociais cometendo os absurdos que cometem, e a gente não ter a capacidade de fazer uma regulamentação.”

O mandatário brasileiro não deixou, no entanto, de criticar os membros de seu próprio governo:

“A primeira coisa que acho estranho é como é que essa pergunta chegou à imprensa. Porque estavam só os meus ministros lá, o Alcolumbre e o Elmar. Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa de um jantar muito confidencial e pessoal.  Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças. Foi só isso. Se algum ministro tivesse incomodado deveria ter pedido para sair da sala, eu teria autorizado. Foi uma coisa normal e ele vai mandar uma pessoa. Isso que importa. Não sei porque alguém achou que isso era novidade e foi falar para imprensa. A pergunta foi minha e eu não me senti incomodado. O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe, entende mais de rede digital do que eu”, disse.

O desastre de relações-públicas permite tirar algumas conclusões. A sabotagem da imprensa é evidente, os jornais da burguesia se aproveitam do que estiver a seu alcance para manchar a imagem de Lula. Ao mesmo tempo, o fato de que o vazamento veio de uma pessoa de dentro, de um ministro que tem confiança o suficiente do presidente para ser convidado a uma reunião a portas fechadas com Xi Jinping, mostra a fraqueza do governo. Mostra o nível da infiltração da burguesia dentro do Executivo.

Por outro lado, a resposta de Lula expressa o motivo pelo qual o governo está tão fraco. Quando colocado contra a parede, defende com ainda mais força a política que vai fortalecer a mesma imprensa que quer vê-lo no bueiro. Defende a política dos setores que estão sabotando o governo de dentro para fora, daqueles que cercam o governo por todos os lados.

Insistir nessa política é cavar a própria cova. Insistir na política criminosa da censura, na política do Ministério da Economia de Haddad, na ditadura que está sendo instaurada pelo Judiciário é jogar a toalha.

Lula está cercado não por acaso, mas porque decidiu cercar-se dos inimigos do povo. Em vez de romper com a burguesia, insiste em tentar governar “com ela”. Ao invés de mobilizar os explorados, aposta no Congresso, no Judiciário e na imprensa golpista. A crise — ou, pelo menos, o tamanho que atingiu — não é por acaso, é produto da política de conciliação. Ou rompe com essa política, ou será engolido por ela.

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