Em 8 de abril de 1888, na cidade de Florença, Itália, foi apresentada pela primeira vez ao público a tela Independência ou Morte, do artista brasileiro Pedro Américo. A obra retrata a proclamação da independência do Brasil por Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga. Com 4,15 metros de altura por 7,60 metros de largura, a pintura logo se consolidou como a imagem oficial do nascimento do Brasil enquanto nação independente, sendo também a representação mais reproduzida do episódio histórico.
A encomenda da obra foi feita em 1886 pelo governo da província de São Paulo, por meio da Comissão do Monumento do Ipiranga, presidida pelo conselheiro imperial Joaquim Inácio Ramalho. Pedro Américo assinou contrato comprometendo-se a concluir a pintura em até três anos.
Para compor a cena, o artista realizou uma extensa pesquisa histórica e iconográfica, consultando fontes escritas, entrevistando testemunhas e estudando as vestimentas e armas utilizadas no período da independência. No mesmo ano, Américo produziu um estudo preparatório, hoje localizado no Palácio Itamaraty, em Brasília.
A composição da tela reflete a influência da tradição da pintura histórica do século XIX. Américo estudou as técnicas e estilos de pintores consagrados como Ernest Meissonier e Horace Vernet, buscando dar à sua obra uma dimensão épica e monumental. O príncipe regente aparece montado num cavalo, com a espada erguida, cercado por soldados em marcha.
A cena se desenrola num campo aberto, às margens do riacho, com amplo domínio da perspectiva e da luz. A posição dos personagens, a movimentação dos animais e a representação dos detalhes conferem dinamismo e solenidade ao episódio.
Inicialmente, a recepção à obra foi extremamente positiva. Críticos de arte da época a classificaram como “colossal”, destacando sua força dramática, a precisão técnica e o engenho compositivo.
Três meses após sua estreia na Itália, a tela foi enviada ao Brasil e entregue ao governo paulista. Somente anos depois, em 7 de setembro de 1895, seria exposta pela primeira vez ao público brasileiro, por ocasião da inauguração do Museu Paulista, onde permanece até hoje como peça central do acervo.
Desde então, Independência ou Morte se tornou uma das imagens mais emblemáticas da história brasileira. Sua reprodução está presente em livros escolares, moedas comemorativas, selos e manuais de história.
A própria iconografia do Monumento à Independência do Brasil, no Ipiranga, utiliza elementos diretamente inspirados na composição de Pedro Américo. A pintura permanece como referência visual da ruptura entre Brasil e Portugal e é considerada patrimônio da cultura nacional.