Dia de hoje na história

25/4/1974: Revolução dos Cravos derruba fascismo português

Com apenas quatro mortes, causadas pela polícia política da ditadura, a revolução teve apoio massivo da população

Na última quinta-feira (25), completaram-se 50 anos da Revolução dos Cravos, movimento que, em 25 de abril de 1974, derrubou a ditadura fascista do Estado Novo em Portugal, vigente desde 1933. Liderada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), a revolução pôs fim a 41 anos de um regime de terror, desencadeando ainda a independência das colônias africanas portuguesas e abalando profundamente o imperialismo, em um processo que só seria estabilizado com o neoliberalismo nos anos 1990.

A ditadura do Estado Novo, instaurada após o golpe militar de 28 de maio de 1926, consolidou-se sob António de Oliveira Salazar, que governou de 1932 a 1968, e Marcello Caetano, seu sucessor até 1974. Marcado por censura, repressão policial e eleições fraudulentas, o regime dependia da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), treinada pela Gestapo e pela CIA, para silenciar opositores. Economicamente, o Estado Novo sustentava a ditadura imperialista no país, mantendo Portugal pobre e dependente da emigração, com milhares de cidadãos partindo para a Europa Ocidental a partir dos anos 1940. A Guerra Colonial (1961-1974), travada em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, consumia até 40% do orçamento estatal, agravando a crise econômica e o isolamento internacional do país, condenado pela ONU por sua recusa em descolonizar.

O MFA, formado por capitães que combateram na Guerra Colonial, surgiu em 1973, inicialmente com demandas corporativas, mas logo abraçou a luta contra o regime. Em 24 de abril de 1974, sob o comando de Otelo Saraiva de Carvalho, os militares instalaram um posto de comando em Lisboa. Às 22h55, a canção E depois do Adeus foi transmitida, sinalizando o início do golpe. Às 00h20 do dia 25, Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso, confirmou a operação. Tropas do MFA ocuparam pontos estratégicos, como o Terreiro do Paço e o Quartel do Carmo, onde Caetano se rendeu, exigindo que o poder fosse entregue ao general António de Spínola. Com apenas quatro mortes, causadas pela PIDE em Lisboa, a revolução teve apoio massivo da população, que distribuiu cravos aos soldados, símbolo do movimento.

A Junta de Salvação Nacional, liderada por Spínola, assumiu o governo provisório, implementando o programa do MFA: democratizar, descolonizar e desenvolver. A PIDE foi extinta, a censura abolida, presos políticos libertados e partidos legalizados. Finalmente, a Revolução dos Cravos também acelerou a descolonização da África.

Em 1974, a Guiné-Bissau, que já havia declarado independência em 1973, foi reconhecida. Em 1975, Moçambique, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe tornaram-se independentes. A ex-ministra da Justiça da Guiné-Bissau, Carmelita Pires, declarou: “nós, guineenses, não queremos ser imodestos, mas ouso dizer que fizemos uma contribuição não desprezível para o sucesso da Revolução dos Cravos. Por meio de nossa bem-sucedida guerra de libertação, apoiamos indiretamente as demandas do povo português pelo fim da era colonial e da guerra”.

Consequência da onda de independências na África, um dos principais efeitos positivos da Revolução foi enfraquecer o imperialismo. Após a derrota norte-americana no Vietnã, foi um evento desestabilizador para a ditadura mundial, contribuindo para uma crise que só seria superada com a consolidação do neoliberalismo nos anos 1990.

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