Em 10 de junho de 1999, após 78 dias de bombardeios ininterruptos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), comandada pelos Estados Unidos e integrada por seus principais aliados – Reino Unido, Alemanha, França, Itália, entre outros – anunciou a “suspensão” de sua ofensiva aérea contra a então República Federativa da Iugoslávia.
Sob o falso pretexto de uma “intervenção humanitária” em apoio a um grupo separatista albanês – o chamado Exército de Libertação do Kosovo (KLA) –, a OTAN promoveu a maior operação militar em solo europeu desde 1945. A ofensiva foi lançada sem qualquer autorização do Conselho de Segurança da ONU, em clara violação do direito internacional. O KLA, inicialmente um grupo reduzido, foi fortalecido com financiamento, treinamento e armamento da própria OTAN, para servir aos interesses das potências imperialistas na região.
Durante quase três meses, mais de 1.000 aeronaves realizaram cerca de 40 mil missões de ataque, lançando 6.000 toneladas de bombas e disparando 2.000 mísseis de cruzeiro. Hospitais, escolas, fábricas, pontes, comboios civis e até emissoras de televisão foram alvos deliberados da coalizão imperialista. Estimativas do governo iugoslavo à época apontam mais de 1.200 mortos e 5.000 feridos. Bombas de fragmentação arrasaram a cidade de Niš; um comboio de refugiados cosovares foi massacrado nas proximidades de Djakovica; um trem de passageiros foi atingido na ponte de Grdelica; milhares de sérvios e albaneses foram expulsos de suas casas. Os chamados “danos colaterais” eram, na realidade, crimes de guerra.
O impacto material foi igualmente devastador: estima-se que os prejuízos tenham alcançado US$100 bilhões em infraestrutura destruída, abrindo as portas para a penetração das multinacionais imperialistas nos Bálcãs, região estratégica para o controle de rotas energéticas e para a expansão de mercados.
O ataque foi parte de uma política para controlar a Europa Oriental após o desmantelamento da União Soviética, uma tentativa de redesenhar o mapa político do continente segundo os interesses do imperialismo, levando a OTAN às fronteiras da antiga esfera soviética e justificando sua atuação como uma força de ocupação a serviço do capital financeiro internacional.
A capitulação de Belgrado, imposta sob ocupação militar e sob a ameaça de novas agressões, não trouxe a paz ao Cosovo. Pelo contrário: inaugurou um novo ciclo de conflitos e serviu de justificativa para a ampliação da presença militar da OTAN em direção ao Leste europeu – processo que obrigou a Rússia a lançar sua operação militar especial para derrotar o imperialismo na Ucrânia.