Dia de hoje na história

11/4/1909: Sob os escombros de Jafá, sionistas criam Telavive

Muito antes de qualquer resistência, sionistas já massacravam e destruíam a história do povo palestino

A moderna cidade de Telavive, celebrada hoje como patrimônio da humanidade pela UNESCO, foi erguida sobre os escombros de Jafá, uma das cidades mais antigas do mundo (estima-se que tenha sido fundada no ano de 1800 antes de Cristo), e destruída pelo movimento sionista em sua marcha de colonização da Palestina.

Até o início do século XX, Jafá era uma cidade palestina próspera, com intensa atividade econômica e cultural, habitada por uma população diversa de muçulmanos, cristãos e judeus. Isso começou a mudar em 1906, com a chegada da comunidade sionista Ahuzat Bayit, que estabeleceu, às margens de Jafá, o embrião do que seria Telavive.

Segundo a versão propagandeada pela imprensa capitalista e por publicações abertamente sionistas, a fundação da cidade teria se dado de maneira pacífica, a partir da compra de terras e do sorteio de lotes entre 60 famílias judaicas, ocorrido em 11 de abril de 1909 no chamado Pomar Jibali. Há inclusive uma fotografia emblemática desse evento, que mostra homens, mulheres e crianças com roupas típicas da Europa posando diante de uma paisagem desértica — uma imagem construída para reforçar a mentira sionista de que se tratava de uma “terra sem povo”.

A própria publicação Morashá, ligada à propaganda sionista, cita a fala de Akiva Aryeh Weiss, um fervoroso militante polonês do movimento, que afirmou que Telavive seria “a única forma de continuar o trabalho de Theodor Herzl”, o pai do sionismo. A fundação da cidade, portanto, não foi um ato espontâneo ou isolado, mas parte de um projeto colonial organizado, financiado e politicamente orientado.

Apesar da maquiagem ideológica, a verdade é que Telavive nasceu como um enclave colonial planejado para tomar o lugar de Jafá. A aquisição inicial das terras se deu de forma irregular, por meio de empresários judeus, numa época em que os sionistas ainda se escondiam sob uma máscara de coexistência e dependiam da hospitalidade dos palestinos.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial e o início do mandato britânico na Palestina, os sionistas passaram a contar com apoio aberto do imperialismo inglês para expandir sua ocupação. A partir de então, a população árabe começou a reagir, com protestos e revoltas ainda desorganizadas na década de 1920, que culminaram em um levante mais amplo em 1936.

A verdadeira destruição de Jafá e a consolidação de Telavive como capital econômica da ocupação vieram com a Nakba, em 1948. Centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas casas, muitos deles massacrados por grupos paramilitares como o Irgun e a Haganá, responsáveis por inúmeros ataques brutais. Foi nesse processo de limpeza étnica que Jafá foi destruída, suas construções históricas demolidas para dar lugar ao símbolo do “modernismo israelense”, que hoje a UNESCO reconhece como patrimônio da humanidade.

Ainda em 1948, os sionistas anexaram mais territórios de maioria árabe, aprofundando a política de expulsão e destruição. A cidade palestina que existia ali foi deliberadamente apagada para ser substituída por um centro urbano judaico, símbolo da ocupação, construído sob os escombros de uma civilização milenar.

A ocupação sionista que deu origem a Telavive é exemplo emblemático do caráter destrutivo da política colonial que ainda hoje oprime o povo palestino. Com a repressão sistemática, os massacres e a expulsão em massa da população nativa precedem em décadas o surgimento de qualquer organização de resistência.

As primeiras revoltas organizadas ocorreram apenas em 1936. A OLP, por sua vez, só se consolidou nos anos 1960, e foi apenas no final da década de 1980, com as intifadas, que surgiram organizações como o Hamas e a Jihad Islâmica, impulsionadas pela ineficiência política da OLP frente ao avanço da colonização.

Telavive, portanto, não é uma cidade “moderna” no sentido neutro da palavra, mas um dos maiores símbolos da violência sionista na Palestina. Sua fundação não foi um ato de desenvolvimento urbano, mas de destruição de uma sociedade inteira. O apoio que recebeu do imperialismo britânico — e, posteriormente, do norte-americano — escancara que não se trata de uma política de “autodefesa”, como tentam justificar os propagandistas de “Israel”, mas de um projeto colonial com todas as características de uma limpeza étnica planejada.

Gostou do artigo? Faça uma doação!