Na última quinta-feira (24), a República Bolivariana da Venezuela divulgou uma nota oficial expressando sua indignação com o veto do Brasil à sua entrada no grupo BRICS, durante a Cúpula BRICS+ realizada em Kazan, na Rússia. O documento agradece ao presidente russo, Vladimir Putin, e ao povo russo, pelo convite feito ao presidente Nicolás Maduro para participar do evento. “A Venezuela, possuidora não só da maior reserva energética do mundo, mas também defensora dos valores, dos princípios e da visão de construir um mundo justo, multicêntrico e pluripolar, contou com o apoio e respaldo dos países participantes”, destacou o comunicado.
No entanto, o veto brasileiro, liderado pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, foi mantido durante o encontro, em uma decisão que, segundo a nota, “contradiz a natureza e os princípios dos BRICS”. A Venezuela afirma que a atitude do Brasil segue as políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que aplicou o veto originalmente. O governo venezuelano lamentou que o Itamaraty tenha “aderido em todo momento às políticas do Ocidente para atacar e não reconhecer a Revolução Bolivariana”.
Segundo artigo publicado pela revista Veja, durante a reunião anterior da Cúpula do BRICS, realizada na África do Sul, a atual presidente do banco do bloco, Dilma Rousseff, pediu a Lula que dispensasse Saboia. O diplomata ficou conhecido por ter comandado, em 2013, a operação de fuga do senador boliviano reacionário Róger Pinto Molina, opositor do governo nacionalista de Evo Morales.
O comunicado afirma ainda que “o povo venezuelano não descansará em sua firmeza e convicção de continuar avançando em uma direção justa e na defesa de sua soberania”, criticando o que considera uma “agressão” do Brasil e do imperialismo ao país caribenho. A nota reitera a condenação às sanções impostas contra a Venezuela, classificadas como parte de uma “política criminosa”.
O governo venezuelano também expressou indignação com a postura da chancelaria brasileira, destacando que a atual administração manteve o que chamou de “o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana”. Para Caracas, o veto brasileiro é visto como “uma agressão inexplicável e imoral”.
Apesar do veto, a Venezuela celebrou o sucesso da cúpula e elogiou a liderança russa. “Esta cúpula histórica por um novo mundo de paz, justiça e desenvolvimento compartilhado foi um sucesso retumbante. Felicitamos o Presidente Putin e seu governo por suas contribuições extraordinárias, nas palavras de El Libertador Simón Bolívar, ao equilíbrio universal”, conclui a nota.
A nota do governo venezuelano é a resposta mais contundente do regime chavista à política do governo Lula, que, diante da pressão crescente do imperialismo, se recusa a reconhecer as eleições naquele país.
Leia, na íntegra, a nota da Venezuela:
A República Bolivariana da Venezuela agradece ao Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, ao seu governo e ao heróico povo russo, pelo convite dirigido ao Presidente Nicolás Maduro Moros para participar na Cúpula BRICS+ em Kazan.
A Venezuela, possuidora não só da maior reserva energética do mundo, mas também defensora dos valores, dos princípios e da visão de construir um mundo justo, multicêntrico e pluripolar, contou com o apoio e respaldo dos países participantes nesta cúpula para formalizar seu ingresso neste mecanismo de integração.
No entanto, através de uma ação que contradiz a natureza e os princípios dos BRICS, a representação do Itamaraty, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que Bolsonaro aplicou à Venezuela, aderindo em todo momento às políticas do Ocidente para atacar e não reconhecer a Revolução Bolivariana.
O povo venezuelano não descansará em sua firmeza e convicção de continuar avançando em uma direção justa e na defesa de sua soberania, frente a esta agressão à Venezuela e ao seu povo, no contexto da política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo valente e revolucionário, como o povo venezuelano.
A Venezuela enaltece o Sul e o Leste global com sua firmeza na defesa da autodeterminação e da igualdade soberana dos Estados. Nenhuma artimanha ou manobra concebida contra a Venezuela deterá o curso da história. Um novo mundo nasceu! A Venezuela faz parte deste mundo livre e sem hegemonias.
O povo venezuelano sente indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira (Itamaraty), que mantém o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana fundada pelo Comandante Hugo Chávez.
Esta cúpula histórica por um novo mundo de paz, justiça e desenvolvimento compartilhado foi um sucesso retumbante. Felicitamos o Presidente Putin e seu governo por suas contribuições extraordinárias, nas palavras de El Libertador Simón Bolívar, ao equilíbrio universal.
Caracas, 24 de outubro de 2024.