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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Coluna

Unidade Policial

Manifestação de 8 de março revelou verdadeiro significado da sigla pequeno-burguesa

Era mais um dia quente e chuvoso, típico do fim de verão paulistano. As águas de março. Mas essa sexta-feira era especial, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, o dia 8 de março. Havia ato público marcado, como de costume, para o principal cartão postal de São Paulo: a avenida Paulista.

Cheguei atrasado para a concentração do bloco do PCO, o ato acabara de começar e já havia falas no carro do som. O tamanho do carro chamou a atenção dado que nos atos em defesa da Palestina, quando outras organizações que não o PCO levaram equipamento de som, eram pipoqueiras ou algo de menor porte. Fiquei responsável por distribuir bandeiras para os nossos militantes: bandeiras do próprio PCO, de organizações de luta Palestina, da própria Palestina. Levamos ao ato uma defesa particular da mulher palestina, dado o morticínio em curso em Gaza.

Pouco tempo depois, percebi um entrevero ao redor do caminhão de som. Mal havia começado o ato e a “organização” – os autoproclamados donos da manifestação – haviam nos informado que não poderíamos falar. Segundo uma companheira que posteriormente nos relatou a situação, começaram falando que o PCO não falaria por motivos políticos; o que evoluiu para a alegação de que havia organizações demais no evento e que já havia sessenta organizações inscritas. Não sei qual consideração é pior: a de que o PCO não pode falar ou a de que nem todos os presentes poderiam falar. Enfim, antecipando as atividades no carro de som para nossos leitores, falaram 50 tons de PSOL, e aqui incluímos suas sucursais extra-partidárias como PSTU, PCB (e seus rachas) e UP.

Agora sobre o que ocorreu fora do carro. O PCO, como todos que nos acompanham devem bem saber, não abaixa a cabeça para esse tipo de bravata. Mesmo em menor número, fizemos barulho com nossa bateria até que não pudessem mais ignorar nosso protesto. O entrevero escalou para um empurra-empurra, triunfamos diante de covardes que derrubaram nossas militantes. Um homem, inclusive, empurrou uma de nossas companheiras que é uma senhora de idade. Esse, para nossa alegria, não saiu ileso.

Dado o grau de covardia, o que veio a seguir não foi surpreendente. O carro de som chamou a Polícia Militar que vigiava o ato para reprimir o PCO. Inicialmente a polícia veio e tentou achar um consenso. Agiram de forma mais civilizada que a própria esquerda-pequeno burguesa e seus homens que empurravam senhoras e mulheres e que ameaçavam militantes do PCO com crianças no colo. Mas isso foi num primeiro momento.

Quando o caminhão de som começou a andar, movemos nosso faixão para a frente do caminhão de som. Nesse momento, a “organização” do ato pediu à PM que apreendesse nossa faixa, coisa que fizeram com muito gosto. Enquanto os repressores batiam em nossos militantes com seus cassetetes, aqueles que propositadamente nos impediam de falar aplaudiam.

As contradições eram tamanhas que beiravam à esquizofrenia. No carro de som haviam protestado contra a PM, como é tradicional em atos de esquerda; na rua, aplaudiam a ação da PM contra militantes do PCO. Um de nossos companheiros foi, inclusive, temporariamente detido.

Nem isso nos intimidou. Resolvida a situação com a polícia, continuamos nosso protesto. Finalmente, não conseguimos falar, mas considero nossa atuação uma vitória política. Expusemos a baixeza desse setor político que talvez não mereça mais o rótulo de “esquerda”.

Dado esse balanço, gostaria de destacar aqueles que identifiquei como os nossos principais opositores, a torcida organizada da PM, por assim dizer. Muitos estavam com camisetas da Unidade Popular (UP), partido legalizado em 2020. Fazia tempo que não via a agremiação nas ruas. Nos atos em defesa da Palestina, sua presença foi praticamente nula. Por que estavam presentes então, neste 8 de março?

A resposta é tão simples quanto é triste: oportunismo eleitoral. O ato de sexta era o lançamento da campanha eleitoral de uma série de candidatas do PSOL e suas sucursais. Dentre essas sucursais, a UP destacou-se como a principal tropa de choque contra o PCO. De forma covarde, aliás, pois militantes mais experientes esconderam-se atrás de jovens secundaristas pois queriam nos acusar de agressores de menores de idade. 

Para o ato transformar-se num circo bastava cobri-lo com uma tenda. Ao longo da manifestação cheguei a ouvir a marchinha “mamãe eu quero abortar”. Como se alguém quisesse, sem necessidade, interromper uma gravidez. Em meio a esses absurdos, porém, destacava-se o espírito eleitoreiro. Lembro-me de uma grande aclamação para uma liderança estadual da UP quando fez sua fala no carro de som. Provavelmente será candidata a alguma coisa e, já adianto, deve receber muitos votos sabe-se lá de quem como a candidata ao senado pela UP recebeu nas últimas eleições. Esse é um partido milagroso que recebe dezenas de milhares de votos, mas ninguém conhece.

Mas por que lançar candidatura no 8 de março e sequer aparecer nos atos em defesa da Palestina? Essa pergunta esclarece muita coisa. A questão palestina recebeu veto da imprensa imperialista, naturalmente sionista, e, por isso, não cai bem. Cai bem apenas um apoio platônico ao povo palestino, sem defender seus mártires e seu levante em armas. O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, por outro lado, está completamente capturado por Organizações Não Governamentais (ONGs), por financiamento imperialista de uma série de setores que não lutam de fato pelas mulheres, que têm as menores ambições, como cargos na administração pública. Setores que parecem achar que um aborto é como um ida a um parque de diversões.

Esse setor – eleitoreiro, financiado pelo imperialismo, que aparece apenas em atos “autorizados” pela imprensa – são os mesmos que aplaudem a polícia que bate nos militantes do PCO. Que censuraram nossas militantes valendo-se dos expedientes mais sujos. Os amigos da polícia expuseram, finalmente, o verdadeiro significado da sigla que traziam em suas camisetas e bandeiras. UP, não tem nada de popular e nem pelo socialismo. Buscam uma unidade com a Polícia Militar do governador Tarcísio de Freitas, a Unidade Policial.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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