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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Coluna

Um caminho para a derrotada interna e externamente

Capitulação da esquerda em pontos essenciais como o PL 2630 pode nublar cenário político

Mesmo com a louvável comparação de Lula entre o sionismo e o fascismo, o PT e a maioria da esquerda não conseguem supera uma deficiência histórica: a tendência à colaboração e à capitulação. Essa política acaba sendo refletida nos principais aspectos do governo.

Na política externa, em relação ao principal tema do momento, a Palestina, essa política toma forma em duas questões. O que exatamente é o Hamas? E qual é o futuro que interessa ao povo palestino, ou melhor colocando qual o futuro possível sem a continuidade do genocídio promovido por “Israel”?

A maneira com a qual o PT e a maioria da esquerda abordam essas questões acaba por definir muito do desenvolvimento destas forças políticas internamente.

O que é o Hamas?

Para o presidente Lula, “o Brasil condena o Hamas”, mesmo que sem provas, baseado apenas na campanha sionista. Com o Hamas, não há espaço na política do PT para presunção de inocência, a mesma demonstrada acertadamente com a Rússia sob comando de Putin.

Essa acaba não sendo uma condenação do Hamas, mas de toda a luta armada do povo palestino. Uma mancha na história de Lula e do PT, do qual diversos militantes já empunharam armas para defender a classe trabalhadora no Brasil.

O PT e a esquerda, em vez de ceder à campanha contra o Hamas da imprensa imperialista, deveria presta todo o auxílio a esta organização do povo palestino. Organização apoiada nas massas palestinas, expressando um movimento revolucionário.

O muro de ferro

O sionista – e, consequentemente, fascista – Zeev Jabotinsky, fundado do Irgun, foi bastante honesto e concreto nas seguintes colocações em seu livro The Iron Wall, em 1923:

“Uma reconciliação voluntária com os árabes está fora de questão, agora ou no futuro […] Se você deseja colonizar uma terra na qual as pessoas já estão vivendo, você deve fornecer uma guarnição em seu nome.”

Jabotinsky chegou a resumir a política sionista, de forma assustadoramente honesta, da seguinte maneira: “o sionismo é uma aventura colonizadora e, portanto, fica ou cai na questão da força armada”.

Referenciando uma das principais figuras do sionismo, não deveriam restar dúvidas sobre a natureza do Estado de “Israel”. Mas podemos citar uma pessoa mais contemporânea, como o ministro das Finanças, Bezalel Yoel Smotrich: “só será alcançada quando a esperança dos árabes de estabelecer um Estado árabe sobre as ruínas do Estado judeu for frustrada“.

Esclarecida a natureza do Estado de “Israel”, resta a qualquer organização honesta de esquerda ou livre do julgo imperialista condenar essa instituição e defender o seu fim. Temos que ressaltar que a população árabe tem consciência da incompatibilidade de sua autonomia com a continuidade do Estado de “Israel”.

PL 2630/2020 — PL das “Fake News

Umas das justificativas de setores da esquerda para apoiar o PL 2630/2020 é as suas consequências eleitorais. Para esse setor, a extrema direita se beneficia eleitoralmente de uma maior liberdade na Internet.

A realidade é que não apenas a extrema direita, mas qualquer setor que aparente ser contrario ao sistema de dominação da burguesia se beneficia de uma maior liberdade na Internet, inclusive e, principalmente, a esquerda.

Se a extrema direita obteve um maior desempenho nas redes, é em consequência de sua melhor organização financeira. Fora das redes, os recursos continuam constituindo uma vantagem, que será superada apenas pela organização revolucionaria da classe trabalhadora.

Diminuir a liberdade nas redes beneficiara apenas os canais tradicionais de comunicações, ou seja, os partidos desmoralizados da direita tradicional. Objetivamente, essa esquerda esta trocando o direito de livre pensamento e expressão da população brasileira pela possibilidade de alguns mandatos que, se efetivados, terão reflexo mínimo.

O caso Bolsonaro

A esquerda, acuada perante o desenvolvimento da extrema direita, não trava a luta política e apoia a perseguição da direita “civilizada” ao bolsonarismo. Ela capitula perante a extrema direita reiteradamente e assume como política apoiar a perseguição desse setor.

O caso Bolsonaro é escandaloso: o mesmo já sofre um julgamento que o tornou inelegível e sofre um inquérito, nos dois casos conduzidos por magistrados em suspeição. O inquérito é tão grotesco que o condutor, o ministro Alexandre de Moraes, figura com vítima e juiz ao mesmo tempo.

Adquirindo uma força política que será amplificada em muito pelos recursos da burguesia, em vez de trazer uma derrota, essa perseguição acabar fortalecendo Bolsonaro. Mecanismo similar ocorreu com o próprio Lula, sua prisão ilegítima aumentou ainda mais seu vínculo com a base, facilitando sua mobilização, mobilização que o conduziu ao governo novamente.

Derrota à direita nas ruas

Ao contrário do avaliado pela maioria da esquerda, os atos bolsonaristas são uma demonstra de força, uma vitória da direita. A esquerda não pode estagnar nesse momento crítico, é preciso tomar as ruas.

Essa disputa política terá sucesso em apenas um campo: as ruas. Esse é o verdadeiro poder popular e a base da esquerda. É preciso mobilizar pelas questões básicas das condições de vida da classe trabalhadora. Afinal, se deixarmos a direita transforma o Brasil numa Gaza, essa é a política do imperialismo.

Um mote importante neste momento é justamente esse: não podemos deixar que o genocídio se perpetue em Gaza e se alastre pelo mundo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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