Em recente editorial, o o jornal golpista O Estado de S. Paulo, que expressa de maneira mais consciente os interesses da burguesia brasileira, comemorou o que chamou de “um ano sem intervenções no câmbio”. Em outras palavras, um ano de intervenção direta no câmbio por parte de um agente do capital financeiro internacional, Roberto Campos Neto.
Assim afirma o texto: “no ano passado, o Banco Central (BC) não realizou intervenções no mercado cambial. Pode parecer algo normal, mas foi a primeira vez que isso ocorreu desde 1999, quando o País adotou o regime de câmbio flutuante”. E por que motivo seria a primeira vez na história que tal coisa acontece? Ora, porque “a autonomia formal deu força para o BC combater a inflação, objetivo que é sua função precípua”.
É uma defesa escancarada do Banco Central “independente” – isto é, independente do governo eleito. Uma defesa escancarada da política que vem sendo levada adiante por Roberto Campos Neto, herdeiro político do economista da ditadura militar.
Durante o primeiro ano do terceiro mandato de Lula, a preocupação de Campos Neto nada teve a ver com “combater a inflação”. Pelo contrário, o Brasil seguiu o ano inteiro com um índice de inflação muito abaixo da média mundial. Sem contar que a política de Campos Neto, de elevar os juros, só seria justificável se houvesse um risco de inflação por demanda, o que não era o caso.
A única preocupação de Campos Neto, durante todo o ano de 2023, foi a de sabotar a política econômica do governo. Isto é, de forçá-la ao fracasso. O governo Lula, afinal, aposta em uma política em que o crédito exerce um papel fundamental, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento da indústria nacional, como para incentivar o próprio mercado interno. Com os maiores juros do mundo, impostos sem razão alguma por Campos Neto, essa política foi se mostrando inviável.