Nos dias 20 e 21 de fevereiro, a Suprema Corte do Reino Unido voltou a se reunir para discutir o caso de Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Assange, que enfrenta problemas de saúde, não pôde comparecer, e os juízes deverão levar um mês para emitir sua decisão.
Em 2010, Assange foi responsável por publicar vídeos, documentos e telegramas que provavam que as grandes potências e, principalmente, os Estados Unidos, utilizam de seu aparato para dominar países atrasados e massacrar suas populações, como é o caso do vídeo intitulado “Collateral Murder”, o qual mostra cerca de 12 pessoas sendo assassinadas pelo exército estadunidense no Iraque.
Seu portal, o WikiLeaks, foi responsável por divulgar um vídeo que mostra a morte de civis iraquianos e de dois jornalistas da Reuters num ataque realizado por dois helicópteros Apache norte-americanos. No mesmo ano, uma analista do Exército dos EUA, Chelsea Manning, acaba presa sob a acusação de ter divulgado o vídeo e outras centenas de milhares de documentos confidenciais. O WikiLeaks divulgou mais de 300.000 documentos revelando abusos, torturas e violência das forças dos EUA no Iraque, além de documentos importantes que apresentaram outros crimes de guerra, espionagem e interferência norte-americana na política de países ao redor de todo o mundo.
Assange, que está sendo processado pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido, tem contra si um processo de cunho puramente político, levado adiante pelo imperialismo num esforço contra os direitos democráticos e a liberdade de expressão. A farsa montada pelo imperialismo contra Assange conta com os típicos métodos de perseguição do imperialismo, inicialmente partindo de uma acusação de estupro e outros crimes de natureza sexual por duas mulheres contra Assange, justamente após uma conferência do WikiLeaks na capital sueca, Estocolmo, em 2010. Ele sempre negou as alegações, dizendo que o envolvimento com as mulheres foi consensual.
A perseguição contra Assange, então, se desenvolveu. Com base nessas acusações de crimes de natureza sexual, Julian Assange buscou asilo político na Embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho de 2012. Ele procurou asilo para evitar sua extradição para a Suécia, local de onde provavelmente seria extraditado pelos pedidos de extradição do governo dos Estados Unidos contra ele por “espionagem”.
Julian Assange foi preso inicialmente em 11 de abril de 2019, após ter sido expulso da Embaixada do Equador em Londres, onde estava desde 2012. Sua expulsão aconteceu graças à traição de Lenín Moreno, eleito com apoio do nacionalista Rafael Correa, mas que se voltou contra o povo equatoriano. Assange foi preso pela polícia britânica por violar as condições de sua fiança no Reino Unido. Além disso, foi detido com base em um pedido de extradição dos Estados Unidos, onde enfrenta várias acusações relacionadas à espionagem e à divulgação de documentos confidenciais através do site WikiLeaks.
O tribunal da Suprema Corte que está julgando o caso e a extradição de Assange tem negado continuamente seus recursos de defesa, buscando agora acelerar o processo de provável condenação e extradição de Assange. Caso condenado, o jornalista poderá ser sentenciado a 175 anos de prisão.
A provável extradição de Assange para os Estados Unidos, quando for revelada a decisão da Suprema Corte do Reino Unido, é um ataque contra os direitos democráticos e as garantias de liberdade de expressão e imprensa de alto grau pela autoproclamada “maior democracia do mundo”, os Estados Unidos. A ideia de que o imperialismo seria de alguma forma “democrático” se trata de mais uma farsa, sendo que a destruição física e mental de Assange visa dissuadir outros editores e jornalistas do crime de buscar a verdade.