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Coluna

Sionismo: uma ideologia de covardes

Por trás de uma ideologia sanguinária e fascista se esconde uma quantidade enorme de covardes

Rei dos Judeus, era assim que os provocadores e zombeteiros chamavam Theodor Herzl na época em que morava em Viena. Seu livro “O Estado Judeu” foi mal recebido pela intelectualidade da época, principalmente em Viena. Um “tratado despropositado, sugerindo nada mais nada menos que os judeus deixassem suas casas nas avenidas e suas mansões e suas lojas e seus escritórios de advocacia e se mudassem de armas e bagagens para a Palestina, a fim de fundar uma nação”, nos conta Stefan Zweig em sua autobiografia. Zweig teve muito contato com Herzl na época em que ainda era apenas um escritor célebre e aclamado pela juventude austríaca, que via nele um modelo. 

Até seus amigos se irritaram com a “besteira” que publicara Herzl. Foi Karl Kraus, poeta, dramaturgo e jornalista vienense, um dos grandes autores satíricos de sua época, que publicou a brochura que feriria a imagem do fundador do sionismo, expondo-o ao ridículo: “Uma coroa para Sião”. Ainda segundo Zweig, “quando ele adentrava o teatro, com sua bela barba, sereno e de postura ereta, todos sussurravam e cochichavam ‘o rei de Sião’ ou então ‘Sua Majestade chegou'”. O autor vienense chegou a ser aprendiz de Herzl antes da existência do sionismo. Para alguns, o antissemitismo era um problema, mas nuca passou pela cabeça que a solução fosse mudar judeus de diferentes etnias para outra região. Os judeus alemães ainda eram alemães, mais alemães que judeus, e ninguém poderia convencê-los do contrário. 

Os únicos motivos pelos quais temos um Estado de “Israel” hoje em dia é graças à necessidade do imperialismo em ter uma base de operações seguras e no Oriente Médio, e o caráter covarde dos sionistas, principalmente de Herzl. O sionismo nasceu do medo do antissemitismo, principalmente após o “Rei dos Judeus” presenciar o caso Dreyfus na França, tirando dessa injustiça conclusões fatalmente equivocadas e juntando-as a suas ideias já bastante reacionárias. Enquanto a Europa inteira se solidarizava a Dreyfus, vendo ali não um caso de antissemitismo, mas uma demonstração da falência do regime político francês, Herzl viu um motivo para se render ao antissemitismo. Nas suas próprias palavras: “Em Paris, como eu disse, adotei uma atitude mais livre em relação ao antissemitismo, que agora comecei a compreender historicamente e a perdoar. Acima de tudo, reconheci o vazio e a futilidade de tentar combater o antissemitismo”. 

Se a injustiça com Dreyfus do caso mobilizou as organizações socialistas, e a intelectualidade francesa, principalmente na figura de Émile Zola, mas também a europeia, Herzl sequer moveu uma palha. Ele, que já era famoso na época, não se deu o trabalho de gastar tinta e papel para combater o antissemitismo que tanto o assustava. Na verdade, todas as vezes que o sionista se deparou com alguma demostração de antissemitismo, se prontificava logo em colocar panos quentes e transformar aquilo em um argumento para deslocar os judeus da Europa. O caso Dreyfus acabou por colocar toda a extrema-direita francesa, o exército e a igreja em descrédito, e o antissemitismo na frança apenas tomaria força novamente com a subida de Hitler ao poder no país vizinho.

Lenni Brenner, em seu livro “O sionismo na era das ditaduras” narra outros episódios da covardia sionista: 

Herzl teve sua primeira oportunidade de desenvolver sua própria estratégia pragmática de não resistência ao antissemitismo, combinada com a emigração de uma parte dos judeus para um Estado judeu em formação, com o sucesso de Karl Lueger em Viena. A vitória do demagogo lá foi o primeiro grande triunfo da nova onda de partidos especificamente antissemitas na Europa, mas os Habsburgos se opuseram veementemente ao novo prefeito eleito. Cerca de 8% de seus generais eram judeus. Os judeus eram notáveis como leais ao regime em meio ao mar de nacionalidades irredentistas que dilaceravam o Império Austro-Húngaro. O antissemitismo só poderia causar problemas para a já fraca dinastia. Duas vezes o Imperador se recusou a confirmar Lueger no cargo. Herzl foi um dos poucos judeus em Viena que apoiou a confirmação. Em vez de tentar organizar uma oposição ao demagogo cristão-social, ele se encontrou com o primeiro-ministro, Conde Casimir Badeni, em 3 de novembro de 1895, e disse a ele ousadamente para acomodar Lueger: Acredito que a eleição de Lueger como prefeito deve ser aceita. Se você não fizer isso na primeira vez, então não será capaz de confirmar em nenhuma ocasião subsequente, e se você se recusar pela terceira vez, os dragões terão que entrar em ação. O Conde sorriu: ‘Então!’, com uma expressão zombeteira.

Essa política oportunista se desenvolverá junto à burguesia imperialista que a moldará para seus fins no Oriente Médio. O fascismo foi um grande aliado para os sionistas, treinando organizações como o Betar, fundada por Vladimir Jabotinsky, que depois, se transformou no Irgun, um dos principais grupos de extermínio de palestinos, e o mais radical de todos. 

O sionismo de hoje não é nada diferente da ideologia de Herzl. Se o fundador da corrente parece apenas um covarde pragmático, é porque o movimento ainda engatinhava em sua época. Continua sendo uma ideologia covarde, e também colonialista. Sem a sempre presente ajuda do imperialismo, “Israel” jamais conseguiria existir.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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