Um truque muito comum na propaganda pró-sionista é utilizar-se das monstruosidades cometidas no Holocausto para justificar seus crimes na Palestina. Os judeus estariam em grave perigo caso não tivessem um país próprio e, portanto, toda a violência contra os palestinos seria assim justificada. Evidentemente, só pode pensar assim alguém que vê o povo palestino como composto de animais, humanos de segunda classe.
Existe também o mito de que teriam sido os sobreviventes que construíram o estado de “Israel”, nada mais longe da verdade. É absurdo pensar que aqueles submetidos aos horrores do Holocausto sairiam prontos para promover o seu próprio genocídio, tal qual a Nakba em 1948. Existem exceções, mas, em geral, os judeus que expulsaram os palestinos de suas casas não sofreram nos campos de concentração.
Finalmente, outro eixo da propaganda “israelense” é a ideia de que “sionismo” e “judaísmo” seriam sinônimos, como se uma doutrina política de cento e tantos anos pudesse ser o mesmo que uma religião surgida na Antiguidade. Não é preciso pensar muito para se enxergar a fraude intelectual de tal argumentação.
Existem aqueles, no entanto, que são incapazes de entender os fatos de tal maneira, e que precisam, portanto, de um “argumento de autoridade”. No caso, precisam de que um judeu que sofreu os horrores dos campos de concentração nazista lhes diga o que é, na realidade, o estado fascista de “Israel”. Reproduzimos abaixo um pedaço do testemunho de Hajo Meyer, físico holandês judeu nascido na Alemanha em 1924, que sobreviveu ao Holocausto para morrer de velhice aos noventa anos.
“Eu vi em Auschwitz que se um grupo dominante quer desumanizar os outros, assim como os nazistas queriam me desumanizar, este grupo dominante deve primeiro ser desumanizado. De certa forma, diminuindo sua empatia devido à propaganda e à doutrinação para poder ser tão cruel quanto outros foram.
Mas, o mesmo princípio que se aplica [ao nazismo], acontece hoje em dia em Israel. Estou chocado com o quão odiosos, quão desumanizados. Eles [israelenses] não veem mais aspecto humano em palestino algum. É terrível. Os sionistas não têm nenhum direito de usar o holocausto para qualquer propósito. Eles [sionistas] desistiram de tudo o que tem a ver com humanidade, com empatia por uma coisa: o estado, o sangue e o solo, assim como os nazistas. Eu fui educado, quer dizer, eu aprendi na escola sobre sangue e solo, e essa é exatamente a ideia deles também. E humanos não desempenham um papel.
O judaísmo, como eu aprendi, é altamente ético. E você não pode conectar o sionismo com algo altamente ético. Você só pode conectar as palavras ‘agressivo’, ‘opressivo’, ‘roubar’, com o sionismo, mas não ‘altamente ético’. Sionismo e judaísmo são contrários, porque o judaísmo é universal e humano, e o sionismo é exatamente o oposto. É muito estreito, racista, muito nacionalista, colonialista. Não há judaísmo nacional. Há sionismo e há judaísmo. E eles são completamente diferentes.”