No próximo dia 21 encerra-se a temporada da exposição “Unindo Vozes Contra a Violência de Gênero”, inaugurada no dia 30 de janeiro no Conjunto Nacional, shopping localizado na Avenida Paulista, em bairro nobre de São Paulo. À primeira vista, pelo uso errado da palavra “gênero” no lugar de “sexo”, já imaginamos que se trate de mais um evento de propaganda identitária travestida de arte. Há, porém, mais um elemento que não aparece no título da exposição, que transforma uma possível indiferença em repulsa do público passante. A propaganda não é apenas identitária como é sionista e “traz 22 painéis e uma animação idealizados por diversos artistas israelenses explorando a tragédia ocorrida em Israel em 7 de outubro”, nos diz o portal da Confederação Israelita do Brasil (CONIB).
A estreia da exposição foi discreta, mas foi coberta pelos órgãos de imprensa mais imperialistas atuantes no país, a rede norte-americana CNN e o jornal O Estado de São Paulo, que falou sobre o evento em coluna de Gilberto Amendola. Juntaram-se aos representantes do imperialismo seus lacaios brasileiros, a imprensa bolsonarista, que atua na linha de frente do sionismo no Brasil. “Segundo os idealizadores, a iniciativa reforça a importância da união global das mulheres na luta pelo fim da violência baseada em gênero e promove reflexões acerca da necessidade de condenar crimes contra a humanidade e responsabilizar os autores”, diz matéria publicada em portal ligado à Rede Record.
Quem organiza a exposição é o Grupo de Empoderamento e Liderança Feminina (LEF). Novamente somos enganados pela aparência meramente identitária: o grupo, na realidade, é nome fantasia da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp). Se nos debruçássemos sobre a questão, talvez terminaríamos por descobrir que há mais organizações, federações e confederações sionistas no Brasil do que há sionistas. Todas, naturalmente, não passam de extensões da embaixada israelense.
Miriam Vasserman, sendo ao mesmo tempo, vice-presidente da Fisesp e diretora do ELF declarou na inauguração do evento: “precisamos chamar a atenção sobre o uso do corpo da mulher como instrumento de guerra. É um crime a toda humanidade. O mundo não pode se calar.” Não há muito o que discordar dessa afirmação senão pelo fato de que ela omite que os crimes contra a mulher, “crime a toda a humanidade”, são cometidos pelo Estado de Israel, não pelos supostos “terroristas”, isto é, a resistência armada palestina, que essa exposição farsesca visa denunciar.
Desde o início da operação Dilúvio de Al Aqsa, todas as acusações sionistas foram sistematicamente rebatidas. Das mais absurdas — de recém-nascidos carbonizados, colocados em fornos, a bebês degolados — às mais comuns em situações de guerra, como acusações de abuso sexual. Primeiramente, precisamos destacar que a maioria dos reféns capturados pela resistência palestina, liderada pelo Hamas, eram soldados, fato que se estende para as mulheres, algo convenientemente ocultado pela imprensa sionista. Apesar disso, não há indícios de que as reféns, sejam elas militares ou civis, tenham tido seus direitos humanos violados em momento algum. Basta ver o caso as senhoras libertadas no dia 23 de outubro por razões humanitárias, que relataram terem sido muito bem tratadas pelos militantes palestinos, que as alimentaram e ofereceram atendimento médico apesar do bloqueio israelense à entrada de medicamentos, alimentos, água e combustível em Gaza.
No dia 28 de dezembro, o jornal norte-americano The New York Times publicou longo artigo sobre como o Hamas teria utilizado a violência sexual como “arma” na operação de 7 de outubro. Para dar mais credibilidade ao texto, a reportagem era assinada por Jeffrey Gettleman, jornalista que já recebeu o Prêmio Pulitzer por seu trabalho com o jornal norte-americano. A matéria diz ter se baseado em 150 entrevistas conduzidas com supostas vítimas ou suas famílias, depoimentos entre os quais muitos já haviam sido desmentidos ou descreditados. Um terço da matéria, porém, é dedicado à família Abdush, que perdeu sua filha, Gal, durante o conflito entre as Forças de Defesa de Israel e a resistência palestina. Reportagem do portal Grayzone expôs essa parte central do artigo como uma completa fabricação:
Em entrevista ao portal israelense YNet, a mãe da vítima alegou “não saber sobre o estupro [da filha] num primeiro momento”, tendo sido informada sobre o fato pelo próprio repórter do The New York Times que a entrevistava. A irmã de Gal Gadush, Miral Alter, foi em suas redes sociais denunciar a acusação do jornal norte-americano como fraude, alegando que nunca aprovaria a publicação da matéria da forma como foi publicada. Nem mesmo a polícia israelense, famosa por sua brutalidade, corroborou a história. “A polícia está com dificuldades para localizar vítimas de abuso sexual do ataque do Hamas, ou pessoas que testemunharam tais abusos, e decidiram apelar ao público para encorajar aqueles que tenham informação sobre o assunto a se apresentarem e darem um testemunho”, relatou reportagem do jornal israelense Haaretz, uma semana após a publicação da peça do The New York Times. A fraude é tamanha que gerou atrito na própria redação do jornal, segundo reportou o portal The Intercept quase que simultaneamente à estreia de nossa grande exposição sionista em São Paulo.
Outra organizadora da “Unindo Vozes Contra a Violência de Gênero”, Fernanda Kalim, presidente do Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista (mais uma organização sionista!) disse durante seu lançamento que “desde o dia 7 de Outubro todos nós temos experimentado sentimentos de sofrimento e revolta com as atrocidades cometidas”. De fato, todos temos experimentado tais sentimentos, mas não com a “situação dos reféns” — dentre os quais alguns foram sabidamente assassinados por Israel — ou com o “recrudescimento do antissemitismo” — que só existe na propaganda imperialista e sionista —, mas com a morte de mais de 30 mil palestinos dentre os quais a maioria são mulheres, crianças e idosos civis e desarmados.
“Esta exposição ajuda a expor a barbárie que foi cometida contra mulheres e também sobre o silêncio de um segmento da sociedade exatamente sobre isso”, continuou Kalim. Não, sua exposição ajuda a encobrir a barbárie cometida contra mulheres, a encobrir um genocídio. É mais uma peça de propaganda, uma propaganda tão vil e rasteira que é facilmente desmentida semanas após sua publicação, visto o caso do The New York Times.
Para nossa sorte, a localização da exposição, num shopping de luxo, seu título e a qualidade das obras expostas não devem atrair grande público. Um dos quadros misturou a obra de Henri Matisse, “A Dança”, com propaganda sionista numa combinação de revirar o estômago. É uma propaganda para os convertidos, mas ainda assim é uma propaganda sionista e merece o repúdio total do movimento que luta em defesa da Palestina em São Paulo.