A ex-militante bolsonarista Sara Winter, que fugiu do País e hoje mora nos Estados Unidos, está processando, pela Justiça de São Paulo, o Partido da Causa Operária. A ação visa receber R$50 mil de indenização moral do Partido. O motivo do processo seria a afirmação do Diário Causa Operária, em artigo publicado em junho de 2023, de que a ex-militante Sara teria realizado treinamentos “em batalhão ucraniano, uma das instituições defensoras do regime nazista kievano”.
Segundo a ação, o texto apresentaria cunho difamatório e com o intuito de “manchar sua imagem”, ao associá-la a regimes “extremistas e genocidas”.
O que Sara Winter esqueceu de falar em seu processo é que ela mesma já havia revelado a sua proximidade com o regime ucraniano. A própria Sara Winter já afirmou ter sido treinada por batalhões ucranianos, conforme artigo da emissora britânica BBC:
“Antes de se tornar bolsonarista, Sara fez parte por alguns meses do grupo feminista Femen, de origem ucraniana, do qual também foi expulsa, segundo disse na época uma das dirigentes do movimento, Alexandra Shevchenko. Na época, ela foi presa mais de 20 vezes e viajou sozinha para a Ucrânia.
Mas Sara Winter não é a única militante de direita radical brasileira ligada a nacionalistas ucranianos.
Uma investigação da polícia civil do Rio Grande do Sul iniciada em 2017 encontrou laços entre grupos radicais brasileiros e extremistas ucranianos.
A investigação descobriu que brasileiros estavam sendo recrutados para lutar contra rebeldes pró-Rússia na Ucrânia — se de fato os extremistas brasileiros chegaram a adquirir experiência de combate no exterior, no entanto, não é claro. O delegado Paulo César Jardim diz à BBC News Brasil que não pode dar mais informações sobre a investigação, que continua em andamento” (Por que a Ucrânia, onde Sara Winter diz ter sido treinada, fascina bolsonaristas?. BBC. 15/6/2020)).
Inclusive, a expressão “ucranizar o Brasil” foi utilizada por Sara Winter e outros bolsonaristas, faz referência à onda de protestos violentos na Ucrânia. conhecidos como Euromaidan, ocorridos entre 2013 e 2014 na Ucrânia. Esses protestos, liderados principalmente por estudantes universitários, tinham como objetivo enfrentar a corrupção governamental, abusos de poder e violações dos direitos humanos. O desfecho desses acontecimentos culminou na queda do presidente Yanukovych e deu origem a uma guerra civil no país. Dentre os batalhões ucranianos, destaca-se o Regimento Azov, que teve um início como uma milícia voluntária associada a extrema-direita que foi integrado à Guarda Nacional da Ucrânia.
Esta denúncia ao PCO feita por quem, sendo bolsonarista, se dizia defensora da liberdade de expressão, não é a única. Um total de 27 deputados bolsonaristas já pediram a prisão de um dirigente do Partido da Causa Operária apenas por expor sua opinião sobre a questão palestina. Sara Winter, assim, contribui para desmascarar a extrema direita brasileira, total inimiga da liberdade de expressão.