Em sua tradicional Análise Política da Semana, realizada todo sábado em São Paulo e transmitida ao vivo pelo canal no YouTube da COTV – Causa Operária TV, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez uma exposição explicando o que é o terrorismo. Recentemente, ele havia dito que o movimento popular pode apoiar o terrorismo em certas ocasiões, o que rendeu diversas calúnias contra sua pessoa e contra seu partido. Por conta disso, o dirigente dedicou uma parte de seu programa semanal para esclarecer a questão, que está muito em alta nesse momento diante dos acontecimentos na Palestina.
Primeiramente, ele enfatizou que o conceito de terrorismo comumente usado atualmente é uma criação dos Estados Unidos a partir dos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, quando aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. A ação foi reivindicada pela organização Al-Qaeda, de Osama Bin Laden. Com essa justificativa, os EUA lançaram uma das campanhas mais violentas de todos os tempos contra o Oriente Médio. Pimenta lembrou que em todas as ocasiões em que os EUA quiseram começar uma guerra, um atentado foi realizado contra eles. Há diversos casos famosos, como a explosão do encouraçado Maine, em Cuba, e o ataque à base naval de Pearl Harbor. Casos esses que, a seu tempo, foram convenientes para os planos do Estado norte-americano. Há denúncias, inclusive, de que alguns atentados foram realizados pelos próprios norte-americanos, exclusivamente para terem a justificativa. Esses dados mostram que a campanha atual contra o terrorismo já surgiu como uma farsa do imperialismo. O objetivo dessa propaganda é atacar todos os movimentos de luta do mundo. Para exemplificar, durante o governo Dilma foi discutida uma lei anti-terrorismo que criminalizaria as ações de grupos como o MST.
Esclarecido esse problema, o dirigente do PCO enfatizou que a esquerda e o movimento popular não devem embarcar nessa campanha, porque é uma campanha contra eles mesmos. Em seguida, conceituou melhor o termo para aprofundar a discussão: “terrorismo, do ponto de vista da literatura marxista, são atos violentos que visam desorganizar o poder político.” A partir daí, Pimenta deu exemplos do uso do método terrorista na história.
No século XIX surgiram diversas organizações terroristas que realizavam atentados contra autoridades públicas. Em 1881, na Rússia, o Czar Alexandre II foi assassinado em um desses atentados, realizado pela organização “A Vontade do Povo”. Na França, em 1894, um anarquista italiano matou o presidente Sadi Carnot. Também o presidente norte-americano William McKinley foi baleado e morto por um anarquista em 1901. O dirigente do PCO acrescenta que além desse tipo de ação, também existe o terrorismo que não é individual.
Já no século XX, durante a guerra civil russa após a Revolução de 1917, os exércitos contra-revolucionários começaram uma campanha de terrorismo contra a população, resultando na morte de cerca de 500 mil pessoas. Os bolcheviques, para combater essa situação, lançaram também uma operação terrorista contra os chamados exércitos brancos. Outro exemplo citado é o da Frente de Libertação Nacional Argelina. Nesse caso, os revolucionários que lutavam pela independência do país não atacavam apenas autoridades, mas a própria população do país que os colonizava. Foram praticados atentados contra os franceses indiscriminadamente.
Rui Pimenta enfatizou que esses tipos de ações é o que ficou conhecido como terrorismo ao longo da história e o julgamento quanto a eles deve ser político. Segundo ele, “o terrorismo é um método de luta que foi desenvolvido por diversos grupos políticos no decorrer da história. Nós podemos achar que os objetivos do terrorismo são legítimos ou não, mas é isso”.
Para desfazer a confusão, ele deixou claro que um partido como o PCO, marxista, não encara o terrorismo como método adequado. Segundo ele, “nós não acreditamos que os atentados dirigidos contra determinadas pessoas, fora de um amplo movimento popular, vão trazer o resultado”. No entanto, o dirigente trotskista fez questão de salientar que seu partido nunca vai “condenar um povo oprimido pelo que ele faz contra os opressores.” Para ele, a condenação geral ao terrorismo é usada de forma farsesca contra as pessoas que estão lutando. Para os oprimidos é cobrado que se lute com certas regras e estatutos de organizações como a ONU, porém os opressores são livres para fazer como bem entenderem. O caso de “israel” é um exemplo inconfundível. Os “israelenses” podem matar mais de 30 mil civis, mas se os palestinos se levantarem em armas para se defender são eles os acusados de sanguinários.