Uma investigação busca entender por que os vídeos e áudios da ação que resultou na morte de Alex Souza Araújo dos Santos, de 19 anos, não foram registrados. Um relatório técnico da empresa responsável pelos equipamentos levanta duas suspeitas com base nos comandos registrados pelo sistema: alguém teria tentado apagar as imagens, bem como desligar o aparelho, tanto antes quanto depois do disparo fatal.
Alex foi assassinado com um tiro de fuzil nas costas, no último sábado (4), na Kelson’s, comunidade que fica na Penha.
Em uma gravação feita por moradores logo após a morte de Alex, é visível que o assassino estava com a câmera no colete. Outro relatório técnico presente no inquérito da Polícia Civil confirma que o equipamento estava em boas condições de funcionamento, conforme as diretrizes da PM, e posicionado adequadamente para captar imagens.
No entanto, a grande “incógnita” para as investigações é o motivo pelo qual a câmera não registrou qualquer imagem ou áudio no momento em que o cabo disparou contra Alex usando o fuzil. Parte da sequência que levou à morte foi captada pela câmera do parceiro.
As tentativas de manipulação da câmera são evidentes, com relatos de diálogos entre os PMs indicando a real intenção dos policiais desde a saída do batalhão. Relatórios da empresa fornecedora das câmeras mostram uma série de comandos suspeitos após o último registro de imagem, incluindo uma tentativa de desligamento sete minutos após o disparo fatal.
Familiares e amigos afirmaram que não houve tiroteio e que Alex não tinha envolvimento com o tráfico. Os policiais disseram que bandidos atacaram a base da corporação na comunidade e houve troca de tiros. Na ação, foram apreendidas drogas, um radiotransmissor e um simulacro de pistola.
Alex era o mais velho de três irmãos. A família afirma que, no sábado de tarde, o jovem ia para a casa do avô na Kelson’s, onde nasceu e foi criado.
Ainda segundo a família, Alex iria se formar ensino médio este ano e tinha o sonho de ser jogador de futebol.
A palavra de ordem levantada em resposta é pelo “fim da PM”. Muitos compartilham da consciência de que a polícia militar é o braço armado do Estado voltado para reprimir a classe trabalhadora. A existência do Estado e seu braço armado são fundamentais para a perpetuação do controle exercido por uma pequena elite sobre a maioria da população. Isso é evidenciado pela histórica utilização da repressão por parte dos aparatos de segurança estatais em resposta a movimentos sociais ao redor do mundo.