A reeleição de Nayib Bukele em El Salvador é uma demonstração da política do imperialismo para a América Latina. O presidente fascista, em um verdadeiro golpe de Estado, venceu as eleições, fraudadas mais uma vez. Ele é conhecido por uma das políticas de maior encarceramento em massa da história, uma política de “combate ao crime” levada ao extremo, algo que pode ser o ensaio da política do imperialismo para toda a América Latina, vide o caso do Equador e agora do anúncio do governo brasileiro de combate às facções criminosas. Mas não é só Bukele que indica a política imperialista para a América Latina, em toda a região o imperialismo avançou com o golpismo e com o fascismo.
Argentina
No segundo mais importante país da América do Sul, o presidente foi eleito em uma verdadeira investida golpista. O ultra neoliberal Milei assumiu o governo com o apoio do imperialismo para destruir completamente o país e no processo impor uma ditadura. O governo Milei é tão escandaloso que até mesmo a imprensa burguesa é obrigada a tecer algumas críticas ao presidente, mas no fim ele tem um apoio total da burguesia. Milei é uma espécie de Bolsonaro, mas com a política totalmente neoliberal, o Bolsonaro do PSDB. Esse é o ápice do fascismo, a extrema-direita que é apoiada pelo imperialismo. O principal equivalente desse fenômeno são os governos da Ucrânia e de “Israel”.
Uruguai
No pequeno país ao sul do Brasil, a extrema direita domina desde 2020. O presidente Lacalle Pou assumiu o governo ante a falência da esquerda uruguaia ultra moderada. Assim como no Chile, a esquerda do país nos anos 2000 não voltou com governos nacionalistas tal qual o Brasil e Argentina. Assim sua falência chegou muito antes. O candidato da extrema direita governa há quatro anos e a situação é tão estável que as notícias da luta política no país nem aparecem.
Paraguai
No Paraguai o golpe de Estado aconteceu em 2012 e desde então nunca houve uma recuperação da esquerda. No ano de 2021 houve grandes protestos, mas não o suficiente para derrubar o governo. Em 2023, mais uma vez o Partido Colorado venceu as eleições, o principal partido do imperialismo no país, que governa desde o fim da ditadura militar em 1993. O imperialismo até hoje apenas deixou o Paraguai ter uma experiência um pouco nacionalista entre os anos de 2008 e 2012. Isso começando a contagem a partir do golpe do general Stroessner em 1954!
Chile
No Chile o golpe de Estado aconteceu com o governo Piñera que tentou impor uma ditadura neoliberal, que foi enfrentada com uma gigantesca mobilização de rua. Entretanto, a mobilização não foi capitalizada por uma esquerda combativa e por meio de uma manobra um candidato do imperialismo venceu as eleições em 2021, Gabriel Boric. Seu governo é um desastre completo e está servindo apenas como uma transição para o retorno da extrema direita com a figura de Kast. Todas as pesquisas indicam que Boric será duramente derrotado e a extrema direita tomará o poder no Chile.
Peru
No Peru o golpe de Estado foi escancarado, organizado pelo próprio exército que prendeu o presidente e empossou a vice Dina Boluarte que impôs uma verdadeira ditadura no país. As grandes manifestações de rua foram reprimidas para garantir o governo. A situação é tão crítica que o governo convidou tropas norte-americanas a atuarem em solo peruano. É um dos países mais importantes do continente e quase nunca é comentado justamente por ter um regime de ditadura fruto de um golpe de Estado apoiado pelo imperialismo.
Equador
No Equador o golpe de Estado aconteceu com Lenin Moreno. O candidato de Rafael Correa se vendeu para o imperialismo e iniciou um governo de ditadura neoliberal. As manifestações populares foram gigantescas, semelhantes àquelas do Chile. O golpe veio novamente quando Correa foi perseguido e exilado. Com as eleições sob intervenção do judiciário e Estado de Sítio venceu o banqueiro Guillermo Lasso. Seu governo foi de crise tão grande que caiu e deu origem a nova fraude, o direitista Daniel Noboa foi eleito em 2023. Agora ele aplica a política de violento combate ao crime como forma de ampliar a ditadura. O governo do Equador inclusive assinou acordos com os EUA que permitem a intervenção militar no país.
Bolívia
Na Bolívia, o golpe de Estado aconteceu em 2019 quando os militares, apoiados pelo imperialismo, derrubaram o recém-eleito Evo Morales. Isso deu origem a uma gigantesca mobilização popular que, ao contrário do Peru, conseguiu impor uma derrota ao golpe. No entanto, quem assumiu não foi Morales, mas um setor direitista do MAS, Luis Arce. Agora Morales sofre um golpe do próprio Arce que governa cada vez mais de forma independente do MAS. Morales chegou a ser impedido de participar das próximas eleições, mesmo sendo o candidato mais popular da Bolívia de longe. Além da traição no governo, a direita golpista também se organiza inclusive com manifestações de rua. A situação sai cada vez mais do controle.
Colômbia
A Colômbia há décadas é a principal base de ação do imperialismo no continente. O país também passou por gigantescas manifestações nos últimos anos. Isso deu origem a vitória de um candidato oriundo da esquerda, mas muito ligado ao imperialismo, Gustavo Petro. Seu governo é de uma crise semelhante a de Boric, apesar dela não ser tão aparente. A extrema-direita colombiana, extremamente organizada, também se prepara para retomar o poder após derrotas do governo Petro. Este, ao contrário de Boric, ainda tentou tomar iniciativas para ganhar popularidade, chamou alguns atos de rua e saiu em defesa da Palestina. Mas no regime político colombiano isso é longe do suficiente.
Venezuela
A Venezuela é o caso onde há mais estabilidade, mas está evidente que a onda golpista retorna para o país. Maduro começou a tomar iniciativas contra a oposição golpista, afirmou inclusive que conseguiu reprimir mais uma tentativa de assassinato prendendo 32 pessoas. Ele afirmou que os mercenários envolvidos partiam do Peru e da Colômbia. Em retaliação a inelegibilidade da Maria Corina, candidata da oposição, que aconteceu em 2023, o imperialismo dos EUA instaurou sanções econômicas ao país. Fica claro que se trama uma nova investida da extrema direita na Venezuela. Que já está sendo enfrentada pelo governo Maduro.
Brasil
A conclusão que se deve tirar da conjuntura geral da América Latina é que a extrema direita, apoiada pelo imperialismo, avança em todos os países. Isso não é diferente no Brasil. Aqui a situação fica ofuscada pela divisão do regime político também com o bolsonarismo, mas a direita apoiada pelo imperialismo também se fortalece no Brasil. Alexandre de Moraes, Flávio Dino e todo o bloco repressor ganham força. O mesmo vale para a direita no Congresso que basicamente impede Lula de governar. E para além disso nada impede que no futuro o imperialismo apele para o próprio bolsonarismo tal qual na Argentina. O mais importante é que em meio a tendência de impulsionamento do golpismo e da extrema direita em todo o continente, não é possível considerar que no Brasil essa onda não chegará.