Quando as tropas sionistas expulsaram mais de 800 palestinos de suas terras em 1948, para conseguirem fundar o Estado artificial de “Israel”, a Faixa de Gaza passou a fazer parte do território do Egito. Lá, refugiaram-se milhares de palestinos que haviam sido expulsos de suas casas.
Passados os anos, em 5 de junho de 1967, “Israel” desatou uma guerra de agressão contra o Egito para combater a política nacionalista de Gamal Abdel Nasser. Foi a chamada “Guerra dos Seis Dias”. Nos dias que antecederam o confronto, Nasser anunciou que fecharia o Estreito de Tirão para embarcações israelenses. Era uma resposta às informações que havia recebido de que “Israel” estava concentrando tropas na fronteira com a Síria.
Ao mesmo tempo, determinou às tropas da Organização das Nações Unidas (ONU), que estavam estacionadas na fronteira entre “Israel” e Egito desde a Crise de Suez, que se retirassem. No processo de retirada, “Israel” realizou ofensiva surpresa contra o Egito: através de bombardeios, tirou a força aérea egípcia de ação, o que permitiu às tropas sionistas realizarem uma ofensiva terrestre fulminante. Em apenas seis dias, “Israel” tomou a península do Sinai do Egito, assim como a Faixa de Gaza.
Foi a primeira vez que o Estado sionista estabeleceu o controle formal e prolongado sobre Gaza.
A invasão da faixa ocorreu simultaneamente pelo norte e pelo sul. Na noite anterior ao início da guerra, as tropas sionistas se concentraram na fronteira com o Egito, camufladas e sem comunicação com rádio até que as ordens para o ataque fossem dadas. O efetivo era composto de 70.000 soldados e 700 tanques, divididos em três divisões blindadas, seis brigadas blindadas, uma brigada de infantaria, uma brigada de infantaria mecanizada e três brigadas paraquedistas.
No dia 5 de junho, às 7h50 da manhã, divisão sionista de três brigadas invadiu Gaza sob o comando do major-general Israel Tal. A ofensiva deu-se por Khan Yunis (sul) e pelo kibutz de “Nahal Oz” (norte). No sul, os sionistas atacaram a “Brecha de Rafá”, uma extensão de terra de 11 km que era o caminho mais curto para se chegar ao Canal de Suez através do Sinai. Era um local bem fortificado pelos egípcios, que inicialmente buscaram resistir à ofensiva sionista.
Contudo, após algumas horas de combates intensos, as forças israelenses conseguiram derrotar os militares egípcios no local, alcançando Khan Yunis. De lá, seguiram para a cidade de Rafá, ao mesmo tempo em que atacavam a cidade de Sheikh Zuweid, no norte do Sinai, próxima à fronteira. O controle sobre Rafá e Khan Yunis foi consolidado no segundo dia da guerra, 6 de junho. Consequentemente, “Israel” tomou Gaza do Egito.
A Faixa não foi o único território roubado por “Israel” na Guerra dos Seis Dias. A Península do Sinai também o foi, assim como a Cisjordânia e as Colinas do Golã, respectivamente territórios da Jordânia e da Síria, que participaram da guerra. No que diz respeito ao êxodo de palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, estima-se que cerca de 325 mil palestinos (de uma população de um milhão) foram expulsos de suas casas. A maioria deles se refugiou na Jordânia.
Quanto às baixas militares do Egito, cerca de 40 tanques das forças armadas foram destruídos, e aproximadamente dois mil soldados morreram.
Apesar disto, a ofensiva sionista enfrentou um nível de resistência que não era esperado, de forma que pesadas baixas também ocorreram em suas fileiras. Segundo Shmuel Gonen, coronel israelense que liderou a 7ª Brigada durante a invasão, “deixamos muitos de nossos soldados mortos em Rafá e muitos tanques queimados“.
Levando-se em conta que isto ocorreu no auge militar de “Israel”, atualmente não é mais possível ao Estado sionista realizar uma ofensiva e obter controle territorial sob a Faixa de Gaza. Desde 7 de outubro de 2023, o mundo vê a resistência armada palestina derrotando as invasões das forças de ocupação, as quais, mais recentemente, tentam invadir Rafá. Embora as tentativas ainda continuem, não avançam, sendo apenas uma questão de tempo até que as forças de ocupação sejam completamente derrotadas também nessa cidade.
O que “Israel” conseguiu em 1967, não conseguirá hoje. Não está mais em seu auge militar, mas próximo de seu fim.