A desintegração do imperialismo no Oriente Médio se dá principalmente nos países onde atua o Eixo da Resistência: Palestina, Líbano, Síria, Iraque, Irã e Iêmen. Em dois desses países a ocupação norte-americana é direta, o Iraque e a Síria. Na Síria a situação é particularmente ruim, pois o país além de ser ocupado com bases dos EUA, anda está dividido. Diante dos últimos acontecimentos no Oriente Médio, o governo Bashar al-Assad se prepara para uma ofensiva.
Em 2011 a ofensiva imperialista começou contra a Síria. Ela se tornou uma guerra civil entre grupos armados pelo imperialismo e o governo apoiado pelo Eixo da Resistência, principalmente pelo Irã. A partir de 2018 a situação se estabilizou mais ou menos na forma atual. Dois terços do país sob controle de Assad, um terço sobre controle dos EUA por meio dos curdos, as Forças Democráticas da Síria, e um pequeno pedaço dominado pelos turcos que invadiram uma parte do Curdistão sírio.
A situação da Síria passou a melhorar a partir de 2023, quando o Irã e a Arábia Saudita reataram laços. Isso permitiu que a Liga Árabe reaceitasse o governo da Síria. Nesse momento os curdos já perceberam que estariam ficando cada vez mais isolados. Agora, em julho de 2024, a reaproximação é de Assad com o governo Erdogan. Síria e Turquia, na prática, estão em guerra e, portanto, o convite de Erdogan para Assad significa o início de um processo para o cessar-fogo.
Caso isso se concretize, Assad estará em paz com todos os vizinhos, com exceção de “Israel” e dos EUA. O que indica uma situação positiva é o desespero dos curdos. Tanto do lado sírio quanto do lado iraquiano eles acenam cada vez mais para os governos centrais. O que isso significa? Que eles não confiam mais nos EUA para fazer a sua segurança. Está cada vez mais claro que os aliados dos EUA na região serão derrotados. A derrota de “Israel” será o arremate e, dado que ela é iminente, os curdos se preocupam.
Os dois maiores aliados de Assad, a Rússia e o Irã, acabaram de passar por processos eleitorais e se preparam para a nova etapa de luta contra o imperialismo. A guerra se arma no país, a questão é quando ela irá acontecer. Bashar al-Assad não tem o mesmo dinamismo que o governo iraniano, é também um regime mais fraco. Mas, no interior do Eixo da Resistência, ele ganha força e tem o mérito de ter derrotado o golpe, pagando um alto preço, mas sendo vitorioso.
Ou seja, o governo Assad não tem muita iniciativa, mas está preparado para reagir. Há algumas opções possíveis. A guerra na Palestina pode escalar e a resistência iraquiana atacar as bases dos EUA na Síria, uma probabilidade grande. O Irã ou a Rússia podem assumir uma postura agressiva, o que mudará a política de Assad. A ocupação dos EUA pode ser derrotada primeiro no Iraque, o que levará a sua derrota na Síria. O imperialismo pode, em desespero, lançar uma ofensiva contra o governo Assad, que terá de reagir. Em todos os casos a balança pende para a vitória de Assad e não dos EUA. O difícil é calcular quando a Síria finalmente se libertará dessa violenta ocupação, que já dura 13 anos.