No artigo RS: Não passaremos o pano para ninguém, publicado pelo Opinião Socialista, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) consegue apontar mil e um culpados pela catástrofe no Rio Grande do Sul, que deixou mais de meio milhão de pessoas sem casa, menos o seu maior responsável: Eduardo Leite (PSDB), que governa o estado desde 2019. O cidadão que teve a capacidade de destinar apenas R$50 mil à Defesa Civil no ano de 2024, que se orgulha de ter cortado investimentos em todas as áreas que envolvem as necessidades populares, saiu ileso.
No artigo, o PSTU afirma que:
“A responsabilidade do PT que conduziu o país por 15 anos nestas últimas décadas, porém, também é imensa. A infraestrutura necessária para a prevenção de desastres está sucateada devido às sucessivas leis de Responsabilidade Fiscal (e do mais recente Arcabouço Fiscal), fazendo com que o orçamento federal para o setor tenha sido o menor em 14 anos, sendo que 43% do orçamento geral foi destinado para o pagamento da dívida pública, principalmente para os banqueiros.”
É realmente inacreditável. O PSTU pode até dizer que a política do Partido dos Trabalhadores (PT), por ser extremamente moderada, não favoreceu que houvesse uma maior oferta de infraestrutura nos estados. Contudo, ao apontar as medidas fiscais tomadas pelos governos do PT, o PSTU está ignorando as medidas fiscais tomadas pelo próprio governador gaúcho!
Entre a política do PT e a política de Eduardo Leite, há um grande abismo. A política do PT, independentemente da situação política, é a de sempre procurar um acordo com os capitalistas para que consiga, ao ceder terreno para a política neoliberal, realizar alguns programas sociais. Eduardo Leite, por sua vez, não tem como política mediar um acordo entre as necessidades da população e a ganância dos capitalistas. Ele é um funcionário destes, uma figura imposta pelo grande capital para aspirar toda a riqueza do povo gaúcho e entregá-la aos bancos.
Merece destaque, inclusive, que o arcabouço fiscal sequer é uma medida do PT. É o resultado de uma medida do governo de Michel Temer – isto é, do golpe de Estado. O arcabouço fiscal não passa de uma tentativa do governo, ao reconhecer a sua fraqueza diante da direita, de amenizar os efeitos negativos do teto de gastos.
Após a discussão fiscal, o PSTU passa, então, à discussão ambiental:
“Apesar de que, no discurso, Lula defenda a pauta ambiental contra o ‘negacionismo’, na prática continua investindo nos setores que são os principais responsáveis pelo aquecimento que fez do ano de 2023 o mais quente da história. Além dos sucessivos incentivos aos desmatadores que são as megaempresas do agro e das montadoras de carros, não houve nenhuma medida no sentido da transição energética. Ao contrário – a bola da vez exploratória é a foz do Amazonas, tendo o governo e o presidente da Petrobras pressionando o Ibama para a liberação da licença ambiental. Lula afirmou, na última COP, que ‘A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo, temos que lembrar isso, porque o combustível fóssil ainda vai funcionar por muito tempo na economia mundial’.”
O trecho, em primeiro lugar, apresenta a ideia de que a catástrofe estaria vinculada ao tal “aquecimento global”. Essa, no entanto, é mais uma forma de isentar Eduardo Leite de suas responsabilidades. Afinal, se as enchentes são o resultado do “aquecimento global”, elas nada têm a ver com as medidas tomadas pelo governador para destruir os serviços públicos no Rio Grande do Sul. Uma fábrica de carros no Japão seria mais responsável pela morte dos gaúchos que Eduardo Leite.
Mas também chama a atenção que o que o PSTU declara sobre o “negacionismo” faz com que a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, apareça como uma grande culpada pela crise! E por qual motivo? Por querer explorar a foz do Amazonas!
Embora seja impossível compreender o que uma coisa teria a ver com a outra, o que fica claro é que, diante da oportunidade de mobilizar o povo brasileiro contra um expoente da política do imperialismo no Brasil, o PSTU está mais preocupado em caluniar o governo Lula e a Petrobrás. Eduardo Leite agradece. O imperialismo também.
