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Rio Grande do Sul

Prisão por opinião, liberdade para os vampiros do grande capital

Ao fazer de um suposto "negacionismo" o centro de suas preocupações, articulista salva os grandes inimigos do povo gaúcho

Chuva no Rio Grande do Sul

No artigo A era das catástrofes, publicado pela revista Carta Capital, Aldo Fornazieri apresenta a sua solução mágica para que eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul, que deixaram mais de meio milhão de pessoas sem casa, voltem a se repetir. Curiosamente, o articulista não se preocupa em aumentar os investimentos em infraestrutura, em pôr um freio no parasitismo dos bancos ou mesmo com a derrubada dos governos neoliberais. Para ele, a tarefa do momento seria “tratar os políticos negacionistas como criminosos”.

Antes de qualquer coisa, é preciso assinalar que contrabandear para a discussão sobre a catástrofe do Rio Grande do Sul a ideia de que haveria um “negacionismo” é um esforço para salvar a pele dos representantes da política neoliberal. Leite teria cortado as verbas da Defesa Civil não por ser um funcionário de vampiros que vivem às custas do assalto à população gaúcha, mas sim porque não acreditaria em determinada concepção climática. Em outras palavras, não há problema em ser neoliberal: se Leite fosse um neoliberal “não negacionista”, receberia a simpatia de Fornazieri. É realmente ridículo.

Ao “passar pano” para o grande capital e os seus representantes, o articulista vai expressando uma tendência da esquerda pequeno-burguesa, tendência essa que foi se fortalecendo na medida em que o identitarismo foi avançando. Fornazieri abandona, aqui, a luta por qualquer reivindicação com um sentido concreto, prático, objetivo, para fazer do centro de sua “luta” uma perseguição às opiniões divergentes.

Que a falta de dinheiro investido na Defesa Civil impactou no número de mortos, é algo concreto. Não faltam denúncias de que o governo não está conseguindo resgatar as pessoas. Que a política econômica de Eduardo Leite conduz a essa situação, também é algo concreto. Na medida em que o governador se orgulhou de ter conseguido um superávit, admite que seu objetivo não é gastar o dinheiro do Estado com a população, mas sim economizar dinheiro para os bancos. Que a política neoliberal é genocida, também é algo concreto. Diante de uma das piores calamidades da história brasileira, o governo se mostrou incapaz, até o momento, de prover qualquer ressarcimento àqueles que perderam todo o seu patrimônio.

Tudo isso, que fornece uma grande oportunidade para denunciar Eduardo Leite, os bancos e a imprensa capitalista como defensores de uma política genocida, é substituído pela ideia de que o maior dos crimes que alguém poderia cometer seria o de “negar” o que se apresenta por aí como “ciência”. Trata-se de um critério tão abstrato – e, portanto, inútil – que até o próprio Eduardo Leite poderia se safar. Afinal, o governador participou da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), que é “um tratado internacional com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera“. Na ocasião, Leite declarou que:

“Assumiremos o compromisso de trabalhar para neutralizar as emissões de carbono do nosso Estado em 50% até 2030 e agir 8para neutralizar as nossas emissões até 2050. Esses compromissos estão em sintonia com o que o Brasil assumiu no âmbito do Acordo de Paris e tem como objetivo mobilizar entes nacionais e subnacionais, empresas e instituições, no sentido de minimizar os efeitos das emissões sobre o clima global.”

E se Leite pode alegar que não é um “negacionista climático”, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) pode também acusar o presidente Lula de “negacionismo”, como o fez em artigo recente:

“Apesar de que, no discurso, Lula defenda a pauta ambiental contra o ‘negacionismo’, na prática continua investindo nos setores que são os principais responsáveis pelo aquecimento que fez do ano de 2023 o mais quente da história.”

Fazer política nesses termos a transforma em um vale-tudo. Afinal, quem será o conselho de sábios que determinará quem é “negacionista” ou não?

Para além da capitulação diante dos banqueiros, resultando na substituição da luta política por uma medida baseada em questões subjetivas, a proposta de Fornazieri carrega em si um grave problema democrático. Ao dizer que os “políticos negacionistas” deveriam ser tratados como criminosos, ele está propondo, na verdade, transformar determinadas opiniões em crime. Uma política absolutamente reacionária.

Tudo fica ainda pior quando levado em conta quem seria o grande oráculo de Fornazieri para consultar quem são “negacionistas” e quem não são. Trata-se nada menos da Organização das Nações Unidas (ONU), pois é ela quem controla todas as informações que sustentam a tese do chamado “aquecimento global”.

Fornazieri quer, portanto, impor a censura a qualquer um que desconfiar da ONU. Trata-se, no final das contas, da política do imperialismo para a atual etapa: a de calar qualquer opinião contrária à ordem vigente.

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