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Brasil

Prates é demitido; ‘mercado’ reage despencando ações da Petrobrás

Um dos motivos da queda de Prates teria sido sua posição contrária à orientação inicial do governo de reter 100% dos dividendos extraordinários da empresa de 2023

Na última terça-feira (14), a imprensa burguesa noticiou que o presidente Petrobrás, Jean Paul Prates, havia sido demitido. Prates foi escolhido pelo presidente Lula para comandar a estatal a partir de 2023. Ele foi membro da assessoria jurídica da Petrobrás Internacional (Braspetro) no fim da década de 1980, e teve sua atuação profissional ligada à área de petróleo e gás. No lugar dele, Clarice Copetti assume interinamente a presidência.

O Ministério de Minas e Energia (MME) indicou a engenheira Magda Chambriard para a presidência da empresa brasileira. Magda é engenheira química e civil e iniciou sua carreira na Petrobrás em 1980. Foi cedida à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2002, tornando-se diretora da ANP em 2008. Em 2012, chegou à diretoria-geral da agência no governo Dilma Rousseff. Entretanto, antes de assumir, Chambriard precisa passar pela aprovação da burocracia interna da empresa. Ela precisa apenas da maioria dos votos no Conselho de Administração, composto por 11 cadeiras.

Nos últimos meses, a política da Petrobrás levada adiante por Prates estaria entrando em divergência com os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil), que vinham fazendo duras críticas à sua gestão. No começo, as disputas se concentravam em aspectos técnicos como a reinjeção de gás natural nos poços de petróleo da estatal. O episódio mais crítico se deu em março de 2024, quando os representantes do governo no Conselho de Administração da Petrobrás vetaram a distribuição de dividendos extraordinários por orientação de Silveira e Rui Costa.

Após o governo federal confirmar que encaminhou sua demissão, a imprensa burguesa começou a noticiar que Prates teria enviado uma mensagem a um grupo de WhatsApp de funcionários e aliados na empresa, onde se despedia e informava sua saída. “Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco. Só me resta agradecer a vcs e torcer que consigam ficar ou se reposicionar”, teria dito o ministro.

 A Federação Única dos Petroleiros (FUP), por sua vez, publicou uma nota sobre a decisão:

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) respeita a decisão soberana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao comando da Petrobras, agradece o relacionamento construtivo desenvolvido ao longo dos últimos anos com Jean Paul Prates à frente da maior empresa do país e, caso seja confirmado o nome de Magda Chambriard, tem confiança de que será mantida a boa relação com a futura gestão da estatal, em favor do fortalecimento da Petrobrás, do desenvolvimento do país e dos trabalhadores.”

Assim que a queda de Prates foi confirmada, o valor de mercado da Petrobrás despencou. De acordo com o portal Money Times, nesta quarta-feira (15), a empresa estaria “operando em forte queda”. Na abertura do pregão, os papéis ordinários da estatal recuavam 7,04%, cotados a R$39,91, enquanto os preferenciais caíam 8,10%, a R$ 37,56. Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, a reação negativa do mercado ao anúncio é explicada porque Prates vinha entregando bons números, sem fazer mudanças radicais na fórmula que vinha dando certo para a estatal”, afirma o Money Times.

A queda na Bolsa de Valores indicaria que o “mercado”, ou seja, o setor do imperialismo ligado ao capital financeiro, não aprovou a queda de Prates. Afinal, a Petrobrás relatou lucro líquido de R$23,7 bilhões apenas entre janeiro e março deste ano, lucro que, segundo a política de Prates, estava sendo sugado pelos capitalistas. Tanto é que a petroleira anunciou, recentemente, a distribuição de R$43,9 bilhões aos acionistas somente em dividendos extraordinários. 

Essa situação mostra que havia um embate dentro das lideranças da empresa, deixando claro, também, que existem divergências entre ministros e o próprio governo. Finalmente, a saída de Prates, em um primeiro momento, parece ter sido um choque entre sua gestão com a política do atual governo Lula e suas intenções para a Petrobrás. Segundo o jornal Metrópoles, Lula teria sido direto quando falou com Prates: eu e você temos visões diferentes sobre a importância que a Petrobras tem para o Brasil”, disse Lula.

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