Oriente Médio

Porto dos EUA teria sido acordado entre Biden e Netaniahu em 2023

Diplomata israelense próximo a Netaniahu teria revelado a jornal sionista que o plano de criar um cais no que resta da Palestina data de outubro esconde objetivos nada humanitários

Recentemente o governo dos Estados Unidos anunciou que irá construir um porto na costa da Faixa de Gaza para a entrega de ajuda humanitária. O anúncio foi feito durante o discurso “Estado da União”, proferido por Joe Biden perante a Câmara dos Representantes no último dia 7.

Já na noite do sábado, os EUA enviaram um navio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, transportando equipamentos necessários para a construção do porto, conforme anunciado pelo Comando Central dos EUA (CENTCOM). Contudo, o Pentágono declarou que a construção poderá demorar até dois meses.

Conforme analisado por este Diário, a construção do porto é uma tentativa de conter a crise do imperialismo, tanto interna (eleições presidenciais) quanto externa (controle sobre o Oriente Médio), resultado do genocídio que “Israel” perpetra contra os palestinos em Gaza, entre outras medidas bárbaras, através do bloqueio de ajuda humanitária, algo que vem resultando no assassinato de crianças palestinas por fome.

Em desdobramentos dessa tentativa do imperialismo de retomar o controle da situação na região, revelações feitas por uma fonte anônima ao jornal israelense Jerusalem Post sugerem que a construção do porto não é um plano original dos Estados Unidos, mas sim de Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, e que esse plano teria sido discutido previamente com Joe Biden, antes de o presidente anunciá-lo perante o Congresso norte-americano.

A matéria do Jerusalem Post foi publicada neste domingo. Segundo consta nela, um alto oficial da diplomacia israelense afirmou que “Netaniahu tomou a iniciativa de estabelecer ajuda humanitária marítima para a população civil na Faixa de Gaza, em colaboração com a administração Biden”. Segundo a fonte, já no dia 22 de outubro, apenas duas semanas após o início do genocídio, o primeiro-ministro teria discutido com Biden o plano de “entregar ajuda humanitária a Gaza através do mar, dependente de uma inspeção israelense no Chipre”.

O diplomata informou também que essa estratégia foi apresentada por Netaniahu ao presidente cipriota Nikos Christodoulides ainda em outubro, no dia 31. No dia 19 janeiro, o primeiro-ministro israelense teria discutido novamente o plano com Biden, revisitando-o, ocasião em que Netaniahu teria sugerido “a criação de uma equipe para explorar o abastecimento marítimo através do Chipre, após uma inspeção completa de todas as mercadorias”.

Não coincidentemente, nesta terça-feira (12) um navio da ONG espanhola “Open Arms” carregando ajuda humanitária zarpou do Chipre em direção à Faixa de Gaza.

A informações contidas na matéria do Jerusalém Post, fornecidas por um diplomata supostamente próximo de Benjamin Netaniahu, sendo reproduzidas pelo portal de notícias The Craddle

Em matéria publicada nesta terça-feira (12), ao citar as revelações do diplomata israelense, The Craddle levantou a hipótese de que a construção do porto marítimo em Gaza pode ser conluio dos EUA e de “Israel” para dar continuidade à limpeza étnica da Palestina. Segundo o portal, uma vez que o porto estivesse construído, a ofensiva israelense contra Rafá (cidade onde se concentram mais de 1,6 milhões de palestinos) seria desatada, para forçá-los a fugir pelo mar. Uma nova Nakba para abrir caminho em Gaza para novos assentamentos de colonos sionistas:

“Se as forças israelenses invadirem Rafá, como Netaniahu ameaça, depois de o porto temporário dos EUA ser estabelecido, isso tornará possível a Israel forçar um grande número de palestinos a deixar Gaza por mar, incapazes de regressar”.

Para fundamentar sua tese, o The Craddle expõe que o Ministério de Inteligência de “Israel” divulgou no dia 13 de outubro um plano para deportar a força todos os palestinos de Gaza, mas sob um pretexto humanitário:

“Em 13 de Outubro, uma semana antes de Netaniahu sugerir a entrega de ajuda por mar, o Ministério da Inteligência israelense  divulgou um plano para deportar à força os 2,3 milhões de habitantes de Gaza sob pretexto humanitário. O plano propunha tornar Gaza tão perigosa que os seus residentes escolheriam voluntariamente deixar a faixa bombardeada e sitiada como refugiados para o Egito, Grécia, Espanha ou mesmo Canadá.”

Vale ressaltar que a hipótese levantada pelo The Craddle, de que a construção do porto, supostamente proposta por Joe Biden, seria um plano para expulsar mais palestinos de Gaza, também foi sugerida pela Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).

Em declaração do dia 8 de março, a FPLP questionou os motivos humanitários declarados por Joe Biden, ao anunciar a construção do porto. Natural, finalmente, o imperialismo não faz nada de humanitário. 

Segundo noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, o partido “enfatizou que o plano dos EUA é ‘suspeito e duvidoso’ e vai além do objetivo de ajudar o povo palestino, abrindo a porta para a execução de outros objetivos alarmantes, como planos de deslocamento forçado sob pretextos humanitários e outros”, acrescentando que “a Resistência permanecerá vigilante e enfrentará quaisquer ‘planos suspeitos dos EUA ou outras ações que possam obrigar os palestinos a serem expulsos para liquidar a causa palestina’“.

Após cinco meses de genocídio, mais de 31 mil palestinos assassinados e 100 mil vítimas, com milhões de trabalhadores por todo o mundo protestando nas ruas contra “Israel”, com a resistência palestina mais forte e organizada que nunca, a crise do Estado sionista e do imperialismo no Oriente Médio é sem precedentes.

Não se sabe a veracidade das revelações feitas ao Jerusalem Post. Dado as declarações de Washington contra uma possível invasão de Rafá, no entanto, a hipótese da construção do porto como parte de um plano sinistro feito entre o governo Netaniahu e Biden para expulsar ainda mais palestinos de Gaza é condizente com a verdadeira natureza monstruosa do imperialismo, que frequentemente se revela quando seus governos adotam iniciativas “humanitárias”. A ditadura global trabalha sempre com diversos cenários, de forma que golpes para esvaziar completamente os territórios palestinos remanescentes certamente estão sendo analisados, caso a situação em Gaza se agrave ainda mais.

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