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Equador

Por que o imperialismo persegue Jorge Glas

Ex-vice-presidente é uma figura central do nacionalismo equatoriano e foi alvo de invasão da embaixada mexicana pela ditadura de Noboa

Sequestrado pela ditadura equatoriana enquanto se refugiava na Embaixada do México, o ex-vice-presidente do país e homem forte do correísmo, Jorge Glas, é uma importante liderança do movimento nacionalista do Equador. Ele foi uma espécie de “superministro” do presidente Rafal Correa, encarregado de organizar todas as empresas estatais estratégicas. Nesse período, entre os anos de 2007 e 2017, Glas foi responsável pela política nacionalista de recursos petrolíferos, minas, eletricidade, telecomunicações e água, o que valeu a grande popularidade de Correa, assim como a antipatia do imperialismo.

Amigo de infância do presidente Correa, Glas foi nomeado diretor do Conselho de Administração e Gerente Geral do Fondo de Solidaridad, holding estatal que controla as empresas públicas do setor energético e telefônico, de 2007 a agosto de 2009. Após sua passagem pelo Fondo de Solidariedad, é nomeado ministro das Telecomunicações e da Sociedade da Informação, instalando mais de 14 mil quilômetros de fibra óptica no país e conectando todas as províncias à internet de banda larga, além de levar conexão gratuita a mais de 4 mil escolas.
Suas realizações provaram ser este um homem muito capaz, o que motivou Correa a indicá-lo como seu sucessor no Palácio de Carondelet (sede do governo equatoriano). É o que informa o sítio Resumen Latinoamericano:

“E há um fato interessante: Correa pensou nele como candidato para as eleições presidenciais de 2023, uma jogada arriscada, que no final não aconteceu porque eles pensaram que o sistema judiciário equatoriano acabaria desqualificando-o.
Glas é como um Correa que eles não conseguiram pegar. Sua proximidade e relacionamento com Correa o tornaram digno de ser acusado, assediado e perseguido. É por isso que ele foi acusado com base em acusações infundadas.” (“Ecuador. ¿Porque la saña contra Jorge Glas?”, 8/4/2024).

As acusações a que a matéria se refere são as levantadas pela operação imperialista para destruir o nacionalismo na América do Sul e retomar o controle do subcontinente: a famigerada Lava Jato. A matéria de Resumen Latinoamericano destaca ainda outro fator importante para a caçada do imperialismo contra Glas, sua firmeza moral diante da tortura e das coações realizadas pelo desdobramento da operação golpista em seu país. Diz o sítio:

“Glas ganhou uma reputação entre seu próprio povo como um homem leal. Ele não aceitou nenhum dos acordos que lhe foram oferecidos pelo Ministério Público equatoriano em troca de denunciar seus colegas de partido ou Correa. Ele pode ser acusado, mas ele não é um traidor.” (Idem).

Alvo de uma intensa campanha do imperialismo, o ex-vice-presidente acabaria preso, sendo liberto durante menos de um mês entre abril e maio de 2022, e finalmente, em 28 de novembro de 2022, ainda que em liberdade provisória. A exemplo de outros golpes que visam desmoralizar os adversários das potências imperialistas, Glas acabaria sendo alvo também de uma denúncia de assédio sexual em outubro de 2023. O ex-vice-presidente, no entanto, continuou sendo um homem forte do nacionalismo equatoriano, obrigando a ditadura mundial a lançar mão de expedientes mais extremos.

A invasão da Embaixada do México

Em um feito inédito nas relações internacionais modernas, a ditadura de Noboa invadiu a embaixada mexicana no país no último dia 5, sequestrando-o em uma violação mais do que clara do direito internacional, que estabelece as instalações diplomáticas como extensões do país a que estão ligadas. Desta forma, a invasão da embaixada do México é uma invasão do México, à luz das convenções internacionais, algo que nem mesmo as ditaduras fascistas do século XX se atreveram a fazer.

No continente americano, as reações de repúdio foram muitas, a começar pelo caso mais extremo, do próprio México, que rompeu as relações diplomáticas com a ditadura equatoriana. “Instruí o nosso chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do Equador”, declarou o líder mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reproduziu no X a nota feita pelo Ministério das Relações Exteriores, acrescentando sua “solidariedade ao presidente e amigo López Obrador. A nota do Itamaraty, por sua vez, “condena, nos mais firmes termos”, a invasão da embaixada mexicana, “uma clara violação à Convenção Americana sobre Asilo Diplomático”:

“O governo brasileiro condena, nos mais firmes termos, a ação empreendida por forças policiais equatorianas na Embaixada mexicana em Quito na noite de ontem, 5 de abril.
“A ação constitui clara violação à Convenção Americana sobre Asilo Diplomático e à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas que, em seu artigo 22, dispõe que os locais de uma Missão diplomática são invioláveis, podendo ser acessados por agentes do Estado receptor somente com o consentimento do Chefe da Missão.
“A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização. ‎
“O governo brasileiro manifesta, finalmente, sua solidariedade ao governo mexicano.”

Outros chefes de Estado também se manifestaram duramente contra a ditadura de Noboa, que no episódio, evidenciou a disposição do imperialismo para perseguir seus inimigos na América Latina, além de demonstrar também o potencial desestabilizador de Glas aos planos do governo norte-americano para o Equador.

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